Internacionalização como resposta a recessões internas
Os retalhistas encontraram na internacionalização a resposta às perspectivas negativas de crescimento interno.
Victor Jorge
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Segundo o novo estudo “What’s in store for European retail 2012?”, publicado pela consultora imobiliária global Cushman & Wakefield (C&W), a internacionalização parece ser a resposta que os retalhistas encontraram para a falta de crescimento registado nos diversos mercados internos.
“Um número crescente de retalhistas e investidores estão a reforçar a sua actividade além fronteiras e a expandir internacionalmente em resposta a uma economia europeia debilitada”, revela o estudo da consultora.
Segundo as previsões da Cushman&Wakefield, em 2012, deverá assistir-se a um acentuar ainda maior desta expansão internacional das principais marcas, referindo, contudo, a manutenção da “cautela dos retalhistas no seu crescimento”, sendo extremamente rigorosos nos seus objectivos de minimizar custos e maximizar margens. O enfoque mantém-se ainda nas localizações prime, com especial destaque para o comércio de rua das grandes capitais.
“É já visível por parte de alguns retalhistas, uma maior atenção para os mercados emergentes ou para as cidades secundárias em mercados maduros”, admitindo a consultora que “esta é ainda uma tendência incipiente, estando actualmente o maior enfoque nas localizações prime e em activos de qualidade”.
Em Portugal, o comércio de rua está em contra-ciclo com os restantes formatos de retalho, tendo nos últimos anos registado um crescimento significativo, especialmente na cidade de Lisboa, para onde continua a haver procura por parte de retalhistas internacionais.
Assim, a C&W prevê que “a redução dos níveis de consumo continue a marcar os próximos anos”, pelo que a estratégia dos retalhistas deverá passar pelo enfoque na “inovação, qualidade e diferenciação”.
Além disso, a aderência à venda de produtos através da Internet tem sido uma das estratégias seguidas, como forma de servir todo o País sem respectivo investimento em lojas físicas.
A nível global, a corrida para os retalhistas adaptarem os seus modelos de negócio à nova tendência de e-commerce e m-commerce (mobile) já começou, melhorando a experiência do consumidor com uma oferta multicanal. “Estas novas formas de comércio, via Internet ou telefone, serão seguramente canais de venda representativos para o futuro”, admite a C&W.
Em suma, a necessidade de eficiência, de avanço tecnológico e de qualidade e boa localização nos imóveis serão as preocupações principais dos retalhistas em todos os mercados europeus, de acordo com o estudo da C&W.
De acordo com Marta Esteves Costa, associate e directora de research e consultoria da Cushman&Wakefield em Portugal, “as perspectivas para a evolução do consumo em 2012 têm ainda um elevado grau de incerteza, se por um lado a expectativa de níveis de inflação e de taxas de juros mais baixos poderão impulsionar o poder de compra em 2012, por outro os ainda baixos níveis de confiança dos consumidores aliados a uma crise de dívida soberana por resolver, não permitem concluir sobre uma recuperação robusta e sustentada já em 2012”.
Desta forma, a responsável da consultora refere que “a dicotomia no mercado de retalho europeu será uma certeza em 2012”.
Um consumo prudente e um foco no preço por parte dos consumidores, têm, segundo Marta Esteves Costa “beneficiado os retalhistas e lojas com preços mais baixos como o Lidl, Aldi, Primark e H&M, os quais estão a expandir os seus portfólios, enquanto os mais ricos e mais protegidos da turbulência da economia em especial, continuam a comprar o melhor assegurando que muitos retalhistas de comércio de luxo continuem a prosperar”.