Espanhola Froiz expande formatos retalhista e grossista em Portugal
A Froiz trouxe no último ano o seu formato grossista para Portugal e prepara-se para expandir a rede de supermercados
Ana Catarina Monteiro
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É uma cadeia de supermercados espanhola que nem todos os portugueses conhecem mas já marca presença no norte de Portugal há 21 anos. A Froiz, uma das 20 maiores empresas de distribuição do país vizinho, trouxe no último ano o seu formato grossista para Portugal e prepara-se para expandir a rede retalhista*
Com atualmente 13 supermercados em Portugal, a cadeia espanhola Froiz tem previstas para o próximo ano duas novas inaugurações no mercado nacional, revela em entrevista ao HIPERSUPER André Leitão, responsável do Departamento de Comunicação da insígnia que tem cavalgado pelo norte do País desde 1996.
Atualmente, a cadeia sediada na Galiza está presente em 11 localidades portuguesas (Barcelos, Braga, Carvalhos, Guimarães, Ovar, Porto, Santa Maria da Feira, Valença, Viana do Castelo, Vila Nova de Gaia e Vila Praia de Âncora), com supermercados que apresentam uma dimensão média de “1200 metros quadrados” e uma oferta que “supera as dez mil referências, entre produtos frescos e de mercearia seca”.
Sem revelar as localizações das próximas aberturas nem o investimento que representam, André Leitão adianta apenas que a estratégia da empresa, quer em Espanha quer em Portugal, passa por “focar-se nas zonas onde já está implementada”, sem no entanto fechar a porta “a oportunidades de expansão que possam surgir” para outras regiões.
Assim, Ovar (em Aveiro) deve manter-se a localização mais a sul da insígnia em Portugal, onde pretende, “no curto prazo, continuar a renovar e a melhorar as instalações já existentes, adaptando-as às últimas exigências do mercado”.
Venda de produtos portugueses em Espanha
Os supermercados Froiz são “estabelecimentos de proximidade e de compra imediata”, afirma o responsável. Além das zonas dedicadas às secções de produtos frescos (talho, charcutaria, peixaria, frutaria e padaria), de higiene e limpeza, garrafeira, refrigerados, congelados, fatiados e livre serviço, cinco das 13 lojas da marca que veste as cores vermelho e azul dispõem de um espaço de cafetaria, designado “Faster Coffee”.
Apesar de deter ainda pouca expressão no total do território nacional, a insígnia tem já uma experiência de 21 anos a operar no mercado português. A abertura do primeiro espaço deu-se em Valência do Minho, dada a proximidade com Pontevedra, onde a empresa foi fundada em 1968. “Apesar da proximidade, tivemos que nos adaptar às normativas específicas do País, aos hábitos de consumo e à procura dos portugueses. Pouco a pouco, fomos formando uma equipa de profissionais que são hoje os gestores da marca e do negócio em Portugal”, dá conta o responsável.
Para corresponder às expetativas dos consumidores nacionais, “80% dos produtos comercializados são comprados a fornecedores portugueses ou empresas multinacionais com produção e distribuição no País”.
A relação de duas décadas com Portugal fez também a empresa exportar a produção portuguesa para Espanha, onde comercializa neste momento algumas marcas lusas como “Super Bock, Renova e Fruut”. Nas garrafeiras dos espaços Froiz no país vizinho, é possível também encontrar vinhos portugueses, do Porto e de outras regiões. “Além destes produtos, os iogurtes líquidos e cremosos da nossa marca própria são fabricados pela portuguesa Lactogal e, dependendo da época do ano, trabalhamos ainda com alguns produtos frescos oriundos de Portugal, nas categorias de frutas e legumes, peixe e marisco. Os setores agroalimentares em Portugal e em Espanha são muito competitivos e oferecem uma excelente qualidade”, indica o responsável de Comunicação.
Estreia de negócio Cash and Carry em Portugal
A cadeia de supermercados é complementada em Portugal pela loja online com 8000 referências de mercearia disponíveis, cuja entrega ao domicílio é efetuada pela própria empresa.
Além disso, opera também uma rede de distribuição grossista, a qual expandiu também ao mercado português em setembro do ano passado, com a abertura do primeiro estabelecimento Cash Froiz em solo luso, nomeadamente em Braga. O espaço posiciona-se em um polígono industrial no qual a empresa ergueu também um centro de distribuição.
“O recinto ocupa uma superfície de 5000 metros quadrados, distribuídos entre a plataforma logística central, que garante o abastecimento de todos os supermercados no País, e a loja destinada ao canal Horeca. Anteriormente, tínhamos um centro de distribuição de menor dimensão nesse mesmo polígono”, lembra o responsável.
No último ano, a Froiz alcançou um volume de negócios de 30 milhões de euros em Portugal, que representam um aumento de 5% face ao ano precedente. Este ano, a insígnia espera evoluir 3,5% em vendas.
O mercado nacional pesa apenas 5% da faturação total do grupo ibérico, que em 2016 alcançou os 605 milhões de euros em volume de negócios (+4,3% em relação ao ano anterior). Em Espanha, a empresa com 49 anos de existência posiciona-se “entre as vinte maiores empresas de distribuição”, ostentando uma rede formada por seis hipermercados, oito espaços “cash and carry” e 216 supermercados.
Além daqueles, opera sob regime de franchising 70 espaços das marcas MercaMas, MercaExpress e Atlántico. “Contam com um sortido básico de mercearia e um espaço de vendas inferior a 300 metros quadrados”, descreve André Leitão.
Froiz e Mercadona, duas retalhistas espanholas à conquista de Portugal
São duas retalhistas espanholas que estão à conquista do mercado português. No entanto, enquanto a Mercadona se prepara para entrar em Portugal em 2019, a Froiz já está cá há mais de 20 anos e conhece melhor que qualquer outra insígnia presente no País a cadeia que já é sua concorrente em Espanha. Além disso, a Mercadona quer entrar em Portugal através do norte do País, região onde a Froiz está a expandir, devido à proximidade com a Galiza. No entanto, André Leitão, responsável do departamento de comunicação da empresa em Portugal, não prevê qualquer impacto com a chegada da nova concorrente.
“Aqui, em Portugal, as empresas do setor são muito competitivas e há um potente desenvolvimento e implantação de todos os formatos: centros comerciais, hipermercados, supermercados, lojas tradicionais, lojas especializadas, lojas de desconto, proximidade, franchising, entre outras. Temos de estar muito atentos ao mercado. Devemos ouvir os nossos clientes e tratar de nos adaptar com agilidade às suas exigências, oferecendo produtos de qualidade aos melhores preços, com um bom sortido, serviço e atendimento. O objetivo é criar com o cliente uma relação a longo prazo, pelo que a entrada de um novo concorrente no setor não altera o modelo de gestão. A nossa obrigação é tentar constantemente fazer as coisas cada dia um pouco melhor e que o cliente nos escolha para fazer a sua compra. É fundamental contar nos estabelecimentos com equipas motivadas que se preocupem com os clientes e por melhorar cada dia”.
*Artigo publicado originalmente na edição impressa de setembro e na área “premium” do site (disponível apenas para subscritores)