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Opinião

As entidades governativas têm de acompanhar o ritmo do setor agroalimentar

O país tem condições de excelência para a produção agrícola, recursos humanos qualificados, empresas produtoras com os mais altos padrões de qualidade, reconhecidos dentro e fora de portas. É preciso que as entidades governativas e políticas acompanhem o ritmo. Porque, hoje, já é tarde para agir. 

Opinião

As entidades governativas têm de acompanhar o ritmo do setor agroalimentar

O país tem condições de excelência para a produção agrícola, recursos humanos qualificados, empresas produtoras com os mais altos padrões de qualidade, reconhecidos dentro e fora de portas. É preciso que as entidades governativas e políticas acompanhem o ritmo. Porque, hoje, já é tarde para agir. 

Sobre o autor
Gonçalo Santos Andrade

Por muito que o setor evolua a nível tecnológico, aposte em inovação e investigação ou procure variedades mais adaptadas ao clima, pouco poderemos fazer sem medidas governativas e de nível europeu que protejam a produção de alimentos.
No ano em que a Portugal Fresh faz história com uma participação de peso na Fruit Attraction, em Madrid, as frutas, legumes e flores produzidos no nosso país continuam a dar cartas nos mercados internacionais e a manter um crescimento robusto. Nos últimos 13 anos, Portugal tem vindo a reforçar a sua posição enquanto fornecedor de referência da União Europeia e, desde a fundação da Portugal Fresh, que registamos um aumento substancial quer do valor, quer da quantidade exportada.
Só no primeiro semestre deste ano, as exportações aumentaram mais de 13%, atingindo os 1,18 mil milhões de euros e, estes indicadores, fazem-nos prever um cenário de forte expansão este ano. A meta dos 2 mil milhões de euros de exportações anuais já foi ultrapassada há dois anos e consolidada o ano passado. Temos, agora, novos desafios pela frente.
Para manter o ritmo e dar resposta às necessidades dos consumidores é fundamental aumentar a produtividade. A segurança alimentar e nutricional deve ser uma prioridade para todos, mas só estará garantida se conseguirmos aumentar a produção na União Europeia e diminuir a dependência das importações de países terceiros.
Produzir de uma forma cada vez mais sustentável, e monitorizar e utilizar melhor os recursos disponíveis é ainda mais importante num contexto em que, não só a procura por dietas equilibradas e saudáveis à base dos produtos agrícolas é cada vez maior, como se antecipa um aumento da demografia mundial. Nos próximos anos a população mundial irá crescer 12,5%, passando dos atuais 8 mil milhões para 8,5 mil milhões já amanhã, em 2030. Em 2037 seremos 9 mil milhões. Para os produtores portugueses e europeus, é urgente a revisão das metas do European Green Deal e do Farm to Fork. Não podemos colocar em causa a segurança alimentar da UE, nem contribuir para a diminuição da produção e o aumento das importações.
No combate às alterações climáticas, a agricultura fará sempre parte da solução. Somos os primeiros a sentir os efeitos da seca extrema, da desertificação e da falta de uma gestão adequada dos recursos hídricos. Ao criarmos condições para os agricultores manterem as suas actividades – e com rentabilidade -, estamos a assegurar a coesão territorial, a ocupação de territórios de baixa densidade e a evitar o abandono de terras e o crescimento de mato sem controlo.
Por muito que o setor evolua a nível tecnológico, aposte em inovação e investigação, procure variedades mais adaptadas ao clima, pouco poderemos fazer sem medidas governativas e de nível europeu que protejam a produção de alimentos. Um tema urgente é o da gestão eficaz dos nossos recursos hídricos. Para produzirmos mais e melhor, é preciso – de uma vez por todas – uma rede de água nacional que dê resposta aos desafios que Portugal tem enfrentado, principalmente a sul do Tejo e na zona Oeste. Obras de modernização e de revitalização dos perímetros de rega (muitos já com mais de 50 anos), criação de novas reservas de água (sejam reservatórios, charcas ou barragens de diferentes dimensões) ou outras soluções, são mais do que urgentes.
O país tem condições de excelência para a produção agrícola, recursos humanos qualificados, empresas produtoras com os mais altos padrões de qualidade, reconhecidos dentro e fora de portas. É preciso que as entidades governativas e políticas acompanhem o ritmo. Porque, hoje, já é tarde para agir.

Sobre o autorGonçalo Santos Andrade

Gonçalo Santos Andrade

Presidente da Portugal Fresh
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