O volume de negócios consolidado da Sonae atingiu um valor recorde em 2024 ao crescer 18% em termos homólogos para 9.947 milhões de euros, impulsionado pelo desempenho dos principais negócios, bem como por movimentos estratégicos no portefólio, nomeadamente as aquisições da Musti e da Druni.
O grupo beneficiou do reforço das posições de liderança dos principais negócios de retalho e da crescente internacionalização dos negócios, potenciada pelo crescimento orgânico e pelo investimento em aquisições, sublinha a Sonae em comunicado.
O EBITDA subjacente aumentou 26% no ano, para 908M€, com fortes melhorias na rentabilidade operacional dos negócios e uma contribuição sólida das empresas recentemente adquiridas. Os resultados pelo método de equivalência patrimonial beneficiaram de melhores resultados da NOS (+57% em termos homólogos) e Sierra (+10% em termos homólogos), refletindo os seus desempenhos robustos e crescimento sustentado.
Esta evolução levou o EBITDA consolidado a atingir 1,0 mil milhões de euros(+4% em termos homólogos), dado que o desempenho operacional positivo dos negócios e os resultados pelo método de equivalência patrimonial mais elevados mais do que compensaram a ausência de contributo da ISRG após a sua venda no 4T23, que incluiu uma mais-valia de 168M€. Numa base comparável (excluindo itens não recorrentes e a contribuição da ISRG em 2023), o EBITDA em 2024 teria aumentado 30% em termos homólogos.
Resultado líquido cresceu 18%, excluindo mais-valia com a IRSG em 2023
A Sonae refere que o resultado líquido atribuível aos acionistas atingiu 223M€ em 2024, refletindo o crescimento e melhoria de desempenho dos negócios, o aumento dos custos financeiros e dos impostos, o investimento na expansão e internacionalização do portefólio, a aposta na digitalização dos negócios e o esforço contínuo por ganhos de eficiência para oferecer a melhor proposta de valor aos clientes. Excluindo a mais-valia de 168M€ com a alienação da ISRG registada em 2023, o resultado líquido teria aumentado 18%, sublinha.
O investimento consolidado da Sonae atingiu 1.589M€ em 2024, tendo mais do que duplicado face aos 665M€ de 2023. O investimento operacional dos negócios (Capex) ascendeu a 467M€, aumentando mais de 5% com a expansão e remodelação do parque de lojas e a digitalização dos negócios. O investimento em aquisições ascendeu a 1.121M€, com destaque para os investimentos na Musti e na Druni.
Apesar deste investimento e do pagamento de dividendos de 154M€, a dívida líquida consolidada foi de 1,6 mil milhões de euros no final de 2024.
Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, destaca o desempenho excecional da empresa e projeta um futuro ainda mais promissor: “2024 foi um ano memorável para a Sonae e estou plenamente convencida de que temos todas as condições para alcançar ainda mais sucesso no futuro” sublinha. “Globalmente, todos os nossos negócios tiveram um desempenho excecional num contexto de elevada competitividade” acrescenta numa mensagem
A presidente executiva do grupo sublinha que “o segmento de saúde, beleza e bem-estar da MC apresentou um crescimento significativo de vendas, impulsionado pelo bom desempenho das nossas insígnias originais e pela inclusão da Druni no nosso portefólio. A combinação da Wells, Arenal e Druni estabeleceu um líder ibérico com a oportunidade de captura de sinergias importantes num mercado em rápido crescimento. Estou muito otimista quanto a esta avenida de crescimento da MC e da Sonae, bem como ao valor que irá criar no futuro”.
E acrescenta: “a Worten apresentou um crescimento robusto de vendas, +8% face ao ano anterior, expandindo o seu portefólio para além dos produtos de eletrónica e eletrodomésticos, particularmente através do seu marketplace e da sua oferta de serviços – onde temos vindo a trabalhar para proporcionar uma experiência distintiva aos nossos clientes. A iServices reforçou a sua posição em Portugal, tendo simultaneamente acelerado a expansão da sua rede de lojas com técnicos altamente qualificados na Bélgica, França e Espanha, tendo como objetivo explorar um mercado europeu de serviços de reparação em franco crescimento. No final de 2024, a iServices já tinha 32 das suas 93 lojas localizadas fora de Portugal”.
“Promovemos ativamente a inovação e a adoção de inteligência artificial para criar valor nas nossas empresas. Capitalizando numa crescente personalização e automação, melhorámos a experiência dos nossos clientes. Simultaneamente, os nossos processos estão a tornar-se mais eficientes e eficazes na resposta às necessidades do negócio. E, com as ferramentas certas, que permitem explorar modelos preditivos mais precisos e dados de qualidade superior, promovemos uma tomada de decisão mais informada e rápida em toda a nossa organização. A inteligência artificial apresenta um enorme potencial de criação de valor e as equipas da Sonae estão comprometidas em aprender, testar e aplicar esta tecnologia para aproveitar as oportunidades e gerar impacto”, sublinha também, avançando que acredita “que as empresas têm a responsabilidade de contribuir para um futuro melhor e assumo esse compromisso na Sonae. Numa altura em que as preocupações com a sustentabilidade estão a ser colocadas em causa, não poderia estar mais orgulhosa das nossas equipas pela sua dedicação e compromisso inabalável para com as prioridades ambientais e sociais”.
“Enquanto alguns questionam a urgência da sustentabilidade, nós vemo-la como inegociável”, garante. “Fazer o que está certo não é um slogan – é uma responsabilidade. Como reconhecimento do nosso empenho e resultados, a Sonae alcançou uma pontuação recorde de 69, uma melhoria de +9 pontos, no Global ESG Score, da Standard & Poor’s, tendo sido convidada a integrar o seu prestigiado Yearbook, que reconhece empresas com feitos notáveis em matérias de sustentabilidade”, diz.
Na Sonae, “o nosso sucesso é impulsionado pela motivação, talento e resiliência de mais de 57 mil pessoas. Somos uma equipa dinâmica, resiliente e motivada para aprender e fazer melhor todos os dias. Com mais de um milhão de horas de formação por ano, investimos nas competências das nossas pessoas para prosperar numa era de transformação acelerada – resultado da digitalização crescente, do impacto disruptivo da GenAI e da necessidade urgente de construirmos um mundo mais justo e verde. Não abraçamos apenas a mudança – lideramos essa mudança. Somos curiosos, ousados e determinados a moldar o futuro, garantindo que os próximos 65 anos não serão apenas tão bem-sucedidos quanto os últimos, mas ainda melhores. Para responder a estes desafios, a inclusão e igualdade são uma prioridade: na Sonae, mais de 40% dos nossos cargos de gestão são ocupados por mulheres”, afirma ainda.
Conclui com uma menagem para a equipa: “obrigado pelo vosso empenho em fazer o que está certo. A vossa dedicação e entrega é chave na nossa capacidade de servir melhor os nossos clientes e de irmos sempre mais além. Estou igualmente orgulhosa da forma como fomos capazes de receber colegas novos, de integrarmos perspetivas diferentes e de olharmos para oportunidades de negócio de forma colaborativa, pragmática e ágil”.
Retalho alimentar cresce
No segmento alimentar, a MC registou um crescimento sustentado das vendas, impulsionado por um aumento expressivo no volume de compras em todos os formatos de loja, num contexto de inflação baixa. A empresa alcançou um recorde de 25 novas lojas próprias, das quais 24 foram Continente Bom Dia, reforçando a sua estratégia de proximidade. Paralelamente, investiu fortemente na remodelação de lojas, com particular atenção aos formatos de maior dimensão, alinhando-se às novas exigências dos consumidores e melhorando a experiência de compra.
O segmento de saúde, beleza e bem-estar cresceu dois dígitos em todas as insígnias, impulsionado por tendências favoráveis do mercado e pelo reforço da proposta de valor da MC nas várias categorias. Excluindo a Druni, o volume de negócios cresceu 10% em termos homólogos, evidenciando a força estrutural do segmento.
A expansão da Wells e Arenal, combinada com a aquisição da Druni, resultou num crescimento expressivo da rede de lojas. No final de 2024, a MC atingiu um total de 797 lojas próprias neste segmento, mais do que duplicando a sua presença face ao ano anterior.
Apesar dos desafios no mercado ibérico, a Worten reforçou a sua posição como líder no retalho de eletrónica e eletrodomésticos em Portugal, consolidando a sua quota de mercado. O volume de negócios cresceu 8,8% no quarto trimestre, atingindo 455 milhões de euros, e fechou o ano com um total de 1,4 mil milhões de euros, refletindo um aumento de 7,6% face a 2023.
O crescimento da Worten foi impulsionado pela procura nas principais categorias (eletrónica e eletrodomésticos) e pela expansão em novas áreas de negócio, como serviços e novas categorias de produtos. O canal online teve um desempenho notável, com um crescimento de 21% no quarto trimestre e 17% no total do ano, beneficiando do sucesso do marketplace Worten, que representou 17% do volume de negócios total.
Em termos de expansão física, destaque para a iServices, que continuou a crescer a nível nacional e internacional. A Worten abriu 38 novas lojas iServices em 2024, encerrando o ano com 61 lojas em Portugal e 32 no estrangeiro, em mercados como a Bélgica, França e ilhas Canárias.
No retalho de produtos para animais, a Musti consolidou a sua liderança no setor de cuidados para animais de estimação nos países nórdicos, ao mesmo tempo que expandiu a sua presença nos países bálticos através da aquisição da Pet City nos últimos três meses de 2024.
As vendas cresceram 5,6% no quarto trimestre, beneficiando do crescimento nas lojas existentes (like-for-like), do forte desempenho do canal online e da integração da Pet City, que passou a fazer parte da operação em novembro.
Setor imobiliário: Sierra mantém trajetória positiva
No setor imobiliário, a Sierra teve um desempenho sólido em 2024, impulsionado pelo crescimento no portefólio de centros comerciais na Europa e pelo aumento da atividade nos segmentos de serviços e promoção imobiliária. O resultado líquido subiu para 97 milhões de euros, um crescimento de 9,8% face ao ano anterior, refletindo a valorização dos ativos e o aumento das receitas de vendas de imóveis.
Os centros comerciais da Sierra mantiveram um desempenho positivo ao longo do ano, com vários ativos a atingir taxas de ocupação de 100%, resultando numa taxa média de 98,4%. O dinamismo das atividades de gestão de portefólio e arrendamento levou à celebração de mais de 190 novos contratos e à renovação de 380 arrendamentos existentes.
Na área de promoção imobiliária, a Sierra avançou com cinco projetos em curso e investiu no segmento residencial, adquirindo um lote para o seu primeiro projeto Build-to-Rent em Portugal e garantindo um novo projeto residencial em Espanha no quarto trimestre.