Nuno Santos, CEO da Enoport: “Estamos a liderar a criação de um cluster do espumante de Bucelas”
Há cinco anos, a Enoport descobriu as virtudes de Bucelas para produzir espumantes com denominação de origem, feitos a a partir da casta estrela desta região demarcada há 111 anos. Hoje, a empresa lidera um grupo de produtores que pretende fundar um cluster do espumante da região conhecida como a capital do Arinto, disse Nuno Santos, CEO da Enoport, ao Hipersuper, numa entrevista onde conta a história e fala sobre os planos da empresa para as marcas Quinta do Boição e Caves Velhas
Rita Gonçalves
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Há cinco anos, a Enoport descobriu as virtudes de Bucelas para produzir espumantes com denominação de origem, feitos a a partir da casta estrela desta região demarcada há 111 anos. Hoje, a empresa lidera um grupo de produtores que pretende fundar um cluster do espumante da região conhecida como a capital do Arinto, disse Nuno Santos, CEO da Enoport, ao Hipersuper, numa entrevista onde conta a história e fala sobre os planos da empresa para as marcas Quinta do Boição e Caves Velhas.
Quando é que a Enoport começou a produzir vinho na região demarcada de Bucelas?
Há duas histórias que se cruzam. A história das Caves Velhas e a da Enoport. São histórias que não começaram em conjunto, mas tornam-se comuns a partir de determinada altura.
Mas, vou um pouco atrás para contar que Bucelas é uma região produtora de vinho há mais de dois mil anos, desde o tempo dos romanos. Terão sido os esquadrões de defesa dos romanos colocados no sul da Alemanha, na altura conhecida por Germânia, que trouxeram a vinha para cá. Tanto que durante muito tempo discutiu-se a semelhança entre as castas Arinto e Riesling. Estes soldados vinham garantir a segurança dos silos de cereais e eram conhecidos por bucelários. É, por isso, que esta zona se chama Bucelas.
Quando chegaram, os bucelários plantaram vinha com as castas que trouxeram, nomeadamente a Riesling, que muito provavelmente não se chamava assim na altura, casta que acabou por derivar naquilo que hoje chamamos Arinto. Hoje, Bucelas é a capital do Arinto, porque é aqui que há maior diversidade de clones de Arinto. Bucelas terá sido a origem da casta Arinto em Portugal. Penso que é a casta portuguesa mais nobre para vinhos brancos.
Nesse sentido, a casta Arinto não é portuguesa uma vez que tem descendência internacional?
Em bom rigor, Portugal não existia há dois mil anos e o Arinto já cá estava quando o país nasceu. Dizer que é portuguesa pode ser um bocadinho um abuso de linguagem. Somos todos do mundo. Já tudo existia antes de nós cá estarmos.
Aquilo que sabemos é que o DNA da casta Arinto não se encontra noutras regiões como aqui e que é uma casta autóctone portuguesa, atualmente espalhada por todo o país. Embora seja aqui que se encontra uma grande diversidade e o expoente máximo de produção.
Voltando à história, os vinhos de Bucelas fizeram as delícias de algumas cortes europeias.
Há cerca de 100/150 anos, os vinhos de Bucelas eram muito afamados. Durante as invasões francesas, por exemplo, quando os ingleses vieram para nos ajudar, provaram os vinhos, gostaram e levaram-nos para Inglaterra. Lá eram muito apreciados e comparados aos vinhos alemães feitos com a casta Riesling. Os ingleses diziam que havia o Riesling alemão e o Riesling português, quando na verdade os vinhos de Bucelas eram feitos de Arinto. O vinho foi ganhando a sua fama e foi até retratado por poetas portugueses nas suas obras.
Entretanto, a região de Bucelas foi demarcada.
A partir de 1908, depois do Douro, começa uma segunda vaga de delimitações de denominações de origem em Portugal e Bucelas recebeu o estatuto, mas não chegou ser homologado por motivos desconhecidos que coincidem com o fim da monarquia e a instauração da República. Nessa altura, receberam o estatuto as regiões do Dão, Vinhos Verdes e Península de Setúbal. Bucelas acabou por ser oficialmente uma área demarcada para a produção de vinho em 1911.
Concretamente entre 1908 e 1911, a região foi demarcada, ou seja, estabeleceu-se a delimitação territorial, as condições de produção, definiram-se as castas, as quantidades a produzir, os blends autorizados, as tipologias de vinho a fazer. Por exemplo, só em 2000 passou a ser possível fazer espumante DOP Bucelas.
Mais ou menos nessa altura, um cavalheiro desta zona, João Camilo Alves, que tinha o ofício de barbeiro, juntou-se ao cunhado, abandonou a profissão, e dedicou-se à compra e venda de vinho de Bucelas.
O fundador da Caves Velhas?
Exatamente. O negócio correu bem e, dez anos depois, comprou terra e passou a ser produtor de vinho também. Comprou várias propriedades, que vieram a tornar-se património das Caves Velhas, mas já não foi no tempo dele. No ano em que a Caves Velhas foi comprada, ele faleceu.
João Camilo Alves fundou a empresa e a também a marca Caves Velhas?
Sim, a marca foi criada nessa altura. Os dois sócios compraram uma sociedade que se chamava Caves da Amadora, converteram-na em Caves Velhas, Companhia Portuguesa de Vinhos de Marca, e criam a marca Caves Velhas. Até então, os vinhos da empresa Camilo Alves eram vendidos com a marca Camilo Alves ou sem marca.
Negociava-se em barril e em garrafão?
Sim, os vinhos iam praticamente em semi-granel para Lisboa, para as colónias e outros mercados no exterior.
Os dois sócios começam, entretanto, a trabalhar o conceito de marca Caves Velhas, a respeitar a lógica de regiões, diversificando a produção para outras regiões.
O negócio floresce já sob os comandos do filho de João Camilo Alves e, numa segunda fase, com os netos. E assim é até à década de 1970, altura em que a Central de Cervejas toma uma posição dentro da empresa.
Foi uma conjugação de vontades. Por um lado, a família queria ver rentabilizado o investimento que tinha na empresa, por outro, a Central de Cervejas encontrou neste negócio uma oportunidade para lançar as bases da sua atividade em Portugal. Isto porque nas décadas de 1950 e 1960, consumia-se pouca cerveja, não era um conceito enraizado, mas o vinho, sim, e não havia uma forma melhor de entrar no mercado do que através dos canais de vinho.
A Central de Cervejas chegou a deter a totalidade do capital?
Sim, foi percebendo que o negócio tinha interesse e foi reforçando a sua posição até uma altura em que era detentora da quase totalidade das ações e das quotas das sociedades Camilo Alves e Caves Velhas. Depois do 25 de abril, a Central de Cervejas foi nacionalizada. Passado uns anos sobre a sua privatização, resolvem separar os negócios da cerveja e do vinho e colocam a empresa no mercado. E é aqui que se cruza o destino da Caves Velhas e o da Enoport.
Em 2011?
Sim, em 2011, a Enoport, empresa com ADN 100% de vinho, entra no capital da Caves Velhas. Já trabalhávamos vinho a granel e vinhos engarrafados, tínhamos as Caves Dom Teodósio, pelo que era uma aquisição lógica. A Camilo Alves e a D. Teodósio trabalham e disputavam mercados muito similares. Fizemos um trabalho interessante de mudar o mindset de cada uma das empresas porque não optámos pela fusão imediata. As empresas mantiveram-se separadas e sem a designação da Enoport até que, em 2006, vieram novas empresas de vinhos para a esfera familiar, como as Caves Acácio e as Caves Monteiro, por exemplo, que eram empresas de dimensão mais pequenas, mas que traziam o apport do vinho verde.
Quando é que se juntam todas as empresas sob a alçada da Enoport?
Como, entretanto, já existiam muitas empresas juridicamente autónomas, com estruturas produtivas e comerciais independentes, tornou-se inviável a gestão e é aí que, em 2005, nasce a Enoport, juntando tudo sob a égide desde nova marca. Começámos a construção da marca Enoport sem esquecer o reforço da notoriedade das marcas individuais de cada uma das empresas. Apagou-se um pouco o nome das empresas e ficou a Enoport e as suas marcas. A Caves Velhas deixou de ser uma empresa e passou a ser uma marca, a Camilo Alves também, a título de exemplo.
Como é que a Quinta do Boição entra na esfera da Enoport?
Grande parte do património agrícola que João Camilo Alves e seus filhos e netos foram comprando (diria que quase todas as grandes propriedades da zona de Bucelas pertenceram à família Camilo Alves, como a Quinta da Romeira, a Quinta do Avelar ou a Quinta das Burgas), foram saíndo da esfera da família.
Sabe porque é que foram desinvestindo nas propriedades?
Se calhar, pela mesma razão que resolveram vender uma parte da empresa à Central de Cervejas. As famílias iam crescendo e queriam tirar algum proveito da empresa alienando património agrícola. A partir de determinada altura, a própria Central de Cervejas incentivou isso. As adegas Camilo Alves e Caves Velhas viram-se em determinado momento sem propriedades de renome de produção de vinho. Compravam uva, vinho já feito, tinham algumas vinhas dispersas que ainda hoje cultivamos, mas uma quinta delimitada com uma marca, uma centralidade bem definida e uma adega a funcionar não tinham.
No final de 1989, a Enoport compra a Quinta do Boição e inicia-se um projeto de reconversão da propriedade que tinha uma adega muito rudimentar.
A adega onde hoje são produzidos os vinhos de Bucelas?
Assim, embora hoje reúna um conjunto de novos ingredientes – é esteticamente agradável, está muito bem arrumada e tem uma história para contar. A adega como a vemos hoje é de 2006.
A Enoport investe na adega e na reconversão das vinhas, num processo onde se perdeu património vitícola, especialmente vinhas velhas e castas especiais que hoje não se conseguem encontrar. Foi possível resgatar e manter algum património que tentamos potenciar.
O registo da marca é de 1995 e o primeiro engarrafamento é feito com a colheita de 1997. Correu muito bem e funcionou como um incentivo para fazer mais e melhor vinho e lançar produtos complementares.
Então, em 2016, modernizaram a adega.
Sim, aumentamos a área de produção e a capacidade de envelhecimento de vinho em barrica. Há algumas pessoas a quem faz confusão a ideia de haver vinhos brancos com estágio em barrica, mas há porque nós gostamos de vinhos fermentados em madeira e o Arinto tem uma plasticidade fantástica. Conseguimos fazer vinhos novos brutalmente aromáticos que são uma bomba de energia e vivacidade quando são novos, mas, depois, à medida que os vinhos vão passando pelo tempo, ganham complexidade e maturidade, e percebe-se que ainda são melhores do que os novos.
Então, se conseguirmos o estágio em madeira que ainda adiciona mais complexidade, aromas e sabores, conseguimos desde vinhos novos, antigos, espumantes, licorosos e tranquilos com bons resultados, em maus e bons anos agrícolas.
A região de Bucelas tem potencial para aumentar a produção de vinho?
Bucelas é atualmente uma categoria bem posicionada no mercado, mas representa um nicho de mercado. A região não tem grandes condições para crescer. Pode produzir mais, sim, mas geograficamente não vai aumentar. Será sempre uma microrregião – e é das regiões mais pequenas em Portugal com Denominação de Origem Protegida – muito centrada no vinho branco e muito apoiada na casta Arinto. Se juntarmos isto tudo, isto dá uma tipicidade ao vinho que posiciona os vinhos num patamar superior.
A Enoport encontrou em Bucelas uma grande oportunidade para crescer e representa atualmente cerca de 65% das vendas da região, com as marcas Caves Velhas e Quinta do Boição.
O que é que fizemos? Começámos a virar os nossos holofotes para o produto, para o vinho em si e não tanto para a organização, as marcas, o posicionamento de mercado. Como se faz melhor aquilo que já achamos bom? Que inovação podemos dar ao mercado? Então, fizemos latest harvest com bons resultados, fizemos licorosos e espumantes. É aliás graças às Caves Velhas que hoje existe a DOP de Bucelas para espumante.
O espumante de Bucelas é um capítulo recente da história da Enoport?
Fomos os precursores da produção de espumante em Bucelas, uma bebida que identificamos hoje como um potencial enorme de desenvolvimento. As vendas de espumante estão a crescer quer no mercado nacional quer internacional.
Repare que, entre 2006 e 2008, ainda não tínhamos percebido o potencial dos espumantes da região, porque os estávamos a colocar no mercado demasiado novos, até que (às vezes estas coisas não são tão pensadas como parecem) houve um ano em que produzimos demais, não se conseguiu vender a totalidade e ficou um ano, dois anos, e foi ficando.
Um dia alguém se lembrou de provar algum desse vinho, algum engarrafado há dez anos segundo o método tradicional utilizado em Champagne, e foi surpreendente. Percebemos que estávamos a anos-luz do nível qualitativo que achávamos que já tinha.
E percebemos que temos aqui uma pérola. Afinal, Bucelas não só faz vinhos tranquilos novos bons, e antigos fantásticos, como também é capaz de fazer o mesmo em espumantes. Isto é uma coisa relativamente recente estamos a falar de quatro, cinco anos.
Pelas suas palavras, parece uma grande aposta para o futuro?
Tanto assim é que decidimos apoiar a criação de um cluster de espumantes de Bucelas. Dir-me-á, mas há espumantes em todo o lado. É verdade, mas numa microrregião, tão próxima de Lisboa, com este nível qualitativo, e juntando a fama de Bucelas, não existem mais casos destes em Portugal.
Conseguimos sentar os produtores à mesa e criar uma associação de defesa dos produtores de Bucelas. Um dos cadernos de encargos desta associação, além da promoção do vinho, divulgação da DOP e da proteção dos sistemas de produção, passa pelo desenvolvimento do cluster do espumante.
Estamos a conseguir convencer vários colegas e achamos que tem um potencial extraordinário. Acreditamos que, com o estágio indicado e feitos com a casta Arinto, os nossos espumantes ombreiam com champanhes. E este não é um conceito aspiracional já ouvimos provadores nacionais e internacionais.
Está a aumentar a produção de espumante na região?
E Enoport está a aumentar muito. Neste momento, devemos ter 50 mil garrafas em cave. Porque o nosso conceito de espumante de qualidade tem de ter estágio em garrafa. Como sabe, os espumantes fermentam na garrafa e para ter o designativo de reserva têm de estar determinado tempo dentro da garrafa. Temos espumantes que vão para o mercado com dez anos, porque a bebida valoriza dentro da garrafa.
Vão lançar algumas dessas especialidades este ano?
Sim, a marca Quinta do Boição celebra 15 anos em 2023 e para assinalar a data lançámos uma trilogia de espumante feitos essencialmente à base de Arinto, um 100% Arinto, outro que combina Arinto com Chadonnay e ainda um rosé que resulta de um blend de Arinto com a casta autóctone Camarate. São espumantes muito distintos e surpreendentes. Demos a provar aos produtores da região que ficaram surpreendidos e mostram interesse em apostar em espumantes envelhecidos. Até porque do ponto de vista da rentabilidade é uma aposta segura, os vinhos e espumantes de Bucelas posicionam-se num segmento de qualidade superior.
Qual a área de vinha da Quinta do Boição?
A Quinta do Boição tem cerca de 30 hectares de vinha. Temos ainda algumas parcelas que darão uma área de terreno de 45 hectares, 36 hectares com vinha. Para produzir mais, temos de aumentar as áreas sobre o nosso cultivo, é isso que estamos a fazer, assim como a plantar mais vinhas, sobretudo com a casta Arinto, a nossa aposta forte.
O vinho é todo feito na adega da Quinta do Boição?
Sim, apesar de não ser uma adega nova, tem o que é preciso numa adega de vinificação de brancos: controlo de temperatura exemplar e meios para não fazer o vinho à pressa. Temos aqui maturações que duram um mês e meio, por exemplo.
Qual foi a produção da última campanha?
Produzimos no ano passado 140 mil litros, o que não é muito.
A quebra de produção vinho que o país registou também se verificou em Bucelas?
O ano passado foi atípico, embora não haja anos iguais, porque a região em termos médios é estável em termos produtivos. Registou-se uma quebra de produção e, como não conseguimos produzir todo o vinho que queríamos, compramos uva a outros produtores locais para tentar compensar, porque temos de dar resposta a um
crescimento que estamos a sentir quer no segmento de vinho quer no segmento de espumante. Não temos alternativa se não aumentar a área de vinha.
Para esses planos de crescimento, planeiam aumentar a capacidade da adega?
É quase uma inevitabilidade. Não queremos comprometer o tempo de produção dos vinhos e temos de fazer crescer a adega.
O projeto de investimento da Quinta do Boição passa por desenvolver o negócio dos espumantes e continuar a colocar vinhos num patamar superior de qualidade cada vez mais elevado no mercado. Não vamos conseguir aumentar extraordinariamente as quantidades, porque a área da propriedade é limitada, talvez possa crescer até 25% em termos produtivos e de área de plantação, mas é um processo que passa pela aquisição de terreno e plantação de nova vinha e vai demorar algum tempo. A lógica a curto prazo é aproveitar os stocks e aumentar os negócios do vinho e espumante em paralelo.
No caso da Caves Velhas, que comercializa os seus vinhos com as marcas Caves Velhas e Bucelas, socorre-se das outras propriedades que temos e se for necessário vai ao mercado comprar vinho na região.
Quanto representa a região em vendas?
Em litros, a região terá certificado 170 mil litros no ano passado, uma gota de água se comparado com a região de Lisboa. Bucelas é uma das denominações de origem de Lisboa. Produz 100 milhões de litros, 70 milhões dos quais certificados. A Enoport representa cerca de 70% da venda anual da região.
E em valor?
O negócio de Bucelas representa para a Enoport entre 300 e 400 mil euros.
Fale-me um pouco dos lançamentos que vão fazer este ano.
Estamos a ponderar o lançamento de uma aguardente da casta Arinto DOP e temos em curso um projeto para lançar um vinho por ano que consiste também numa trilogia de arintos: um vinho novo frutado e floral, um vinho fermentado com as películas rico em aromas e sabores complexos, e um arinto tradicional, nem jovem nem pelicular, feito com pouca madeira. A ideia é transmitir as várias vertentes que o arinto pode ter. Considero que Bucelas nos seus 111 anos de denominação de origem está com mais vivacidade do que nunca.
Quais os canais de distribuição das marcas que produzem em Bucelas?
A Caves Velhas, uma marca mais democrática, está presente na generalidade dos canais de distribuição em Portugal, nas grandes superfícies e cash&carrys, através da marca Caves Velhas ou da submarca Bucelas.
Já os vinhos da Quinta do Boição, que se posicionam num patamar superior em qualidade e preço, são vendidos em garrafeiras, em feiras de vinho ou outras mais especializadas, em alguns supermercados, nomeadamente aqueles que tratam a garrafeira de uma forma mais diferenciada, mas essencialmente no horeca e canal online.
Também comercializam em alguns mercados internacionais.
Sim, os néctares da região de Bucelas têm bastante aceitação a nível internacional. A Enoport vende vinhos brancos em Inglaterra, Brasil e EUA. Os mercados anglo-saxónicos e latinos mostram mais disposição para o consumo de vinho branco. Em Angola, onde temos uma subsidiária, vendemos as marcas Caves Velhas, Bucelas e Quinta do Boição.
A Quinta do Boição exporta cerca de 65% da produção e o resto fica no mercado nacional.
A quota de mercado terá tendência a aumentar com o crescimento do negócio do espumante?
Penso que não, porque o espumante de Bucelas ainda é pouco conhecido lá fora, vai ser mais fácil colocar em Portugal para convencer os consumidores portugueses e depois, sim, iniciar a exportação. Com o crescimento dos espumantes haverá um maior equilíbrio entre o que fica em Portugal e o que é exportado.
A marca Caves Velhas é ao contrário, são vinhos com menor diferenciação e que se posicionam num patamar inferior de preço, são mais adaptados ao mercado nacional. Cerca de 70% das vendas são feitas em Portugal.
Como é que prevê que o negócio de espumante impacte o volume de negócios da Quinta do Boição?
Vai crescer seguramente. Porque o patamar médio de preço do espumante é superior ao dos vinhos tranquilos. Vai subir o patamar de preço médio da marca.
*Entrevista originalmente publicada na edição 412