Como recuperar uma marca histórica. O caso da Vista Alegre
Em 2019, a Vista Alegre e a Bordallo Pinheiro eram “duas marcas tecnicamente falidas, mas com muito potencial”

Ana Catarina Monteiro
Via Verde cria parceria com a Cooltra para aumentar oferta de serviços de mobilidade
Grupo Valouro reuniu colaboradores e parceiros para celebrar os 150 anos
AJAP organiza seminário sobre o Jovem Empresário Rural na Ovibeja
Stratesys implementa plataforma na Sumol+Compal e reforça eficiência nas compras
Auchan apresenta coleção de livros para os mais pequenos aprenderem a gerir as emoções
Takis lança Blue Heat em Portugal e reforça aposta em sabores ousados
Primeiro vinho do Douro da Casa Ermelinda Freitas eleito o melhor tinto no Citadelles Du Vin 2025
Continente vai plantar mais de 115 mil árvores para ajudar a reflorestar Portugal
Ricardo García López é o novo Diretor Financeiro da Adecco Portugal
II Edição do Go Green reforça importância de pequenas ações com grande impacto

Nuno Barra, diretor de Marketing da Vista Alegre
Nuno Barra, diretor de Marketing da Vista Alegre, descreveu esta quinta-feira, durante o Congresso das Marcas, em Lisboa, como a empresa portuguesa com quase 200 anos de existência teve que recuar às suas origens para reposicionar-se no mercado e sair do vermelho.
Em 2009, a Vista Alegre e a Bordallo Pinheiro eram “duas marcas tecnicamente falidas, mas com muito potencial”.
Na altura, a Vista Alegre registava perdas a rondar os “18 milhões de euros por ano”, caindo a duplo dígito nas suas vendas anuais, descreve o responsável discursando sobre “As marcas num mundo em mudança”, durante o congresso promovido pela Centromarca.
A Vista Alegre faturou cerca de 106 milhões de euros, em 2018, sendo as vendas no estrangeiro responsáveis por 67% do total. Proporção que deve “subir para os 73% este ano”, dá conta. O primeiro semestre do ano foi “o melhor de sempre” para a empresa, em termos operacionais, registando um resultado líquido de 3,71 milhões de euros, o dobro face ao período homólogo. A empresa espera acabar o ano com um resultado líquido “entre os 8 e 10 milhões de euros”.
A reviravolta, explica, deveu-se a um processo de reformulação que teve por base cinco pilares: Marca, posicionamento, produtos – “havia um desfasamento em relação ao mercado, que foi o ponto de partida”, design e arte, ligação aos meios de comunicação e internacionalização.
A Bordallo, adquirira pelo grupo Vista Alegre em agosto de 2018, “era uma marca kitsch, que os consumidores não percebiam muito bem, e cuja fábrica trabalhava basicamente para private label. 70% do sortido da Bordallo, há dez anos era vendido por marcas de distribuidores”, destaca.
A ligação a arte e cultura, que faz parte da essência da marca, deixada pelo seu fundador, foi uma das investidas para recuperar a marca. “Ser fiel à sua identidade é essencial para ter sucesso”. Assim, a Bordallo, que em 2009 era “associada sobretudo à figura do Zé Povinho”, é hoje a “sétima marca mais reconhecida no mercado português”, segundo o diretor de Marketing. “Está agora associada ao próprio Bordallo Pinheiro”, tendo-se posicionado como uma “marca de culto”, observa.
A Vista Alegre, por sua vez, “está a caminhar cada vez mais para ser uma marca de lifestyle”. A cinco submarcas que detinha em 2009 desapareceram em 2015, aumentando o reconhecimento desta como uma marca de produtos de vidro, porcelana e cristal.
A empresa começou a apostar também no lançamento de peças, em associação a artistas contemporâneos, como o Vills. A área contemporânea da Vista Alegre já representa cerca de 70% da produção da marca, considerando que há dez anos esta tinha um peso residual face ao sortido clássico.
A aposta no desenvolvimento de produto de valor acrescentado tem sido um dos principais drivers de crescimento do grupo fundado em 1824, afirma o responsável. Atualmente, conta mais de 150 colaborações de artistas nacionais e internacionais e todos os anos convida especialistas em design para visitarem as suas oficinas.
No ano em que comemora 25 anos de existência, a Centromarca reuniu em Lisboa mas de 600 profissionais ligados à cadeia de valor, para a primeira edição do Congresso das Marcas.
*Notícia alterada às 09h50 do dia 2 de dezembro de 2019 – Na frase “Em 2009, a Vista Alegre e a Bordallo Pinheiro eram “duas marcas tecnicamente falidas, mas com muito potencial”, a data lia-se 2019.