Empresários portugueses entre os mais avessos ao risco
Os decisores empresariais em Portugal estão entre os mais avessos ao risco. Apenas 39% dos líderes empresariais são receptivos ao risco
Rita Gonçalves
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A confiança das empresas globais está a regressar, de acordo com um estudo publicado pela Sage.
Através do Índice Empresarial anual, a Sage inquiriu mais de 11 mil pequenas e médias empresas em 17 países, um pouco por todo o mundo, para descobrir que as empresas começam a indiciar os primeiros sinais de confiança dos últimos três anos.
Todas as pontuações globais registadas este ano atingem os seus valores máximos desde o início do Índice de Empresas, em Fevereiro de 2011, o que sugere uma recuperação rápida da confiança após a pior crise económica mundial.
As empresas portuguesas indicam mais confiança relativamente às suas próprias perspectivas, com uma pontuação média global de 52,87, entre 100, um aumento de 11,81 pontos em relação ao ano passado. Embora a confiança na economia portuguesa pareça estar a recuperar, subindo 13,81 pontos em relação ao ano passado, continua a situar-se entre a mais baixa de todos os países, com uma pontuação de 37,36. Da mesma forma, a confiança na economia global cresceu 7,03 pontos, mas continua baixa, com 42,39 pontos.
Avessos ao risco
Dado o clima económico, os decisores empresariais em Portugal estão entre os mais avessos ao risco. Apenas 39% dos líderes empresariais são receptivos ao risco, em comparação com a média global de 47%. Numa proporção semelhante (38%), os decisores empresariais portugueses descrevem-se como avessos ao risco.
As empresas portuguesas querem concentrar-se em adquirir novos clientes: esta é a prioridade fulcral para 33% destas, enquanto 30% acredita que se trata do maior desafio para o desenvolvimento das empresas. No entanto, um terço das organizações considera que a burocracia excessiva e a legislação são os maiores desafios à relação de negócios em Portugal, seguidos pelos níveis de impostos (26%). A grande maioria das empresas insiste que o Governo deve reduzir os impostos (83%) ou a burocracia (59%) como medidas para aumentar a confiança.
“É muito interessante ver que a confiança na economia global está a crescer e que as empresas portuguesas estão mais confiantes relativamente à actual situação económica e às suas próprias perspectivas de negócio. Por outro lado, este ‘survey’ permite construir uma percepção real do mercado e das dificuldades que algumas empresas continuam a enfrentar”, afirma Jorge Santos Carneiro, Presidente Executivo da Sage Portugal e Brasil.
Ficar para trás
Apesar de um maior optimismo, a maior parte das empresas portuguesas considera que os bancos e o Governo estão a ficar para trás e a falhar na maximização de uma maior confiança das empresas. Quase três quartos (74%) das organizações concordam que os bancos não estão a fazer o suficiente para disponibilizar financiamento às pequenas empresas, e uma proporção semelhante (69%) considera que o Governo tem de pressionar mais os bancos para concederem crédito.
Devido a esta interpretação de falta de apoio, quase dois terços (64%) das empresas concorda que necessita de procurar fontes de financiamento alternativas. Todavia, embora 47% das pequenas empresas se sintam optimistas em relação aos empréstimos entre pares e financiamento conjunto, 21% considera que não tem informação suficiente acerca destas modalidades e apenas 2% já a utilizaram.