O setor das frutas e legumes é um dos motores económicos mais fiáveis do país
Temos um sector altamente tecnológico, moderno, virado para o mercado, que pratica uma agricultura de precisão e com um equilíbrio adequado entre a sustentabilidade ambiental, social e, nunca esquecendo, a económica, que nos permite rentabilizar os investimentos e criar postos de trabalho.

Encerrámos, em fevereiro, três semanas de atividade contínua de promoção e valorização das frutas, legumes e flores portuguesas. A Portugal Fresh dinamizou a participação das empresas nacionais na IPM Essen, o maior evento mundial do setor das plantas ornamentais. Depois, rumou a Berlim para a Fruit Logistica, o maior evento mundial de frutas e legumes, com 12 hectares de exposição e um verdadeiro centro de negócio a nível mundial – que este ano contou com 91.000 visitantes profissionais de mais de 100 países. Organizámos, em seguida, o IV Congresso Portugal Fresh, onde o setor em peso se juntou para discutir os principais desafios da produção nacional.
As empresas produtoras de frutas, legumes, flores e plantas ornamentais são um dos motores económicos mais fiáveis do país e são responsáveis pela notoriedade que temos alcançado neste setor a nível mundial. As nossas presenças internacionais são dignas, altamente profissionais, mesmo com orçamentos apertados. Temos investido em promoção cerca de 600.000€ por ano e contribuído para a boa reputação do país, visto cada vez mais como uma geografia de produção de excelência e com valor acrescentado.
É preciso, agora, reforçar a promoção! O setor tem de trabalhar em conjunto com o Ministério da Agricultura e Pescas para criar a Interprofissional das frutas e legumes, que há muito a Portugal Fresh ambiciona fundar.
Temos um sector altamente tecnológico, moderno, virado para o mercado, que pratica uma agricultura de precisão e com um equilíbrio adequado entre a sustentabilidade ambiental, social e, nunca esquecendo, a económica, que nos permite rentabilizar os investimentos e criar postos de trabalho.
Vivemos um clima positivo, com um Ministro da Agricultura que voltou a colocar o setor na agenda política e um Primeiro-Ministro que, por diversas vezes, já se referiu à importância estratégica da agricultura. Mas é crucial transformar esta energia positiva em rendimento efetivo para os agricultores e para as organizações de produtores. Precisamos de medidas chave que, infelizmente, tardam em chegar.
As expectativas sobre o projeto Água que Une são enormes! Este projeto tem de ter uma aposta ambiciosa e inequívoca, com um cronograma de investimentos a curto e médio prazo, numa rede nacional da água. A área de regadio do país é muito limitada e, mesmo a que existe, carece de obras de modernização e revitalização. Precisamos de mais reservas de água, sejam reservatórios, charcas, micro, pequenas, médias e grandes barragens. Mas alerto que em muitas regiões do país alguns organismos do Estado têm bloqueado a concretização de algumas destas reservas de água.
No contexto europeu, o setor das frutas, legumes e flores tem uma gigantesca importância para a segurança alimentar. A UE é muito ambiciosa na liderança mundial no combate às alterações climáticas e pouco rigorosa na exigência da entrada de produtos de países terceiros. Queremos um mercado global aberto, mas justo nas exigências de produção nos vários blocos geográficos.
Enquanto isso, as empresas portuguesas continuam a mostrar dinamismo e crescimento constante nos mercados internacionais. Nos últimos 14 anos duplicámos o valor da produção atingindo cerca de 4,8 mil milhões de euros. Em 2024, triplicámos as exportações alcançando 2,5 mil milhões de euros. As frutas frescas representam 43% deste valor, com destaque para os pequenos frutos (348 milhões de euros de exportações); os hortícolas frescos valem 24% do total das exportações – com destaque para o tomate fresco (134 milhões de euros), os preparados de frutas e legumes 28%, com destaque para o tomate de indústria (392 milhões de euros) e as plantas ornamentais e flores representam 6% do valor das exportações. O nosso mercado local é a UE a 27, que recebe 81% do valor das nossas exportações. São cerca de 450 milhões de consumidores, onde Portugal apenas representa 2,3%.
O sector tem ambição e tem feito uma trajetória irrepreensível. Precisamos, agora, que o país tenha ambição. É o momento de fazer escolhas: escolher produzir mais na União Europeia e reduzir as importações de países terceiros. E escolher fazer os investimentos necessários para gerir a água de forma eficaz e responsável.