Consumidor frugal: ameaça ou oportunidade?
O mote está dado e o crescimento da economia frugal é perfeitamente visível. Resta agora perceber quais os setores e empresas que vão liderar esta evolução (e quais ficarão para trás por não colocarem já hoje a inovação frugal no topo das suas prioridades)

Rita Gonçalves
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Por Sérgio Pereira, diretor geral do ComparaJa.pt
Frugal. Eis o adjetivo que melhor qualifica o consumidor atual, mais exigente e informado do que nunca, que só está disposto a pagar mais por melhor.
Ao invés de ser movido pela poupança de dinheiro, independentemente de sacrificar a qualidade e valor com o único objetivo de melhorar as suas economias a curto prazo, este consumidor procura maximizar o valor total, incluindo algo que não tem preço: o seu tempo. Este consumidor não se preocupa só em gastar menos, mas antes em priorizar os seus gastos de forma a tirar mais partido das coisas que realmente lhe importam.
Foi com este consumidor que surgiu a denominada economia frugal. Sobretudo impulsionada pelo crescente aumento da responsabilidade social e ambiental da nossa sociedade e pela crise financeira prolongada que veio reduzir o poder de compra, esta nova visão de consumo veio para ficar.
Ansiosas por economizar dinheiro e minimizar o seu impacto ecológico, as pessoas estão, também neste sentido, a evitar cada vez mais a propriedade individual a favor do acesso partilhado a produtos e serviços. Prova disso é o ‘boom’ do mercado global de produtos e serviços compartilhados, o qual, segundo um estudo da PwC, deverá valer cerca de 300 mil milhões de euros em 2025.
E aqui não falamos apenas de plataformas como a Airbnb ou Uber, mas também de outras soluções que têm surgido em áreas tão diversas como a Banca – de salientar, a título exemplificativo, o mercado de empréstimos ‘peer-to-peer’. Ignorando as burocracias e taxas pouco atrativas dos bancos tradicionais, também segundo a PwC este setor deverá valer mais de 150 mil milhões de euros em 2025. Se é certo que, nos dias de hoje, os portugueses só recorrem às instituições bancárias para obter um crédito pessoal, dentro de uns anos esta realidade será bem diferente.
É precisamente graças a estas mudanças que os consumidores, outrora passivos, se estão a tornar consumidores proativos.
Ora, para sobreviverem a esta mudança, as grandes empresas terão que se reinventar para atender às necessidades do mercado de uma forma mais eficiente. Os seus modelos de negócio “mais por mais” terão de ser direcionados para um novo objetivo: oferecer mais e melhor, por menos.
Em tempos de recursos escassos – e que nunca mais abundarão – as organizações deverão, assim, investir na criação de produtos e serviços simples, eficazes e de alta qualidade.
Além deste desafio, os grandes “players” deverão igualmente procurar mecanismos que permitam que estes consumidores proativos contribuam para o processo de desenvolvimento dos produtos e serviços que procuram. Só com uma abordagem que potencie o “empowerment” dos seus clientes as organizações conseguirão fidelizar os consumidores. Num mercado cada vez mais competitivo e cuja profusão de marcas conduzirá ao distanciamento dos consumidores, mesmo as “love brands” de hoje terão de se adaptar para serem bem-sucedidas amanhã.
O mote está dado e o crescimento da economia frugal é perfeitamente visível. Resta agora perceber quais os setores e empresas que vão liderar esta evolução (e quais ficarão para trás por não colocarem já hoje a inovação frugal no topo das suas prioridades).
Frugal – [adj. 2 g.] o que é comedido, simples, económico no uso de recursos, evitando o desperdício, a extravagância e o esbanjamento desnecessários.