Queijos: novos lançamentos, inovação e sustentabilidade dinamizam mercado
O mercado de queijos em Portugal tem crescido, marcado por várias novidades inovadoras e que respondem a várias tendências de consumo como a conveniência.
Ana Rita Almeida
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O mercado de queijos em Portugal tem crescido, marcado por várias novidades inovadoras e que respondem a várias tendências de consumo como a conveniência. A Montiqueijo, Bel Portugal, Queijos Lagos, Queijaria da Caramuja e Queijos Santiago destacam-se pela aposta em novos lançamentos, como rotulagem em braille e embalagens sustentáveis, respondendo às exigências dos consumidores, sempre com a sustentabilidade como foco central, com práticas de bem-estar animal e economia circular. A valorização das tradições locais também se mantém essencial.
Dina Duarte, diretora-geral da Montiqueijo, lembra que o queijo “é um dos mais característicos da mesa portuguesa” e que faz parte de muitos momentos de convívio. A responsável da empresa de produtos lácteos, especializada na produção de queijos de vaca, fundada em 1963 pelo casal Carlos e Ludovina Duarte, sublinha que, ao longo dos anos, se verificou uma expansão no espaço dedicado a diferentes variedades de queijos nos super e hipermercados, refletindo o crescente interesse dos consumidores. Em 2023, o mercado de queijo registou “um aumento significativo, impulsionado principalmente pela realização de feiras de queijos que promovem a produção nacional”. No entanto, no primeiro semestre desse ano, revela que houve “um ritmo mais lento em relação ao ano anterior”.
A Montiqueijo tem lançado algumas novidades no mercado e introduziu recentemente a rotulagem em braille, numa parceria com a Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal, uma iniciativa que visa reflete o compromisso com a responsabilidade social, “procurando tornarmo-nos numa marca ainda mais inclusiva e sensibilizar para a autonomia dos consumidores portadores de deficiência visual “, abrangendo o Cesto de Três Queijos Curados e a embalagem de 200g do Queijo Fresco, sublinha Dina Duarte.
Além disso, este ano foi também lançado um packaging especial alusivo ao Campeonato Europeu de Futebol de 2024”.
Dina Duarte revela ao Hipersuper que o público infantil é uma prioridade para a marca, tendo sido desenvolvida uma parceria com a Science4you para criar um brinquedo especial que permite às crianças “viverem a experiência única de produzir queijo”. E avança ao nosso jornal: está a ser preparado um novo lançamento, em parceria com uma marca de vinhos regional da Península de Setúbal, a tempo da época festiva.
A inovação é uma constante na Montiqueijo que continua a valorizar as tradições locais. Dina Duarte afirma mesmo que a empresa produtora de queijos tem como mote “aliar a tradição à inovação”: o processo de produção do queijo mantém-se artesanal, utilizando os métodos “que os meus pais utilizavam há 61 anos”. A empresa, referência no mercado interno e com presença em vários mercados a nível internacional, continua a considerar-se “bastante local”, apoiando diversos projetos em parceria com a Junta de Freguesia de Lousa, em Loures, que promovem atividades de cariz desportivo, cultural, educativo e de entretenimento, com a comunidade local. Entre esses projetos, destaca-se o Passeio Pedestre anual, que tem como objetivo “apoiar uma causa solidária” e valorizar o contacto com a natureza, reforçando “a importância da preservação ambiental”.
“Os consumidores de hoje estão cada vez mais exigentes e informados”
Também Yvan Mendes, marketing manager e champion DE&I da Bel Portugal, sublinha que o mercado de queijo “é o maior mercado de grande consumo em Portugal, em valor”, que tem registado uma evolução significativa nos últimos anos, mantendo-se essa tendência ao longo deste ano. “No que diz respeito à BEL Portugal continuamos a consolidar a nossa posição de líder do mercado de queijo com uma quota de mercado de 16,8% em valor a fecho do primeiro semestre deste ano”, através das suas principais marcas: Limiano, Terra Nostra, A Vaca que ri e Babybel”, afirma ao Hipersuper.
Sobre o aumento de consumo, lembra que o queijo está profundamente enraizado nos hábitos alimentares dos portugueses, sendo um alimento presente “em praticamente todos os lares e utilizado em diversas ocasiões de consumo”.
Quanto ao perfil dos consumidores, observa que “os consumidores de hoje estão cada vez mais exigentes e informados”, procurando produtos que se alinhem com os seus valores pessoais, preocupações com a saúde, sustentabilidade e ética. Valorizam, ainda, “a qualidade, a origem dos produtos e a variedade disponível no mercado”, o que leva a Bel a estar atenta a essas mudanças e a trabalhar diariamente para responder às suas necessidades.
No que diz respeito a lançamentos, Yvan Mendes afirma que a Bel procura acompanhar “as principais tendências” e diversificar o portefólio de produtos para responder às necessidades dos consumidores. O compromisso da empresa, segundo o responsável do grupo multinacional familiar de origem francesa, é trazer “inovação que seja relevante”, com o consumidor sempre no centro da estratégia. Entre os projetos focados na sustentabilidade, destaca o “projeto piloto de Agricultura Regenerativa nos Açores” e o lançamento do Terra Nostra Ecodesign, que redefine a embalagem de fatias Terra Nostra, economizando cerca de 20 toneladas de materiais de embalagem por ano. Yvan Mendes destaca ainda o Limiano Amanteigado Vaca, um queijo curado lançado no final do ano passado, que recupera as características de textura amanteigada e sabor suave de Limiano. O marketing manager reforça que a Bel continuará a trazer “inovação relevante” ao mercado, com o objetivo de ser sempre “a primeira escolha por parte dos consumidores”.
Yvan Mendes sublinha que a Bel Portugal tem “um forte compromisso com a valorização das tradições locais”, refletido em várias áreas da operação. Um dos exemplos mais claros deste compromisso está na marca Terra Nostra, que promove “o que de melhor tem os Açores”, destacando as tradições e o modo de vida da região. Mendes explica que as campanhas da marca reforçam o orgulho regional e a conexão profunda com a terra e a natureza, mencionando que as últimas campanhas contam com a participação de um produtor real, o Sr. Eduardo, que representa “os mais de 140 produtores certificados Terra Nostra”.
Valorizar as tradições locais
Luís Lagos, diretor-geral da Queijos Lagos, sublinha que, no atual contexto económico, marcado por uma conjuntura inflacionista que elevou o preço da matéria-prima “para os níveis mais altos de sempre”, a empresa sentiu “uma clara retração na compra” dos seus produtos. Esta realidade tem colocado novos desafios ao setor, levando a uma procura constante de equilibrar “a sustentabilidade da produção com o consumo”. O responsável reforça que o aumento dos custos teve de ser refletido no preço final dos queijos, o que contribuiu para esta retração no consumo.
E porque a Queijos Lagos tem sempre mostrado dinamismo, em relação a lançamentos, destaca que a inovação “está inscrita na natureza” da Queijos Lagos.
A valorização das tradições locais é “um dos pilares essenciais” da Queijos Lagos. A empresa produz queijos baseados em “conhecimentos passados de geração em geração”, resultado de um saber empírico herdado. Segundo Luís Lagos, os queijos da empresa são feitos com “amor” e refletem “uma herança familiar”, sendo, muitas vezes, a “história de pessoas, de uma família, de colaboradores”. O diretor-geral sublinha a importância de o consumidor reconhecer que, ao comprar um queijo, “não está apenas a comprar um queijo, mas também toda uma história”.
Várias novidades
Nuno Torgal, diretor comercial da Queijos Santiago, confirma que o consumo de queijos em Portugal “tem vindo a aumentar ao longo deste ano”, especialmente na gama de queijos frescos, devido à sua “composição nutricional e mais saudável” e à “acessibilidade a nível de preço”. O diretor comercial da empresa que foi este ano comprada pela Lactogal, também destaca a crescente procura por opções convenientes, como os “queijos fatiados e ralados”, acrescentando que “na gama de queijos de prato e regionais o seu consumo tem vindo a diminuir, fruto da inflação”.
2024 tem sido um ano de novos lançamentos com várias novidades. Uma delas foi a implementação do “Mercadinho”, um stand dinâmico nos estabelecimentos comerciais, destinado a melhorar “a experiência do consumidor com os queijos curados regionais”. A marca lançou também uma “edição limitada de verão”, os Queijos Frescos com sabor, uma novidade “fresca, saborosa e saudável”, pioneira no setor. Mais recentemente, foi introduzido no mercado o “Queijo Alavão com Trufa Negra”, uma inovação no mercado português, sendo a Queijos Santiago “a primeira marca a produzir este tipo de queijo em Portugal”.
“Como a gama Alavão já é conhecida e um sucesso entre os amantes de queijos”, a Queijos Santiago acaba de alargar a sua gama de Tábuas, apresentando a quarta tábua, desta vez de Queijos Alavão. Contando com as típicas três cunhas de pasta semi-firme, a tábua é composta pelo Queijo de Vaca Curado com Trufa Negra, Queijo de Vaca Curado Clássico e Queijo de Vaca Curado com Manjericão e Tomilho.
Refira-se que a produção de todas as tábuas é 100% sustentável, com embalagens 100% recicláveis e com menos de 75% de plástico.
Quanto à valorização das tradições locais, Nuno Torgal salienta que a Queijos Santiago, sendo “uma marca centenária”, tem na tradição “um dos seus grandes pilares”, o que a distingue das restantes marcas. A empresa procura “reinventar-se”, mas sem perder a sua “essência tradicionalmente portuguesa”, respeitando sempre as tradições ao mesmo tempo que introduz “um pequeno traço de modernidade” nos seus produtos.
O saber-fazer ancestral e local
Paulo Mota, responsável pela Queijaria da Caramuja, sublinha que, apesar do curto período em que a empresa está ligada ao setor, percebe que “o consumo de queijo tem aumentado ligeiramente” e considera que ainda existe “muita margem de crescimento”, destacando que, embora o consumo de queijo per capita em Portugal esteja acima da média da União Europeia, com mais de 14kg/ano, há espaço para o país se aproximar de mercados como a Estónia, Irlanda, Finlândia e Alemanha, onde o consumo supera os 19kg/ano per capita.
A Queijaria da Caramuja, que viu o seu Queijo de Cabra Conde de Vinhó ser eleito o Melhor Queijo de Portugal, na categoria de Cura Prolongada, na edição de 2023 do concurso da ANIL – Associação Nacional dos Industriais de Laticínios, introduziu recentemente “uma linha de produtos biológicos”, que inclui Kefir, Queijeta e Queijo de Cabra, todos produzidos com leite de cabra biológico da própria exploração.
Além disso, o responsável destaca o lançamento dos “Bombons de Chocolate com Queijo Serra da Estrela”, resultado de uma parceria com o Chef Flávio Silva, e revela que a empresa pretende continuar a diversificar a gama de produtos. Em breve, irá “apresentar três novos produtos”, além de aumentar a oferta de produtos biológicos com a introdução do “Queijo Serra da Estrela DOP com certificação biológica”, diz ao Hipersuper.
A Queijaria da Caramuja valoriza as tradições locais, e Paulo Mota afiança que a melhor forma de o fazer é através da produção de “produtos genuínos”, como o Queijo Serra da Estrela, que respeita e preserva “o saber-fazer ancestral e local”. Também a Queijeta, outro produto da empresa, “valoriza as tradições locais”, sendo “um queijo de cabra acabado de fazer, muito conhecido neste território”.
O responsável reforça que esta aposta na autenticidade e na tradição é essencial para responder à crescente procura dos consumidores por produtos que respeitam as suas origens.
“Vemos cada vez mais diversidade de produtos em marca de retalhista”
Sobre a influência das marcas próprias, Dina Duarte reconhece o setor tem sentido a sua força e o impacto nas vendas de outras marcas, e que “vemos cada vez mais diversidade de produtos em marca de retalhista”. “É claro que também trabalhamos nessa vertente com vários retalhistas com os nossos queijos”, sublinha.
Para a diretora-geral da Montiqueijo a forma “nos diferenciarmos é continuando a manter a qualidade que nos caracteriza, e que os consumidores valorizam, e apresentar novos produtos que respondam às suas necessidades e novos gostos”.
Também Yvan Mendes reconhece o crescimento que as marcas próprias têm tido fruto do contexto económico adverso que temos vivido, “o que naturalmente tem alterado as dinâmicas de mercado”.
No entanto, garante que a Bel Portugal “tem as marcas de queijo líderes de mercado e as preferidas dos consumidores, o que acreditamos que se deve à forma como as nossas marcas representam o seu papel na sociedade”.
Para Yvan Mendes “é fundamental que cada marca tenha um propósito e uma missão relevante no mercado e na sociedade, assim como, fatores que a diferenciem, seja ao nível de produto, comunicação ou inovação” e assegura que “na Bel Portugal investimos continuamente em inovação, não apenas em termos de novos produtos, mas também em práticas sustentáveis e embalagens que respondem às preocupações ambientais dos consumidores. Comunicamos de forma transparente os valores e as práticas que sustentam os nossos produtos, criando uma forte ligação emocional com os consumidores e reforçando a confiança nas nossas marcas. “A marca Terra Nostra, por exemplo, ambiciona ser a marca de lacticínios mais sustentável do mundo, através do Programa Leite de Vacas Felizes e de uma estratégia de sustentabilidade com metas ambiciosas no sentido da descarbonização”, exemplifica.
Nuno Torgal não tem dúvidas: “as marcas próprias têm vindo a ganhar terreno no mercado dos queijos” e “este ano, estas marcas aumentaram 2% na nossa faturação”.
Para o responsável, o setor alimentar “está em constante crescimento e, claro, é sempre um desafio conseguir ser uma marca diferente entre as demais”. “A Queijos Santiago é uma marca de renome, tanto no mercado nacional como internacional, a sua identidade e história são elementos que fazem com que a Queijos Santiago se destaque naturalmente: conta com mais de 100 anos de história na produção de queijos nacionais, e coleciona diversas premiações no âmbito nacional e internacional” garante, lembrando que “a sua capacidade de inovação é outro grande fator”. Em 2024 “tivemos dois lançamentos que consolidaram a Queijos Santiago como precursora na fabricação de dois produtos em Portugal: os Queijos Frescos com sabor a fruta e, mais recentemente, o Queijo Alavão com Trufa Negra”, exemplifica, garantindo que “é assim que a Queijos Santiago se destaca: unindo qualidade, tradição e originalidade”.
Este artigo faz parte da edição 426 do Hipersuper