Novos métodos de pagamento: Dor de cabeça ou oportunidade para aumentar as vendas?
Quem domina este mercado e quais as soluções em ascensão junto dos consumidores? Que evoluções se podem esperar nos próximos anos? Devem os retalhistas aderir de imediato aos métodos de pagamento alternativos? Eis algumas das questões que a plataforma gratuita de simulação financeira ComparaJá.pt procura responder em mais uma análise exclusiva para o HIPERSUPER
Rita Gonçalves
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Análise do ComparaJá.pt
A utilização cada vez mais comum de tecnologias móveis, como smartphones e tablets, não podia deixar de ter repercussões na forma como os retalhistas interagem com consumidores, e vice-versa.
Uma dessas consequências materializa-se nos métodos de pagamento, existindo hoje opções muito diversificadas para os consumidores efetuarem as suas compras, sejam estas online ou presenciais, com dinheiro real ou digital.
Se é verdade que os cartões de crédito – cuja origem remonta aos Estados Unidos da América (EUA) há cerca de 50 anos – continuam a ser um dos métodos de pagamento mais utilizados em todo o mundo, é também verdade já não estão sozinhos.
Afinal, quem domina este mercado e quais as novas soluções em ascensão no seio dos consumidores? Que evoluções se podem esperar nos próximos anos? Devem os retalhistas aderir de imediato aos métodos de pagamento alternativos? Eis algumas das questões que a plataforma gratuita de simulação financeira ComparaJá.pt procurou responder.
Google e Apple entre os principais players
Ao que parece, há poucos mercados onde as duas gigantes tecnológicas não “molham o pé”. Entidades financeiras, grandes operadoras e retalhistas são os restantes players a juntar-se à Google e Apple.
A Google, como não podia deixar de ser, foi pioneira neste campo, tendo lançado em 2011 o Google Wallet e, dois anos mais tarde, o Google Wallet Card, ainda que apenas nos EUA. O cartão permite que os consumidores façam pagamentos e levantamentos de dinheiro em todos os sítios que aceitem a utilização de cartões MasterCard.
Mais recente é o caso da Apple que, em outubro de 2014, lançou a Apple Pay como resultado de uma parceria com várias entidades, entre as quais a American Express, MasterCard e Visa. No espaço de três dias já havia registo de um milhão de cartões de crédito na aplicação.
Por cá, também já foram alguns os players que se chegaram à frente. Em 2014, a Portugal Telecom (PT) lançou a MEO Wallet e, no final desse ano, a empresa sueca Seamless entrou com a plataforma SEQR. No ano passado entrou no mercado o MB Way, da SIBS.
Meios de pagamento com dinheiro real
O sistema de pagamento EasyPay é provavelmente um dos mais vantajosos em Portugal uma vez que concilia a possibilidade de pagamento através de referências multibanco, débito direto e o pagamento via cartão de crédito:
- No caso das referências multibanco, estas são geradas em tempo real, no momento em que o consumidor faz o check-out e escolhe o meio de pagamento. Apresentam um custo de aproximadamente 0,25 cêntimos mais 1,8% do preço final do artigo;
- O débito direto tem um custo de 0,60 cêntimos;
- O consumidor pode ainda optar por pagar diretamente com o cartão de crédito bastando disponibilizar os seus dados no momento da compra. O pagamento através de cartões de crédito tem um custo de 0,25 euros mais 2,95% sobre o valor final do artigo.
Uma das vantagens para os retalhistas deste modo de pagamento prende-se com o facto de colocar à disposição o acesso a relatórios e sistema de faturação para encomendas processadas.
Por seu turno, o PayPal é provavelmente o sistema mais utilizado pelos consumidores no momento em que estão a fazer as compras pela internet, tendo conseguido conquistar um número crescente de utilizadores ao longo dos últimos anos.
Uma vez que se trata de um meio de pagamento bastante seguro, no qual não são facultadas quaisquer informações sobre contas ou cartões bancários do cliente e apresenta valores transacionais em conta para quem gere este tipo de lojas – que variam entre 1,9% e 3,4% (dependendo do volume total de vendas), ao qual é somado um valor fixo de 0,35 cêntimos por transação (valores aplicáveis dentro da zona euro). Estes valores vão sendo cada vez menores quanto maior for o volume de vendas.
Por exemplo, se um retalhista receber mais de 2.500 euros por mês, pode solicitar a tarifa PayPal para vendedores, cujas taxas são menores, podendo mesmo alcançar a taxa de 1,9% caso o volume de vendas seja superior a 100.000,01 euros mensais.
Se o pagamento for feito a partir do saldo disponível na conta PayPal, o comerciante não terá custos decorrentes dessas transações. Se os pagamentos forem realizados fora da zona euro, podem aplicar-se taxas adicionais.
O MB Way permite aos consumidores associar cartões bancários a um número de telemóvel, conseguindo desse modo fazer compras ou transferências imediatas através do smartphone ou tablet.
Além disso, está integrada a solução de segurança MB NET, com a qual se podem fazer compras online em qualquer site que aceite pagamentos com American Express, MasterCard ou Visa. A operadora SIBS disponibiliza ainda uma aplicação com a qual podem ser gerados cartões virtuais.
Por fim, o PaySafeCard está disponível apenas para pagamento de serviços e consiste na aquisição de códigos PIN no valor de 10, 25, 50 ou 100 euros, os quais são colocados pelo consumidor para a aquisição do serviço e o pagamento fica efetuado. Mais uma vez, este pagamento, apesar de não ser universal, não apresenta custos para o retalhista.
Meios de pagamento com dinheiro digital
Este tipo de sistema de compras tem sido cada vez mais utilizados pelos consumidores e, consequentemente, mais disponibilizados pelos retalhistas. Carteiras online como a Meo Wallet, Skrill, Paiza ou Neteller, que funcionam como um banco virtual que facilita pagamentos e transações na internet, são algumas das mais usadas atualmente, aceitando depósitos e levantamentos que, por norma, são mais rápidos e com taxas mais baixas do que os meios convencionais.
Tal como alguns métodos reais, estas também disponibilizam a possibilidade de utilizar um cartão MasterCard pré-pago.
Uma rede totalmente inovadora é a BitCoin. Inspirada em pagamentos peer-to-peer, constitui a primeira moeda digital descentralizada. As transferências são feitas diretamente entre duas pessoas, não havendo qualquer intermediário e fazendo com que as taxas por transação sejam muito baixas.
Nesses pagamentos basta exibir um código QR presente na aplicação do smartphone e deixar o retalhista fazer a leitura do código, ou simplesmente juntar os dois telefones, utilizando a tecnologia de rádio NFC.
Posteriormente, os retalhistas e consumidores podem trocar as bitcoins por qualquer outra moeda em corretores para o efeito. Quanto às transações, ficam guardadas num código aberto e público.
Um sistema muito semelhante é o SEQR, um serviço de carteira móvel muito comum na Europa que permite que os consumidores, através de um smartphone, façam pagamentos em lojas, restaurantes, parques de estacionamento e online.
O SEQR permite ainda transferir dinheiro sem quaisquer custos, ligar programas de fidelização, guardar recibos em formato digital e receber ofertas e promoções diretamente através da aplicação. Tal como a BitCoin, esta app funciona através da leitura ou toque num código QR/NFC na caixa e aprova a compra após a introdução de um código PIN.
Uma vantagem desta solução é que, baseado no número de transações realizadas por mês, o consumidor pode receber um reembolso máximo de 3% por cada compra.
Meios de pagamento móveis: o futuro?
Retalhistas e comerciantes de todas as áreas devem considerar as diferentes opções apresentadas – sejam digitais ou não, emergentes ou já fixadas – de modo a ter uma maior oferta integrada no negócio.
Essa escolha, no entanto, deve ser avaliada de acordo com a facilidade de integração dos sistemas de pagamento escolhidos, sendo necessário que haja harmonia na sua implementação – seja este com dinheiro digital ou real – com as especificidades do negócio (volume de vendas, tipo de produto ou serviço prestado e público-alvo).
Fazer projeções para o futuro das metodologias de pagamento é sempre arriscado pois a tecnologia evolui a cada dia. No entanto, é certo que os cartões físicos terão sempre um papel preponderante no mercado dos sistemas de pagamento, principalmente com a chegada da tecnologia EMV, com recurso a um chip em vez da tradicional banda magnética.
Também não há dúvidas relativamente às soluções de pagamento móveis, as quais têm uma enorme potencial para crescer e que muito poderão beneficiar os retalhistas que souberem aproveitar as suas vantagens. A Starbucks, por exemplo, com um tipo de produto tipicamente de grande volume e baixo custo, o ano passado já contava com pagamentos móveis a atingirem mais de 16% do total do volume de vendas, representando cerca de 800 mil clientes do Bank of America que aderiram à Apple Pay.
Será a tentativa de prestar o melhor serviço ao cliente, tendo por base a simplicidade e segurança, bem como a disputa pelas margens financeiras e pelo controlo de bases de dados de clientes, que vai marcar este mercado. Resta-nos agora esperar pela seleção natural a funcionar.