A força e a inovação das empresas portuguesas na Alimentaria 2024
São 20 as empresas nacionais que vão participar na Alimentaria 2024 em Barcelona,Espanha, sob o chapéu da PortugalFoods, que promove a inovação e a internacionalização das empresas de todo o agroalimentar português. A associação regista este ano o crescimento de presenças em relação a 2022.
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Por Ana Grácio Pinto e Ana Rita Almeida
A Alimentaria arranca esta segunda-feira e são 20 as empresas nacionais que participam nesta feira sob o chapéu da PortugalFoods, que promove a inovação e a internacionalização das empresas de todo o agroalimentar português. A associação regista este ano o crescimento de presenças em relação a 2022.
Em 2023, as exportações portuguesas da indústria alimentar e das bebidas cresceram cerca de 8%. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), foi para o Peru (91,05%) e para a Mauritânia (61,05%) que as exportações nacionais mais cresceram, a nível global, comparativamente a 2022. Curiosamente, as exportações para países tradicionalmente parceiros como Angola e Itália registaram um abrandamento de, respetivamente, 25,49% e 8,53%. Dentro do mercado da União Europeia, o pódio de crescimento foi ocupado por Eslováquia (35,40%), Irlanda (31,09%) e Polónia (30,20%).
A presença em feiras internacionais, como a Alimentaria 2024, em Barcelona, é, assim, fundamental para as empresas que já exportam ou estejam a iniciar o seu plano de internacionalização. Em ambos os casos, a participação sob o chapéu de associações como a PortugalFoods traduz-se em apoio logístico, maior visibilidade, menos custos.
Cardo Sra do Monte
Desenvolver a marca Cardo Artisanal Goods
“A PortugalFoods tem sido um parceiro muito importante para o desenvolvimento das empresas portuguesas no setor agroalimentar, a promoção sobre a bandeira Portugalfoods ajuda na promoção do melhor que se faz em Portugal e também na visibilidade que tem para qualquer comprador Internacional”, afirma o diretor comercial da Cardo Sra do Monte, empresa dedicada, predominantemente, aos queijos e enchidos artesanais e regionais portugueses.
Rui Silva defende que as várias ações da associação “vieram consolidar uma marca que tem peso na promoção de Portugal” e acrescenta que uma participação autónoma não daria à empresa “o pusch necessário” para a sua promoção externa.
A Alimentaria 2024 será para Cardo Sra do Monte, um “certame muito interessante” para chegar a novos mercados internacionais e fazer crescer fora de portas a sua marca ‘Cardo Artisanal Goods’. Nos últimos anos, a empresa do concelho de Leiria tem feito grandes investimentos na sua promoção Institucional e no rebranding da marca.
“A Alimentaria serve o mesmo propósito de uma Anuga ou mesmo Sial Paris, mas com o enfoque nos mercados do Magreb, pela sua proximidade e também no conceito de empresas viradas para o trading. Clientes de várias partes do mundo encontram-se neste certame, para procurar novas soluções de produtos mediterrânicos e consolidação de cargas, com produtos de várias partes da Europa. O porto de Barcelona, Sevilha e Lisboa ajudam muito nesse desenvolvimento”, destaca.
A exportar para EUA e vários mercados de Europa e África, a Cardo Sra do Monte vai dar prioridade este ano ao desenvolvimento da ‘Cardo Artisanal Goods’. “Aproveitando uma lacuna que existe no mercado ao nível dos diferentes queijos que vendemos poderemos apresentar, em vários mercados, queijos artesanais com uma característica inovadora de excelente qualidade e com escala suficiente para estar em mercados de valor acrescentado”, garante Rui Silva.
Atingir o volume de cerca de 25% na exportação num prazo de cinco a sete anos, é um objetivo assumido e, para tal, este ano a empresa vai marcar presença em várias feiras do setor e em missões internacionais.
Chábom
Bolo e broas de mel para o ‘mercado da saudade’
“A participação na Alimentaria Barcelona pode ser uma oportunidade valiosa para a nossa empresa uma vez que vai aumentar sua visibilidade, expandir a sua rede de contatos, aprender sobre tendências e inovações, e explorar oportunidades de crescimento e internacionalização”, destaca João Paulo Canas, diretor geral da Chábom.
Fundada em 1983, no Funchal, Ilha da Madeira, a Fábrica Chábom é especializada no fabrico de bolo de mel e de broas de mel, mas o portfólio inclui bombons artesanais, uma gama de chocolates e outra de rebuçados. No certame em Barcelona vai apresentar os seus produtos regionais e tradicionais, com a expetativa de estabelecer contatos com “potenciais parceiros de negócios, distribuidores, fornecedores de matérias-primas e clientes”, refere João Paulo Canas.
A presença sob o chapéu da PortugalFoods e da Invest Madeira é vista pela empresa como uma oportunidade de expansão da rede de contatos internacionais que podem oferecer oportunidades de colaboração e crescimento”.
“Para alem disso a PortugalFoods oferece suporte às empresas que buscam expandir para mercados internacionais, fornecendo informações sobre tendências globais, insights de mercado e apoio na promoção de produtos portugueses no exterior, bem como a Invest Madeira pode oferecer suporte para empresas que desejam estabelecer ou expandir suas operações na Região Autônoma da Madeira, o que pode ser especialmente benéfico para empresa, como a nossa em fase de internacionalização”, sublinha João Paulo Canas.
Fazer chegar os produtos ao chamado ‘mercado da saudade’, que abrange os países com forte comunidade portuguesa, é o principal objetivo de internacionalização, “seja por via da exportação direta ou por parcerias estratégicas de empresas de distribuição nesses mercados”, explica o diretor geral da Chábom. Europa e EUA são o foco inicial, mas a empresa está aberta ao interesse de clientes em outros mercados.
Cafés 5 Quinas
Crescimento da gama e produtos mais sustentáveis
Um novo produto de cápsulas compatíveis Nespresso, em alumínio, um café em grão e moído e uma nova cápsula compatível com máquinas Dolce Gusto “com menos 30% do plástico comparada as cápsulas convencionais, e logo um menor impacto no meio ambiente”, são alguns dos produtos que a Cafés 5 Quinas vai levar à Alimentária, revela Francisco Campos, do departamento de Marketing da empresa. “Estes passos são importantes na consolidação da empresa nos mercados, enquanto parceiro estratégico e de referência. É um momento de viragem, em que o foco nas preocupações ambientais vai traçando o seu caminho e a nossa empresa quer estar na vanguarda”, sublinha.
A Alimentaria Barcelona é considerada uma feira importante para esta empresa que, desde a sua fundação, definiu que o mercado externo terá projeção idêntica ao mercado nacional. “O seu crescimento e consolidação está a ser feito de forma faseada, e o crescimento no mercado espanhol é sem dúvida um passo decisivo nessa estratégia”, assegura Francisco Campos, acrescentando que a empresa olha para cada mercado “com a atenção necessária a adaptar a oferta às suas exigências e especificidades”. “Agora, com o crescimento da gama, e com produtos ambientalmente mais sustentáveis, vamos ao encontro do que sentimos seja o ensejo dos nossos clientes e mercados”, determina.
O responsável refere ainda as vantagens de trabalhar com a PortugalFoods nos mercados externos da empresa. “Sem cada elemento da equipa PortugalFoods nada funcionaria tão bem como funciona, e não dispensamos a ajuda que eles nos dão nestes projetos de internacionalização”, assume, acrescentando que a associação é um “elemento-chave para estar ao ocorrente dos eventos nacionais e internacionais do setor agroalimentar”.
SEL (Salchicharia Estremocense)
Novidades de Porco Preto de Campo
A exportar para 17 países, a SEL (Salsicharia Estremocense), aponta este ano aos países nórdicos, numa estratégia de diversificação de mercados e de crescimento das suas exportações, que atualmente representam cerca de 10% do volume de faturação.
Nesse sentido, a Alimentária é vista como “essencial para o crescimento da SEL no mercado internacional, dada a visibilidade que a feira tem” e será palco da apresentação de dois novos produtos da empresa de Estremoz: o ‘Fuet de Porco Preto de Campo’, “único produzido em Portugal, produto destaque no Sabor do Ano de 2024”, e o ‘Guanciale de Porco Preto de Campo’, “desenvolvido em conjunto com parceiros italianos”, apresenta Hugo Calhordas.
A mais-valia da participação sob o ‘chapéu’ da PortugalFoods é, sobretudo, “apresentar Portugal como uma marca forte, enquanto produtos de bens alimentares de elevada qualidade”, acrescenta o gerente de exportação da SEL.
FoodInTech
Divulgar o software Flow Manufacturing
A FoodIn Tech apresenta no certame a sua gama de soluções para a indústria e retalho alimentar, com grande destaque para o Flow Manufacturing, um software de gestão industrial e da qualidade que controla todas as etapas do processo produtivo. “São comandos que permitem à empresa produzir melhor, ter o controlo e fazer o reaproveitamento de subprodutos, melhorar o seu desempenho e produtividade, simplesmente por ter um maior conhecimento de toda a produção”, apresenta Joana Flores, product owner da FoodInTech | Flow Tech.
Com projetos já a decorrer em França, Irlanda, Moçambique e Angola, em 2024, a par da consolidação da presença nos marcados onde já operam, o mercado de Espanha é um grande objetivo. E a Alimentaria pode ser a porta de entrada. “É uma grande feira, a nossa espectativa, para além de encontrar potenciais clientes é também ver o que os nossos pares estão a fazer, porque isso também nos faz evoluir, a todos”, refere Joana Flores.
Yogoody
Gama completa 1.2.3YOG em Barcelona
Ao certame internacional em Barcelona a Yogoody vai levar a sua gama completa de 1.2.3YOG incluindo o mais recente sabor, ‘Original Wild Berries’. Anabela Ferreira, CEO da empresa considera a Alimentaria uma feira importante por permitir mostrar os produtos na Península Ibérica “e comprovar a aceitação face à inovação” dos seus produtos fora do território nacional.
A Yogoody, que desenvolveu uma bebida em pó com culturas de iogurte, em alternativa ao iogurte tradicional, sem necessidade de refrigeração e com um prazo de validade mais alargado, está a finalizar a estratégia de entrada no mercado do Reino Unido. Está ainda a trabalhar a entrada no mercado americano e regressou da Gulfood, nos Emirados Árabes Unidos, com “excelentes ligações com potenciais buyers”. Por tudo isso, Anabela Ferreira assume o entusiasmo com o que 2024 deverá trazer à empresa.
Sobre a participação através da PortugalFoods, a empresária sublinha que a associação é um importante suporte na indústria alimentar em Portugal. “Poder contar com todo a ajuda que nos aporta, é excelente para podermos nos focar na concretização de negócio em feira e dar a conhecer os nossos produtos inovadores”, explica, acrescentando que a insígnia Portugal é importante “para mostrar ao mundo, que as empresas portuguesas são cada vez mais fortes e capazes”. “Daí a nossa escolha em ir em associação com a PortugalFoods”, complementa.
Dados do INE revelam que a indústria alimentar e das bebidas é a indústria transformadora que mais contribui para a economia nacional, tanto em volume de negócios – são 22,4 mil milhões de euros – como em valor acrescentado bruto: 3,8 mil milhões de euros. É responsável por mais de 112 mil postos de trabalho diretos e cerca de 500 mil indiretos e tem uma importância fundamental no desenvolvimento do tecido empresarial e no potencial de evolução da autossuficiência alimentar do país.
Leia o Especial Alimentaria publicado na Edição 420 e veja a lista completa das empresas portuguesas que estão presentes com a PortugalFoods