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Aumento das taxas de juro e inflação obrigam portugueses a repensar compras de Natal
Os portugueses ponderam mudar os seus hábitos de consumo em relação a 2021 e o aumento das taxas de juros e a inflação apresentam-se como os principais responsáveis. O estudo […]
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Os portugueses ponderam mudar os seus hábitos de consumo em relação a 2021 e o aumento das taxas de juros e a inflação apresentam-se como os principais responsáveis. O estudo sobre Economia Circular e o Comportamento do Consumidor nas Compras de Natal conclui ainda que as estratégias dos consumidores passam pela redução no custo ou na quantidade de presentes e que as motivações ambientais também podem levar os portugueses a comprar presentes mais sustentáveis.
O estudo é do Centro de Investigação em Ciências Empresariais e Turismo da Fundação Consuelo Vieira da Costa (CICET-FCVC), em parceria com o ISAG – European Business School (ISAG-EBS), e o inquérito a 807 residentes em Portugal, com uma média de idades de 35,22 anos, permitiu concluir que os portugueses pretendem reduzir gastos neste Natal, revelando-se, também, mais abertos a adquirir produtos sustentáveis no momento da compra, apesar da maioria ainda não dominar o conceito de Economia Circular.
O estudo permite concluir que a conjuntura económica e financeira atual se destaca como um importante fator na alteração dos hábitos de consumo natalícios dos portugueses. A taxa de inflação, com 65,9%, e as taxas de juro, com 65,1%, são os fatores apontados de elevada e de extrema importância a influenciarem a tomada de decisão no comportamento do consumidor nesta época.
Neste contexto, 37,2% dos inquiridos revelam ainda que, este ano, em comparação com 2021, vão optar por prendas mais baratas, 24,5% pela compra de um menor número de presentes ou, então, 13,8% pela opção de compra de produtos em promoção. Contudo, são poucos os que não pretendem comprar presentes (2,9%) ou que vão optar por escolher produtos de “marca branca” (2,7%).
Neste Natal, os inquiridos preveem adquirir, em média, 10,33 presentes e gastar, em termos médios, 239,06€ nestes artigos. Importa, igualmente, salientar que os respondentes antecipam um gasto médio de 26,30€ em decorações de Natal, 108,02€ em refeições (ceia e almoço), e 75,04€ em passeios e lazer.
Essencialmente motivados por razões ambientais (53,8%), mas também por razões económicas (21,4%), 87,9% da amostra declara a sua predisposição para, no contexto de compras de Natal, adquirir produtos que contenham materiais reciclados, já 79,4% revelam a possibilidade de comprar produtos reciclados ou reutilizados. A escolha por produtos em segunda mão é, também, uma opção destacada junto de 58,0% dos inquiridos, sendo a probabilidade de adquirir produtos com defeito, ainda que aptos para utilização, a ser menos prevista pelos respondentes, indicada por 41,5% dos mesmos.
Apesar da sensibilização dos portugueses por questões relacionadas com a sustentabilidade e desta consciencialização se espelhar no comportamento de compra, convém salientar que, 62,3% indicaram nunca ter ouvido falar sobre o conceito de Economia Circular. Aos respondentes que afirmaram já ter ouvido falar sobre Economia Circular, 32,2% definiram o conceito como sendo uma economia capaz de se regenerar, 27,0% indicaram ser um modelo de produção e consumo mais sustentável e 11,2% associaram ao Reduzir-Reutilizar-Reciclar.
A proteção do meio ambiente é encarada por 57,9% dos inquiridos como a principal razão pela qual é relevante implementar práticas de Economia Circular. Ao nível de vantagens na sua implementação, 45,4% dos respondentes associa o facto de reduzir drasticamente o consumo de recursos naturais, enquanto 17,4% vincula a sua importância a novas oportunidades de negócio e empregos, com a mesma percentagem de respondentes a relacionar a vantagem à redução das emissões de poluentes. Por outro lado, as barreiras indicadas à implementação de práticas de Economia Circular, evidenciadas por 47,4% dos inquiridos, são a falta de conhecimento da população, seguida pela falta de apoio financeiro por parte dos organismos públicos (17,4%).
O estudo revela também que, dos inquiridos que já ouviram falar sobre Economia Circular, 83,9% afirmam que a mesma contribui positivamente para a sociedade, e 82,2% declaram que aumenta a consciencialização da sociedade para a questão da sustentabilidade, além de ter um papel preponderante para a educação ambiental dos mais jovens (81,6%) e contribuir para a melhoria da saúde pública (80,6%).
Ainda no âmbito da economia circular e no grupo de inquiridos conhecedores do seu conceito, 79,3% consideram que os produtos com garantia de devolução e/ou troca encabeçam a lista de produtos mais frequentemente adquiridos, seguidos dos produtos com eficiência energética elevada, nomeadamente com certificação A+++ (70,7%), e por aqueles que podem ser reciclados ou desmontados (67,4%). Em termos de práticas, 44,7% destacam a partilha de bens próprios com outras pessoas, e 20,4% evidenciam a habitação partilhada como os comportamentos mais frequentes dentro deste grupo de inquiridos.
“É uma conclusão pertinente observar que, apesar de existir uma maioria significativa de inquiridos que afirma não conhecer o conceito de Economia Circular, grande parte das pessoas acaba por demonstrar predisposição para colocar em prática algum dos seus pressupostos, ao assumir abertura para adquirir produtos reciclados, compostos por componentes reciclados ou mesmo em segunda mão. Embora com um impacto muito direto da conjuntura económica e financeira do país, com influência direta no aumento do custo de vida generalizado, os portugueses aparentam estar mais abertos a contribuir positivamente para um estilo de vida mais sustentável” revelam as coordenadoras científicas do CICET-FCVC e Professoras do ISAG-EBS, Elvira Vieira e Ana Pinto Borges.
O estudo Economia Circular e o Comportamento do Consumidor nas Compras de Natal de investigação foi realizado pelo CICET-FCVC, em parceria com o ISAG-EBS, e está integrado no projeto NORTE-06-3559-FSE-000164, cofinanciado pelo Programa Operacional Regional do Norte (NORTE2020), pelo Portugal 2020 e pela União Europeia, através do Fundo Social Europeu (FSE).