Campanha vitivinícola deverá aumentar 13%
As estimativas mais recentes divulgadas pelo Ministério da Agricultura apontam para um aumento de 13% na produção vitivinícola em Portugal face à campanha realizada no ano passado, o que significa um volume entre 6,3 e 6,4 milhões de hectolitros.
Victor Jorge
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De acordo com as estimativas mais recentes divulgadas pelo Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e das Pescas (MADRP), a produção vitivinícola em Portugal deverá registar um aumento de 13% face à campanha realizada no ano passado, o que significa um volume entre 6,3 e 6,4 milhões de hectolitros.
Na nota divulgada, o MADRP refere que “é notório o crescimento da produção na maior parte das regiões vitivinícolas, e uma quebra de produção nas regiões sujeitas a maior influência atlântica situadas a sul do território do continente (Península de Setúbal e Algarve) e também nas ilhas”.
Esta previsão, que reflecte um aumento na ordem dos 480 mil hectolitros face à campanha 2009/2010, é “condicionada pelas condições climáticas, podendo os valores finais sofrer ajustamentos”, admite o MADRP.
Estimativas do MADRP
MINHO
As vinhas da região tiveram um bom vingamento, não tendo ocorrido situações de desavinho e bagoínha. Em algumas áreas verificaram-se ataques de míldio e também casos de flavescência dourada, o que pode levar a quebras de produção nas vinhas atingidas.
Após as recentes ondas de calor, as vinhas implantadas em zonas mais secas têm revelado sinais de stress hídrico e desidratação, com consequência no rendimento quilos/litro.
A previsão de produção aponta para um volume na ordem dos 940 mil hectolitros (94 milhões de litros) situando a produção ao nível da verificada na vindima de 2005 e aumento de 8% face à campanha 2009/2010.
TRÁS-OS-MONTES
Prevendo-se um aumento da qualidade da produção, observa-se no tocante à quantidade que o calor intenso que atinge a região vai influenciar o volume de produção, perspectivando-se que se situe ligeiramente acima (+3%) da verificada na campanha 2009/2010 e atinja 115 mil hectolitros (11,5 milhões de litros).
DOURO e PORTO
O estado sanitário das uvas é bastante bom, não obstante terem ocorrido focos de oídio, que levaram os produtores a realizar vários tratamentos.
O intenso calor sentido em algumas zonas causou limitações do crescimento das uvas.
As perspectivas de produção são bastante positivas em termos de qualidade e também em quantidade, onde se destacam, entre outras, as castas Touriga Franca e Tinta Roriz.
Prevê-se uma produção na ordem dos 1.500 mil hectolitros (150 milhões de litros), reflectindo um aumento de 13% acima da campanha anterior.
BEIRAS
As previsões apontam para evolução positiva da produção da região, que poderá atingir +12%, que traduzem um volume de 882 mil hectolitros (88,2 milhões de litros).
Dão
Observaram-se, em Junho, algumas quedas de granizo e posteriormente ondas de calor em Julho/Agosto, que influenciaram o crescimento da uva. Estas condicionantes, a que acresce, em algumas zonas, um surto de podridão (black-rot), limitam a 11% o aumento de produção estimado para o Dão, para 326 mil hectolitros.
Bairrada
O bom desenvolvimento das vinhas de castas brancas (+17%) e também das uvas tintas (+12%), apontam para um aumento da produção na ordem dos 13% em relação à campanha de 2009/2010, para um volume total de 270 mil hectolitros.
Beira Interior
Na zona da Beira Interior, as estimativas de produção alinham-se com a das outras zonas, prevendo-se que a produção suba 14% face à campanha anterior, situando-se em 216 mil hectolitros.
TEJO
À semelhança da campanha anterior, perspectiva-se uma colheita de muito boa qualidade devido ao excelente estado sanitário das videiras, ausência de doenças criptogâmicas e condições climáticas favoráveis. Com a maturação da uva ligeiramente atrasada, já se iniciaram as vindimas das uvas brancas na maior parte das zonas da região, prevendo-se para a 2.ª semana de Setembro o início da vindima das uvas tintas.
Estima-se que a produção atinja 628 mil hectolitros (62,8 milhões de litros), o que significa um aumento de 15% (+8,2 milhões de litros) face à produção da campanha 2009/2010.
LISBOA
Alguns focos de míldio, verificados ao longo do ano, afectaram com maior intensidade as vinhas da casta Aragonez e, mais recentemente, os efeitos de calor acentuado vieram danificar uvas brancas em algumas zonas da região. Estes efeitos não prejudicam uma previsão de colheita de boa qualidade e também de aumento de quantidade, que se estima poder atingir +7% acima da campanha anterior e situar-se nos 1.023 mil hectolitros (102 milhões de litros).
PENÍNSULA DE SETÚBAL
As vagas de calor que afectaram a região no mês de Julho afectaram de forma negativa as vinhas, com maior incidência para as uvas tintas da casta Castelão. O efeito negativo nas uvas brancas poderá ser menos acentuado e, em função dos fenómenos climatéricos adversos que ocorreram, a produção deverá sofrer uma quebra que poderá atingir 16%. As estimativas efectuadas apontam assim para uma produção na ordem dos 317 mil hectolitros (31,7 milhões de litros).
ALENTEJO
As chuvas verificadas ao longo do ano, que em algumas zonas influenciaram a floração, provocaram atrasos na maturação e um arranque das vindimas um pouco mais tarde do que o habitual.
As previsões apontam para uma colheita de boa qualidade e também um aumento do volume de vinho, apesar de alguma prudência devido ao desenvolvimento das condições climatéricas até ao final da vindima. Estima-se uma produção com um crescimento de 8% face à campanha 2009/2010, atingindo-se um volume na ordem dos 871 mil hectolitros (87,1 milhões de litros).
ALGARVE
A ocorrência, entre Abril e Junho, de períodos com temperaturas diurnas altas, associadas a níveis de humidade e de pluviosidade elevados, originou focos de míldio e oídio por toda a região. Apesar do bom desenvolvimento vegetativo, estas ocorrências tiveram efeitos negativos ao nível da quantidade da produção, que se prevê que venha a ter uma quebra de 12%, situando a produção em torno dos 20 mil hectolitros (2 milhões de litros).
MADEIRA
A queda de chuva ao longo do ciclo vegetativo da videira, com maior incidência na costa Norte, e as temperaturas amenas que se sentiram não ajudaram à rebentação. Verifica-se igualmente irregularidade na maturação o que vai atrasar as vindimas em uma semana na costa Sul e duas semanas não costa Norte. Estima-se que a produção tenha uma quebra na ordem dos 11%, atingindo um volume de 40 mil hectolitros (4 milhões de litros).
AÇORES
Os fortes ventos marítimos que atingiram a ilha de Santa Maria na fase inicial do ciclo vegetativo, prejudicaram com intensidade o desenvolvimento da vinha, estimando-se que a produção nesta ilha tenha uma quebra de -20%. Na ilha do Pico, a incidência anormal de fungos afecta igualmente a produção, que se prevê com uma redução de -45%. Na Graciosa é igualmente esperada uma diminuição bastante acentuada.
Em termos globais, prevê-se que a produção de vinho no arquipélago dos Açores atinja o volume de 10 mil hectolitros (1 milhão de litros).