Retrato do setor do azeite: produção, consumo e exportação. Por: Mariana Matos (Casa do Azeite)
“O setor do azeite em Portugal conheceu na última década um crescimento notável. Impulsionado por um investimento massivo que conduziu a uma enorme revitalização deste setor tradicional da agricultura portuguesa, não só ao nível da produção mas também ao nível da qualidade do produto, da sua apresentação e comercialização, tem apresentado elevadas taxas de crescimento ao longo de toda a cadeia de valor”. Por Mariana Vilhena de Matos, secretária-geral da Casa do Azeite – Associação do Azeite de Portugal
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Por Mariana Vilhena de Matos, secretária-geral da Casa do Azeite – Associação do Azeite de Portugal
O setor do azeite em Portugal conheceu na última década um crescimento notável. Impulsionado por um investimento massivo que conduziu a uma enorme revitalização deste setor tradicional da agricultura portuguesa, não só ao nível da produção mas também ao nível da qualidade do produto, da sua apresentação e comercialização, tem apresentado elevadas taxas de crescimento ao longo de toda a cadeia de valor.
Apresenta-se seguidamente um balanço (ainda provisório) da campanha oleícola de 2014/2015, analisando os principais fatores na origem do desempenho do setor, particularmente ao nível da produção, do consumo interno e das exportações.
PRODUÇÃO
Na campanha oleícola de 2014/2015 a produção portuguesa, segundo os dados do INE, atingiu as 60.944 toneladas, valor que representa uma quebra de cerca de 33,5% em relação à campanha anterior (Quadro 1).
Quadro 1 – Evolução da produção em Portugal, por região. (toneladas)
2006 | 2007 | 2008 | 2009 | 2010 | 2011 | 2012 | 2013 | 2014 | |
Entre Douro e Minho | 419 | 157 | 584 | 380 | 488 | 281 | 348 | 417 | 247 |
Trás-os-Montes | 16.256 | 9.572 | 15.098 | 10.296 | 16.755 | 13.277 | 9.020 | 13.849 | 12.607 |
Beira Litoral | 4.793 | 1.496 | 5.198 | 5.313 | 3.231 | 4.580 | 2.506 | 4.583 | 1.436 |
Beira Interior | 6.113 | 3.029 | 6.108 | 5.407 | 5.949 | 4.676 | 3.525 | 5.115 | 3.205 |
Ribatejo e Oeste | 4.125 | 2.692 | 3.264 | 7.343 | 4.231 | 4.761 | 3.963 | 5.729 | 2.629 |
Alentejo | 14.878 | 14.566 | 22.998 | 32.664 | 31.591 | 47.278 | 39.436 | 61.220 | 40.561 |
Algarve | 908 | 785 | 556 | 1.054 | 669 | 1.350 | 319 | 673 | 258 |
TOTAL: | 47.492 | 32.297 | 53.808 | 62.457 | 62.914 | 76.203 | 59.117 | 91.587 | 60.944 |
Fontes: INE
A quebra de produção nacional resultou da conjugação de um ano de contra-safra (fenómeno característico da produção de azeite e em que a seguir a um ano de grande produção vem normalmente uma ano com produções mais baixas), e de condições meteorológicas e fitossanitárias particularmente adversas para a produção de azeitona, principalmente nos olivais tradicionais de sequeiro, que representam cerca de 80% da área de olival em Portugal. Apesar da quebra de produção verificada na presente campanha, o alargamento da base produtiva nacional (Quadro 2.) permitirá que a produção de azeite em Portugal continue a crescer até valores próximos das 100.000 toneladas, no horizonte de 2020, o que é, aliás, expectável em função do investimento que tem sido feito no setor produtivo nos últimos anos.
Quadro 2 – Evolução da área de olival em Portugal, por região.
1999 | …. | 2009 | 2010 | 2011 | 2012 | 2013 | 2014 | |
Entre Douro e Minho | 1.115 | 879 | 879 | 879 | 879 | 891 | 894 | |
Trás-os-Montes | 72.295 | 78.778 | 78.779 | 78.779 | 78.838 | 79.748 | 80.159 | |
Beira Litoral | 77.917 | 15.797 | 14.817 | 15.797 | 15.797 | 15.797 | 15.797 | |
Beira Interior | 49.017 | 49.022 | 49.022 | 49.127 | 49.127 | 49.142 | ||
Ribatejo e Oeste | 36.831 | 25.585 | 25.585 | 25.587 | 25.587 | 25.589 | 26.402 | |
Alentejo | 138.083 | 165.391 | 165.386 | 166.868 | 168.295 | 171.829 | 171.140 | |
Algarve | 8.788 | 8.752 | 8.752 | 8.752 | 8.769 | 8.789 | 8.816 | |
TOTAL: | 335.029 | 344.199 | 343.220 | 345.684 | 347.292 | 351.770 | 352.350 |
Fonte: INE (1999 – Recenseamento Geral Agrícola)
CONSUMO
O consumo de azeite em Portugal apresenta-se relativamente estável ao longo dos últimos anos e, segundo os dados do INE, situa-se em cerca de 78.000 toneladas, ou seja, cerca de 7,8 kg per capita. No entanto, e segundo a A.C. Nielsen – que representa sobretudo o consumo na distribuição moderna – o consumo de azeite em Portugal está em decréscimo, tendo sofrido uma quebra em 2014 de cerca de 5% em volume e um decréscimo de quase 20% em valor. O preço médio de venda de azeite ao consumidor final, no ano de 2014 e segundo a mesma fonte, foi de cerca de €3,28/kg. Mais recentemente, e por causa da já má produção de azeite na campanha, que também se verificou nos principais países produtores europeus e levou a uma certa escassez de produto no mercado, os preços do azeite na origem tem sofrido aumentos muito significativos, razão pela qual se prevê que em 2015 o consumo de azeite em Portugal possa sofrer novas quebras.
EXPORTAÇÕES
O segmento exportador revela o comportamento mais dinâmico de toda a fileira, colocando atualmente Portugal no TOP 5 dos países que mais exportam a nível mundial. Nos últimos anos, as exportações nacionais têm aumentado a um ritmo muito acentuado e prevê-se que este crescimento continue a ocorrer nos próximos anos, pese embora o impacto negativo que pode ter para as exportações nacionais o aumento significativo do preço do azeite que se tem verificado, particularmente no último ano, e que decorre da quebra da produção verificada em 2014/2015.
Portugal exportou em 2014 cerca de 135 mil toneladas de azeite, ou seja, mais que quadruplicou as suas exportações em relação ao ano de 2008 (30,6 mil toneladas). Os principais mercados de destino do azeite nacional são Espanha, Brasil e Itália e Angola, mas o tipo de exportações para Itália e Espanha é maioritariamente a granel, com menor valor acrescentado, enquanto as exportações com destino ao Brasil e Angola são maioritariamente de azeite de marca, embalado, de elevada qualidade e valor acrescentado.
Quadro 3 – Exportações nacionais de Azeite Virgem e Azeite, por destino
(valores em toneladas)
2008 | 2009 | 2010 | 2011 | 2012 | 2013 | 2014 | |
Brasil | 21.885,5 | 24.655,2 | 32.600,2 | 34.086,4 | 42.385,1 | 41.702,0 | 44.818,7 |
Angola | 1.687,6 | 2.251,9 | 2.173,0 | 3.407,4 | 4.276,5 | 4.339,7 | 5.367,3 |
EUA | 1.493,8 | 1.500,6 | 1.813,0 | 1.957,9 | 1.540,1 | 1.122,0 | 1.093,5 |
Venezuela | 1.068,2 | 830,0 | 1.037,6 | 1.225,3 | 1.116,3 | 631,0 | 755,8 |
França | 131.8 | 276,0 | 793,4 | 833,6 | 1.986,2 | 5.782,7 | 4.284,5 |
Cabo Verde | 386,1 | 690,7 | 733,1 | 833,9 | 722,9 | 842,9 | 896,2 |
Reino Unido | 386,8 | 290,2 | 305,5 | 194,3 | 81,1 | 112,8 | 216,2 |
Países Baixos | – | 39,7 | 391,6 | 74,1 | 71,7 | 190,9 | 295,2 |
Coreia do Sul | 419,2 | 696,0 | 100,5 | 183,5 | 3,3 | 42,2 | 20,3 |
Espanha* | 1.536,9 | 18.501,1 | 19.852,6 | 32.611,6 | 38.167,9 | 42.570,6 | 55.897,2 |
Itália* | – | 1.279,8 | 901,4 | 5.881,0 | 6.865,2 | 5.503,6 | 15.565,7 |
Outros | 1.510,2 | 2.383,3 | 2.767,9 | 4.225,3 | 4.497,0 | 4.162,2 | 6.142,1 |
TOTAL: | 30.658,9 | 53.394,5 | 63.469,8 | 85.514,3 | 101.713,3 | 108.792,9 | 135.352,7 |
Fonte: Eurostat (Dados relativos a exportações de Azeite embalado + Azeite a granel, em toneladas)
* Espanha e Itália – exportações maioritariamente a granel
Em termos de saldo da balança comercial, não podemos também deixar de assinalar o excelente resultado obtido nos últimos anos, com particular destaque para o saldo positivo de 141,6 milhões de euros obtido em 2014, numa evolução que traduz claramente o atual excelente momento do setor exportador nacional.
Quadro 4 – Evolução do Saldo da Balança Comercial (milhões de euros)