Francisco Távora, country manager da Animate
Animate traz novo conceito de venda automática para Portugal
A Animate instalou 77 lavandarias automáticas em parques de estacionamento de hiper e supermercados, um investimento global de 2,5 milhões de euros. Francisco Távora, country manager, estima que este negócio tenha representando no ano passado cinco milhões de euros. E promete trazer para Portugal um novo conceito de venda automática em 2017
Rita Gonçalves
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Entrevista a Francisco Távora, country manager da Animate
A Animate instalou 77 lavandarias automáticas em parques de estacionamento de hiper e supermercados, um investimento global de 2,5 milhões de euros. Francisco Távora, country manager, estima que este negócio tenha representando no ano passado cinco milhões de euros. E promete trazer para Portugal um novo conceito de venda automática em 2017
Quando é que a Animate iniciou operação em Portugal? Além das lavandarias automáticas, tem outras atividades?
A Animate Fotofixe iniciou a atividade em Portugal em 1961 com a instalação das primeiras cabines fotográficas automáticas. As máquinas de fotografia “tipo passe” foram o principal negócio da empresa durante os últimos 54 anos, com elevada concentração na cidade de Lisboa. A empresa também opera algumas máquinas de impressão de fotografia “speed lab” e também de diversão infantil “kiddy ride”, embora estas últimas tenham pouca expressão no nosso volume de negócios. Até o ano de 2015 as cabines fotográficas foram dominantes no volume de negócios da Animate, mas agora são as lavandarias automáticas que tem maior expressão na nossa atividade.
Como nasceu este projeto de instalação de lavandarias em supermercados no nosso País?
A Animate Fotofixe pertence ao grupo multinacional Photo-Me International que opera máquinas de venda automática em 17 países. O grupo lançou no mercado francês o novo conceito de lavandaria automática “Revolution” com equipamentos colocados ao ar livre, em parques de estacionamento de super e hipermercados. Depois de constatar o extraordinário sucesso deste negócio em França, decidimos introduzir o conceito em Portugal.
Que balanço faz do negócio em França?
O ritmo de crescimento em França foi muito elevado e decidimos experimentar o negócio em Portugal. Em 2014, instalamos três unidades em Portugal idênticas às que a Photomaton tem em França. O sucesso foi imediato e a partir daí não parámos de crescer.
Quem são os vossos concorrentes em Portugal e como se diferenciam destes na proposta de valor?
Em Portugal não temos concorrência direta. Não há empresas para além da nossa que opere lavandarias automáticas ao ar livre, acessíveis 24 horas por dia. A concorrência que mais se aproxima ao nosso conceito são as lavandarias automáticas instaladas em espaços comerciais interiores. Essas lavandarias automáticas tradicionais têm horários de funcionamento restritos e na maioria dos casos os clientes ficam no interior da lavandaria a aguardar que termine o ciclo de lavagem. Os clientes das nossas lavandarias automáticas “Revolution” aproveitam para fazer as suas compras no interior do supermercado, e recolhem a sua roupa lavada quando terminam.
Existem ainda os serviços de lavandaria complementares às máquinas automáticas, como a limpeza a seco e a engomadoria. Temos preferência por instalar os nossos equipamentos em locais onde já existem serviços deste tipo, dado que em conjunto com a lavagem automática dão aos clientes uma solução completa para o tratamento da roupa.
Investimento global de 2,5 milhões de euros
No ano passado, instalaram 72 equipamentos na rede de lojas Intermarche e E.Leclerc. E este ano planeiam abrir mais 30, num investimento global de 2,5 milhões de euros. Quando preveem alcançar o retorno?
Instalámos 13 equipamentos em 2014 e 59 equipamentos em 2015, terminando o ano passado com um parque total de 72 lavandarias. Só em Janeiro deste ano já instalámos mais cinco equipamentos. Os custos do negócio variam consoante o local e os trabalhos de infraestrutura necessários para a instalação, e também as quantidades de equipamentos que adquirimos. Este negócio é capital intensivo e o retorno acontece ao final de alguns anos.
O plano de expansão fecha nos 102 equipamentos?
O potencial do mercado nacional é muito superior a 100 equipamentos. Estamos neste momento a rever o nosso plano de expansão com base na experiência que já adquirimos e podemos em breve rever em alta o número de lavandarias que vamos instalar em 2016, mas é seguro que vamos chegar ao verão com mais de 100 unidades instaladas em todo o país. Neste momento as áreas prioritárias para a nossa expansão são a região da Grande Lisboa e o Norte de Portugal.
Quais as principais dificuldades na expansão do conceito junto dos retalhistas com operação em Portugal, concretamente os portugueses?
Estamos neste momento em conversações com mais duas cadeias de retalho de âmbito nacional. Oportunamente será possível especificar quais são caso seja possível concretizar uma parceria para este negócio.
Para as maiores cadeias retalhistas portuguesas, a decisão para uma parceria deste tipo está centralizada nos diretores da sede da cadeia. São processos demorados e complexos dada a dimensão do negócio. Até agora temos negociado parcerias diretamente com o dono da unidade de retalho que tem facilidade em perceber o benefício económico e financeiro do negócio para a sua loja. Quando o nosso interlocutor não é dono do negócio, mas apenas um gestor, sente mais segurança em adiar as decisões.
Quantos clientes utilizaram os equipamentos no ano passado?
Em 2015, as nossas máquinas tiveram mais de 100.000 utilizações e prevemos ter mais de 200.000 utilizações em 2016. O mesmo cliente pode fazer mais que uma utilização na mesma visita à máquina, e pode fazer várias visitas ao longo do ano. É por isso difícil estimar o número de pessoas que usam os equipamentos.
A adesão dos portugueses ao nosso conceito de lavandaria automática é largamente superior às nossas expectativas iniciais. Constatamos que estamos a preencher uma lacuna no mercado para as pessoas que não tinham acesso a este serviço de conveniência e custo baixo. Ao observar o comportamento dos clientes, ficamos com a ideia que estamos a contribuir para a criação de um novo mercado pela alteração dos hábitos do consumidor. Refiro-me à lavagem de grandes peças como cobertores, édredons e tapetes que vemos serem lavados com elevada frequência nas nossas máquinas. Penso que até agora as pessoas optavam pela limpeza a seco das peças grandes uma ou duas vezes por ano e agora tem a possibilidade de fazer a lavagem dessas peças com uma frequência mensal.
Quanto vale este negócio das lavandarias automáticas em Portugal?
Não há dados rigorosos sobre a atividade, embora seja claro que o crescimento é muito elevado. Estimamos que em 2015 o volume de negócios das lavandarias automáticas foi superior a cinco milhões de euros. A nossa expectativa é que seja o dobro em 2016.
Serviço complementar ao comércio alimentar
Quais as principais caraterísticas dos equipamentos ‘Revolution’?
Para o operador os equipamentos representam uma solução “chave na mão” que apenas necessita de ser ligado à água e eletricidade ficando imediatamente disponível para servir os clientes. Cada unidade vem montada de fábrica com as máquinas de lavar e secar, doseador de detergente e central de pagamentos. Os prazos de entrega do fabricante são muito curtos facilitando a gestão dos calendários de instalação.
Para o dono do supermercado, a lavandaria é acima de tudo uma ferramenta de marketing. É um fator de atracão de clientes pela novidade e por ser um serviço complementar ao comércio alimentar. É um serviço de conveniência para o cliente da loja, que faz as suas compras no interior enquanto a sua roupa fica a lavar. Para os utilizadores, os equipamentos são uma solução “low-cost” prática, conveniente e acessível. A elevada capacidade das máquinas permite ao consumidor fazer a lavagem da roupa a um custo inferior ao que consegue em sua casa e, além disso, permite lavar peças de grande volume que não cabem nas máquinas domésticas. As máquinas estão em locais convenientes onde o utilizador pode fazer compras ou tomar uma refeição. Funcionam durante as 24 horas do dia, todos os dias do ano, sempre prontas a trabalhar.
Que balanço faz da atividade da Animate em Portugal desde o início, maio 2014, quando instalaram primeira máquina?
A empresa passou o último ano e meio a fazer a gestão de um crescimento muito acelerado em contraciclo com outras atividades económicas. Apostámos num negócio de conveniência “low-cost” e fomos capazes de ir ao encontro de uma necessidade por preencher no mercado. Hoje, as lavandarias automáticas representam mais de 60% do volume de negócios da empresa e são o centro da nossa atenção no dia a dia.
Não fomos os primeiros a operar lavandarias automáticas em Portugal, mas fomos inovadores quanto à localização dos equipamentos. Hoje podemos afirmar que operamos a maior rede de lavandarias automáticas “self service” em Portugal, em termos de unidades instaladas.
Quais os principais desafios para a empresa?
É um grande desafio manter este ritmo de crescimento. Na gestão das operações, aumenta a dimensão e complexidade da nossa rede de equipamentos de mês para mês. Os conhecimentos técnicos e a dimensão da equipe também têm que ser atualizados, e a aprendizagem acontece sobretudo no terreno. Na vertente comercial, é necessário um esforço continuo para encontrar novos locais e novas redes de retalho para onde crescer.
Sendo um novo negócio em Portugal, consideramos um desafio introduzir a muitos profissionais das grandes superfícies este novo conceito de lavandarias automáticas e o seu efeito de sinergia com o retalho alimentar. Temos sido surpreendidos pela positiva com a recetividade que a nossa atividade tem em muitos super e hipermercados, mas sabemos que temos um longo percurso a percorrer para chegar a todas as cadeias em Portugal.
A diversificação do tipo de estabelecimento onde instalamos as “Revolution” é também um desafio a superar em 2016. Consideramos os postos de combustível onde há lojas de conveniência uma boa aposta para a instalação de lavandarias automáticas, sobretudo aquelas localizadas em grandes centros habitacionais. Queremos colocar um equipamento em uma destas cadeias até ao final deste ano.
O nosso objetivo a longo prazo é manter o crescimento através da diversificação de produtos de venda automática que podemos trazer para o mercado. O grupo Photo-Me tem uma equipe de desenvolvimento de produto que continuamente testa novos equipamentos de venda automática no ramo não alimentar. Queremos trazer para Portugal um novo conceito de venda automática em 2017.