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Opinião

A força do Dão

A Região Demarcada do Dão, é uma região histórica e clássica deste nosso Portugal vitícola. Tem, a par com a Região dos Vinhos Verdes, e depois do Douro, a data de demarcação mais antiga – 1908. Celebra este ano 116 anos de demarcação.

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A força do Dão

A Região Demarcada do Dão, é uma região histórica e clássica deste nosso Portugal vitícola. Tem, a par com a Região dos Vinhos Verdes, e depois do Douro, a data de demarcação mais antiga – 1908. Celebra este ano 116 anos de demarcação.

Tiago Macena
Sobre o autor
Tiago Macena

A Região Demarcada do Dão, é uma região histórica e clássica deste nosso Portugal vitícola. Tem, a par com a Região dos Vinhos Verdes, e depois do Douro, a data de demarcação mais antiga – 1908. Celebra este ano 116 anos de demarcação. Claro que esta data celebra uma nova vida da região, porque a ancestralidade na produção de vinho é antiga, como atestado em diversos documentos e monumentos – desde as lagaretas medievais, ao Convento de Santa Maria de Maceira Dão. Monumentos que colocam em evidência esta história, antiga, de vinho. Em tamanha história, há como em todas as histórias, períodos de maior brilho e períodos de mais dificuldade. Mas há e continuará a haver um conjunto de atributos que lhe conferem a “patine” que a tornam uma das regiões mais apetecidas do mapa vitivinícola do país.
À cabeça de todos as suas forças, destaco a natural elegância dos vinhos, seja qual for o estilo, brancos, tintos, roses, espumantes. A frescura natural, leia-se a acidez natural, das uvas conferem aos vinhos longevidade e uma crocância que prolongam, os vinhos em prova, bem como na garrafeira. Importa lembrar que o Dão, está “aninhado” num conjunto montanhoso diverso, ladeado a norte pela Serra da Nave, Montemuro e Lapa, a sul pelas Serras do Buçaco, Açor e Lousã, a este pela Serra da Estrela, e a Noroeste pela Serra do Caramulo. A generalidade da região está assente em solos pobres de origem granítica (havendo sempre exceções à natureza dos solos). A altitude média que ronda dos 300 aos 650 m combinada com as diferentes influências do relevo das serras e dos rios (Mondego, Dão e Alva, só para referir os maiores), contribuem amplitudes térmicas significativas durante o ano e em particular à vindima. Onde o dia pode ter máximas na casa dos 30ºC e as noites mínimas de (8 – 10 ºC). Todo este combinado de fatores é um esteio para uma acidez natural elevada nas uvas.
Falando de uvas, importa centrar atenção noutra das forças da região: a diversidade de castas. Desde das mais “omnipresentes” Touriga Nacional e Encruzado, bem como a Jaen ou a Malvasia-Fina, Tinta-Roriz ou Bical, Alfrocheiro ou Cerceal-Branco. Até distintas, para já, desconhecidas do grande público, como a Uva-Cão, o Barcelo, a Douradinha, o Bastardo, a Malvasia-Preta ou a Tinta-Carvalha. Temos como região, bem como no país, muito por onde escolher para ter a capacidade de criar vinhos de perfil de forte correlação com o lugar, com sentido de sítio, mais conhecido por “Terroir”.
Com vinhos de “Terroir” com este forte binómio, casta e lugar em conjugação com o perfil de frescura e de elegância, temos na região todos os atributos para construir vinhos de perfil fresco. Brancos de amplitude e tensão ácida, tintos joviais e vibrantes, bem como clássicos de refinada patine, roses e espumantes. Estilos de vinho que são desejados pelo mercado nacional e mercados externos. Com a naturalidade do Dão é possível construir vinhos de grande aptidão gastronómica bem como vinhos desejados em diversos mercados, por diferentes audiências.
Esta dinâmica de elegância natural, tem atraído recentemente (10/15 anos) à região um leque de novos produtores, no qual incluo, obviamente, o projeto ao qual me sinto ligado, a No Rules Wines, ou a Textura Wines ou Dominio do Açor, bem como a produtores de créditos firmados noutras geografias vitícolas que vêm até ao Dão procurar os estilos de frescura acima referidos – Niepoort, Grupo Amorim, MOB. Estes novos produtores juntam-se ao um leque de distintos produtores, maiores e mais pequenos que têm mantido a região ativa, dinâmica e com a capacidade de atrair novos clientes.
Do equilíbrio entre os maiores produtores, importa lembrar o sector cooperativo (Penalva do Castelo, Mangualde, Silgueiros e Vila Nova de Tazem), vivo, ativo e de crucial importância económica e social na região. Bem como os maiores produtores, Global Wines, Sogrape, Vinhos Borges, que em conjunto com produtores mais pequenos com longo histórico na região – Boas Quintas, Quinta do Perdigão, Casa da Passarella (entre outros), constituem um acervo de experiência e trabalho em prol da região, capazes de como um todo construir vinhos para uma vasta e crescente audiência de vinhos do Dão.
Assim do conjunto de todas forças atrás elencadas: a natural elegância e frescura, que assente em castas nativas, permite a produção de vinhos que estão, e estarão em voga. Produzindo vinhos “elegantes por natureza”, atraindo novos produtores que em conjunto com os seus co-opetidores, permitem a chegada às prateleiras e mesas de grandes vinhos do Dão em diversos estilos, capazes de agradar a uma plateia de consumidores que têm e terão, como sempre tiveram no Dão um solar de grandes vinhos.
Um brinde ao Dão.

Sobre o autorTiago Macena

Tiago Macena

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