Como a Aldi quer triplicar parque de lojas no País
A discounter alemã Aldi pretende abrir mais lojas em três anos, que durante mais de uma década de operações Portugal. Neste momento, está a apostar sobretudo no norte, onde os […]
Ana Catarina Monteiro
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A discounter alemã Aldi pretende abrir mais lojas em três anos, que durante mais de uma década de operações Portugal. Neste momento, está a apostar sobretudo no norte, onde os portugueses não estão tão familiarizados com os seus produtos. Mas as aberturas vão acelerar por todo o País
O Aldi Nord está a apostar no mercado português. Em 13 anos de presença no País, a cadeia alemã inaugurou 70 supermercados, a grande maioria nas regiões sul e centro. Agora, quer triplicar o número em apenas três anos, chegando às 200 lojas. Rita Agostinho, que à data (novembro de 2019) assume a função de diretora de marketing da empresa em Portugal, assegura que o plano “é ambicioso mas exequível”. Para cumprir a meta, no próximo ano a cadeia irá refletir uma “maior frequência de aberturas”, revela, em declarações, ao Hipersuper.
“O grupo está com vontade de implementar-se por todo o País. Pelas aberturas em que fomos apostando, notamos que, quando provam os nossos produtos, os consumidores ficam, de facto, fidelizados”, dá conta a responsável, numa visita guiada a um dos mais recentes supermercados inaugurados pela discounter centenária. A abertura aconteceu no final de novembro, em Leça da Palmeira.
O Aldi chegou ao mercado nacional através do Algarve e foi subindo, ao longo dos anos, mas só em 2017 abriu, pela primeira vez, na região norte. Este ano, a presença da cadeia tem-se alastrado sobretudo na parte superior do mapa de Portugal.
Expansão a norte
A loja de Leça da Palmeira, que abriu portas a 27 de novembro, representa a septuagésima primeira no País e a oitava entre os vários distritos nortenhos. As seguintes inaugurações acontecem no concelho vizinho, de Vila do Conde, e em Guimarães, também em dezembro.
A responsável explica que o grupo irá “acelerar a expansão no Grande Porto nos próximos meses”, estando prevista uma nova inauguração em “Vila Nova de Gaia”, onde a empresa já conta com três pontos de venda. Vila Real, Rio Tinto, Maia, Matosinhos e Viseu são as restantes localidades nortenhas onde o Aldi marca presença.
O desafio é maior a norte, face ao sul do País, já que a empresa teve que investir “em campanhas de marketing mais profundas”, para incentivar os consumidores a deslocarem-se até aos espaços. “No Algarve, por exemplo, como há uma população estrangeira residente muito grande, os consumidores já nos conhecem de outros mercados e confiam mais”, compara a responsável.
Ações de degustação e o “Aldi Bus”, um autocarro que transporta gratuitamente os consumidores às lojas, foram das estratégias encontradas. O autocarro é disponibilizado nos períodos contíguos às aberturas, ainda que em Vila Real funcione “todos os domingos”. Desta forma, apesar de os portugueses, no norte do país, não estarem ainda completamente familiarizados com a marca, a Aldi tem mostrado “resultados excelentes em várias lojas”, os quais vão incentivando novas aberturas, salienta Rita Agostinho
Algarve e Margem sul
Apesar de a cadeia estar neste momento de olhos postos no norte, a aceleração do processo de expansão não está, no entanto, cingida àquela região. A empresa pretende ainda reforçar presença “em várias zonas do Algarve e a sul do Rio Tejo”, nota a diretora de marketing.
O Aldi está a expandir através de um “conceito relativamente novo, com cerca de dois anos”, designado ANICO, que significa Aldi Nord In-store Concept. Assenta em supermercados com cerca de 1.200 metros quadrados, desenhados para trespassar mais luz natural, devido à fachada e às janelas em vidro, e com recurso a prateleiras baixas, que permitem uma melhor leitura dos letreiros que sinalizam as várias áreas da loja. “O objetivo é que o consumidor consiga, a partir do momento que entra e enquanto circula, identificar onde estão as categorias de produto que procura. Assim pode fazer as suas compras o mais rapidamente possível”, descreve a responsável.
As áreas de loja vão desde vestuário e produtos para o lar, passando pelo pão quente, congelados, alimentação animal e “grab and go” (saladas, sandes, entre outros produtos, prontos a consumir), até às frutas e legumes.
A área dos frescos está posicionada no fundo da loja, para que o consumidor percorra toda a oferta, e junto aos murais de frio, “para garantir uma conservação mais eficiente”. À exceção das frutas exóticas, todos os artigos vendidos nesta área, assim como as carnes, são de origem portuguesa. A cadeia vende carnes embaladas, não tendo prevista a instalação de talhos nas suas lojas.
Apesar de apresentar um vasto sortido de produtos biológicos, com certificações de sustentabilidade e indicados para vegetarianos ou consumidores com intolerâncias, o conceito não abrange áreas específicas para os mesmos. No entanto, torna-se fácil identificar estes produtos, através dos símbolos coloridos destacados nas etiqueta de preço.
Por outro lado, a cadeia diferencia-se também pela área não alimentar, para a qual garante uma rotatividade de produtos “semanal”. Esta é “um dos pontos fortes da insígnia, na qual os clientes podem encontrar oportunidades, como esta máquina de algodão doce ou aqueles têxteis para homem e senhora, assim como ferramentas, brinquedos, acessórios, artigos de decoração”, aponta. “Enquanto a área alimentar fideliza o cliente e aumenta a frequência de compra, esta área acaba por trazer um valor acrescentado”.
Promoções intensificadas em 2020
Entre as novidades para o próximo ano está também uma maior aposta em promoções. “A empresa vai intensificar consideravelmente as promoções de produtos de marcas de fabricante”, desvenda a responsável. Ainda assim, a atividade promocional afetará uma pequena parte dos produtos, já que o sortido das lojas Aldi é composto “na sua grande maioria” por marcas próprias.
A inovação representa também uma das apostas. “Em breve” serão revelados novos lançamentos para a categoria de higiene pessoal, na qual a empresa detém marcas próprias como a Mildeen ou a Biocura. “São produtos inovadores que vão revolucionar a categoria”, adianta Rita Agostinho.
São “centenas” as marcas próprias detidas pela Aldi Nord, para as quais recorre a fornecedores dos vários mercados onde está presente. São nove países no total. Os produtores portugueses estão também envolvidos no processo. “Por exemplo, a marca GutBio, de produtos biológicos, pode ter fornecedores portugueses, franceses ou alemães”, explica, por sua vez, Elke Muranyi, head of corporate responsibility, ao Hipersuper. Mas há também algumas marcas portuguesas entre o sortido exclusivo da cadeia, mais concretamente nas secções de vinhos e azeites, como é exemplo a marca Senhor do Lagar, vendida em exclusivo pela Aldi.
Responsabilidade corporativa
Para fazer face às crescentes exigências em termos de sustentabilidade ambiental, a Aldi publicou em junho a sua estratégia de redução das embalagens e do plástico, estando neste momento a analisar todas as embalagens de marcas próprias. “Hoje, há no mercado muitas embalagens que não podem ser recicladas, por isso queremos aumentar a reciclabilidade das nossas embalagens, apostando por exemplo em embalagens monomateriais”, salienta a diretora de responsabilidade corporativa.
A cadeia assumiu também medidas nos bastidores das lojas. Elke Murani destaca que “no armazém, desde sempre que não utilizamos, nos nossos processos logísticos, filme de plástico mas sim cintas de borrachas para manter a palete estável”. O que faz a cadeia poupar em “toneladas de plástico por ano”. Para transportar frutas e legumes, a empresa recorre a caixas reutilizáveis. “Não trabalhamos com caixas em cartão, à exceção das bananas”.
No entanto, todos os progressos no âmbito da reciclabilidade das embalagens não são válidos se o consumidor final não fizer a sua parte, considera. “Este é um dos principais desafios. Não adianta apostar em embalagens recicláveis se depois os clientes não as encaminham para os ecopontos. O plástico não é assim tão mau, desde que o consumidor, que está no fim da cadeia, feche o ciclo e assegure que as embalagens seguem para a reciclagem. E essa mensagem está a falhar”, observa a diretora. Neste sentido, e à semelhança da medida já tomada pela Aldi Nord no mercado alemão, em Portugal foi desenvolvida a simbologia “Recicla Sempre”, em conjunto com a Sociedade Ponto Verde, que abrange todos os produtos de marca própria da empresa.
*Artigo originalmente publicado na edição 375 do Hipersuper e sujeito a atualizações tendo em conta a expansão doa cadeia desde final de novembro.