O futuro é do aluguer: o renting está a mudar a forma como se consome tecnologia
A forma como consumimos tecnologia está a mudar. Durante décadas, possuir era a norma – ter um computador, um telemóvel ou um tablet próprio era sinónimo de progresso e autonomia. Mas hoje, essa lógica está a ser desafiada.

O que antes era um bem pessoal e estático tornou-se num serviço flexível, ajustável às necessidades do momento.
A economia do aluguer está a crescer, e com ela uma nova mentalidade de consumo. Se já nos habituámos a subscrever software em vez de o comprar, a alugar carros em vez de os ter na garagem e até a partilhar escritórios e casas de férias sem nunca os possuir, porque haveria a tecnologia de ser diferente?
Nos últimos anos, o aluguer deixou de ser uma solução exclusiva para setores tradicionais, como a habitação ou o leasing automóvel. A popularização do carsharing, das subscrições de software e do aluguer flexível em múltiplas áreas mostrou que, em muitos casos, o acesso temporário faz mais sentido do que a compra definitiva. E, se há indústria onde esta lógica se aplica na perfeição, é na tecnologia.
Os equipamentos eletrónicos evoluem a um ritmo acelerado – um dispositivo topo de gama hoje pode estar desatualizado em poucos anos. Para as empresas, isto representa um dilema: comprar significa investir num ativo que perde valor rapidamente e exige manutenção constante. O aluguer, por outro lado, oferece flexibilidade, reduz custos fixos e simplifica a gestão.
Financeiramente, a lógica é clara. Em vez de um investimento avultado que se degrada ao longo do tempo, o aluguer permite um custo ajustado ao uso real, tratado contabilisticamente como despesa operacional, o que evita assim amortizações, depreciações e, sobretudo, a necessidade de reinvestir ciclicamente em novos equipamentos.
E há ainda outro fator incontornável: o impacto ambiental. Com o crescente desperdício tecnológico, as soluções que prolongam o ciclo de vida dos dispositivos e minimizam a produção de lixo eletrónico estão a tornar-se essenciais e, neste sentido, o aluguer permite que os equipamentos tenham um maior tempo de utilização útil, reduzindo o descarte prematuro e tornando o consumo mais sustentável.
Se há indústria onde a lógica do renting faz sentido, é a dos eventos. Festivais, feiras, conferências e ativações de marca exigem um conjunto de equipamentos tecnológicos que muitas vezes são usados apenas durante alguns dias. Desde bilhética e pagamentos cashless até ao check-in de participantes e coordenação de equipas, são inúmeras as situações onde a tecnologia é fundamental. Mas a grande questão é: vale a pena investir em equipamentos que ficarão parados na maior parte do tempo?
A resposta é óbvia. Além do custo de aquisição, há toda uma logística associada – armazenamento, manutenção e desatualização. Quando um evento termina, o que fazer com dezenas ou centenas de dispositivos que já não têm utilidade imediata? A opção mais eficiente é ter exatamente os equipamentos necessários, pelo tempo que forem precisos, sem desperdícios nem investimentos desnecessários.
Lá fora, a mudança já está em marcha. Nos Estados Unidos e no Reino Unido, grandes festivais e eventos desportivos funcionam quase integralmente com equipamentos alugados, garantindo maior flexibilidade, eficiência operacional e um menor impacto financeiro.
Em Portugal, esta tendência está a ganhar força, com as empresas de bilhética e soluções cashless, como a 3cket, a dependerem de smartphones e tablets para validar entradas, processar pagamentos e gerir acessos. Mas, em vez de cada organizador ter de comprar e manter o seu próprio stock de dispositivos, o aluguer torna-se a solução mais indicada, ou seja, menos custos, mais eficiência, menos desperdício.
O mesmo acontece com as equipas de produção e comunicação, que frequentemente necessitam de tecnologia temporária para coordenar staff, gerir conteúdos e cobrir eventos em tempo real. Para necessidades esporádicas, a compra raramente compensa. É dinheiro parado – ou seja, um péssimo investimento.
Desta forma, o renting tecnológico já não é uma exceção – está a tornar-se a norma para empresas que procuram eficiência e flexibilidade. O mercado mudou e, com ele, a forma como a tecnologia é encarada. Cada vez mais, as empresas privilegiam o acesso temporário a equipamentos em vez da posse definitiva, ajustando os recursos às suas necessidades reais. No setor dos eventos, esta abordagem traduz-se na procura por soluções que garantam escalabilidade e otimização de custos, sem compromissos de longo prazo. Afinal, a tecnologia, tal como o transporte ou o imobiliário, está a evoluir de um ativo fixo para um recurso dinâmico. Quem souber interpretar esta mudança e integrá-la na sua estratégia poderá beneficiar de uma gestão mais ágil e sustentável.