Esta é uma das conclusões de um estudo da Michael Page que contou com a participação de 463 profissionais em Portugal e foi realizado em 2024.
De acordo com os resultados, cerca de 85% dos profissionais reconhecem que o trabalho remoto tem um efeito positivo na produtividade, e 77% afirmam que isso contribui para a sua saúde mental. Quando questionados sobre a colaboração e o trabalho em equipa, menos de metade admitiu não ter qualquer efeito negativo, e apenas 18% considera que o trabalho remoto prejudica essa colaboração.
Além da preferência pelo trabalho remoto, os dados mostram que este modelo tem um impacto positivo no desempenho e gestão do trabalho (83,6%), equilíbrio entre a vida pessoal e profissional (90,1%) e desenvolvimento profissional (64%). Essa tendência é especialmente acentuada entre os profissionais mais jovens, com 95,5% com menos de 30 anos, a afirmar que o trabalho remoto melhora a sua produtividade, além de favorecer o envolvimento com a empresa e a colaboração e trabalho em equipa (54%).
O estudo também revela fatores importantes sobre a preferência dos colaboradores pelo trabalho remoto. Por exemplo, 98% dos candidatos em Portugal afirmam que conseguem concentrar-se melhor em casa, enquanto 88% mencionam uma gestão de tempo mais eficiente. Além disso, 68% sentem-se menos distraídos por conversas informais que são comuns no ambiente presencial.
Quando questionados sobre o que impulsiona a produtividade, mais de 77% dos profissionais desejam ter objetivos e expetativas claramente definidos, enquanto 62% apontam a necessidade de uma remuneração justa.
Para os profissionais com funções de gestão, o trabalho remoto é visto como um obstáculo em alguns aspetos. Enquanto 24% dos gestores acredita que o trabalho remoto prejudica a colaboração, 52% dos profissionais que não ocupam cargos de gestão acreditam que esse modelo de trabalho melhora a cooperação.
Em relação às relações interpessoais, apenas 35% dos gestores considera que o trabalho remoto melhora a relação com os colaboradores, em contraste com 55% dos colaboradores que têm uma percepção diferente. Cerca de um terço dos gestores vê o trabalho remoto como prejudicial para o relacionamento da equipa, enquanto apenas 19% dos profissionais sem funções de gestão partilham dessa opinião.
Pedro Borges Caroço, head page executive Portugal e Director na Michael Page, sublinha que “os resultados do estudo sugerem que os gestores veem habitualmente o trabalho remoto como um benefício para os colaboradores, mas como algo prejudicial para as equipas e para a produtividade da organização. Essa discrepância reflete não apenas uma divergência de expectativas, mas também uma questão de percepção mais profunda”. E acrescenta: “Poderá estar relacionado com o facto de muitos gestores abordarem fatores como o bem-estar, equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e saúde mental de uma forma separada da produtividade da organização. O trabalho remoto veio para ficar e o desafio atual passa por adaptar competências para apoiar e melhorar a produtividade das pessoas integradas em equipas remotas”.