Alberto Alapont: “Portugal poderia multiplicar claramente, no mínimo, por 10 a produção atual” de Bimi
Bimi é um produto hortícola da Sakata Vegetables Europe, comercializado sob a marca Bimi Tenderstem Broccolini. Portugal já é o segundo maior produtor na União Europeia desta variedade que resulta do cruzamento natural de duas espécies. Alberto Alapont, Bimi brand manager para Portugal, Espanha e Itália, explica os motivos do investimento em Portugal.
Ana Grácio Pinto
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Cultivado principalmente na região do Oeste, Ribatejo e também no Sudoeste Alentejano, este é um dos poucos vegetais com marca registada. Em Portugal, a área de produção de Bimi passou de 10 hectares em 2021 para mais de 100 hectares. A produção continua a crescer e, atualmente, ultrapassa o milhão de quilos por campanha. O produto é, maioritariamente, exportado para o Reino Unido, mas também já chega aos Países Baixos e a França. E o Bimi brand manager para Portugal, Espanha e Itália revela que a empresa está a projetar alargar a produção ao Algarve e a novos produtores.
Qual foi o objetivo da Bimi em investir em Portugal?
Havia um produtor que, creio que no ano de 2010, começou a produzir exclusivamente para exportação para a Inglaterra. Mas depois, pensamos que poderíamos desenvolver o produto para Portugal, então começamos a fazer produção local, para o país.
Começamos com dois produtores, Emergosol e Jardim da Lagoa. Produzem connosco desde 2014, para o mercado interno. O volume anual de Portugal, o consumo interno, está próximo de meio milhão de quilos por ano. Em hectares, a produção realiza-se em mais de 100 hectares em Portugal.
Começaram com um produtor, a exportar para o Reino Unido, mas depois decidiram produzir para comercializar cá o produto. O que levou essa decisão?
Pensamos que era o momento certo para introduzir em Portugal uma nova verdura, os Bimis, que tem muita versatilidade, é um produto com um claro valor acrescentado. E achamos que a distribuição, o retalho, em Portugal estava mais preparado em 2014 que em 2010, para aceitar o produto. Apresentamos a marca Bimi às cadeias de supermercados, percebemos que havia interesse e começamos a trabalhar. Está presente em cadeias como Aldi, Lidl, Pingo Doce, Continente, Auchan, Mercadona, Apolónia, El Corte Inglés, Intermarché, makro Portugal e também no MARL.
Há muito investimento em investigação e desenvolvimento por parte da marca?
Sem dúvida. Porque o nosso produto é um produto único. É um cruzamento natural entre dois tipos de (hortaliças) brássicas, um brócolis tradicional e um tipo de couve japonesa que se chama kailan. É um cruzamento natural entre duas variedades da mesma espécie de famílias, crucíferas e brássicas. Depois de muito investimento, o resultado é um produto mais suave, mais tenro, mais doce.
Para além do Reino Unido, as Bimi produzidos em Portugal são exportados para outros países?
Sim, também para a França, mas principalmente para Países Baixos.
Algum novo mercado onde gostariam de colocar o produto Bimi ‘made in Portugal’?
Sim, na Alemanha. A Itália é uma outra possibilidade, mas creio que Alemanha é um destino claramente interessante porque já estamos a introduzir o produto nas principais cadeias de supermercados alemãs.
Com este plano de expansão, como vão resolver em Portugal a questão da quantidade de produção?
Os produtores associados têm possibilidades de crescer, de fazer mais hectares em produção, mas buscamos outros produtores. Se possível, fora da área à volta da região de Lisboa, porque por nós é interessante diversificar o risco, climaticamente falando. Há possibilidades de o fazer, sobretudo, na área do Algarve. Há produtores que estão a fazer pequenas experiências com a variedade Bimi para perceber se é possível produzir. E é possível.
Há alguma previsão sobre quanto poderá crescer?
Eu acho que Portugal poderia multiplicar claramente, no mínimo, por 10 a produção atual. Sem dúvida.
Espanha tem hoje, 1.300 hectares de produção de Bimi. Portugal tem mais de 100 hectares, mas pode crescer, tem essa possibilidade. Há uma limitação que é a área de produção e a mão de obra, porque este é um cultivo que precisa de mão de obra. É um cultivo quase artesanal. Mas a melhor genética da Sakata está focada nesta questão: fazer uma colheita mais agrupada. Se for possível fazer a mesma quantidade de grãos por planta, ou mais, com menor número de colheitas, será melhor para o agricultor. Será mais rentável. Para nós é uma prioridade.
A questão maior deste cultivo é a mão de obra para a colheita. A água é crítica não apenas em relação à necessidade de água. Precisa de água de qualidade, mas não é o ponto crítico. Esse é a mão-de-obra, sem dúvida.
Esta entrevista foi publicado na edição 428