Com menos, reciclam-se mais embalagens
“Porque é que aquela embalagem não é separada no centro de triagem quando outras são?” ou “Porque é que esta não é reciclada na sua totalidade?” são algumas das questões que ainda surgem quando o tema é reciclagem de embalagens e muito pertinentes no contexto atual, já que existem vários desafios à gestão dos resíduos de embalagens em Portugal.
É o caso de as empresas que colocam as embalagens no mercado têm a obrigação legal de garantir a compliance ambiental dos seus resíduos, ao abrigo da responsabilidade alargada do produtor. Além disso, as metas ambientais muito ambiciosas que o país tem para cumprir: em 2025, Portugal precisa de estar a reciclar, pelo menos, 65% de todas as embalagens que coloca no mercado, evitando, consequentemente, que estas tenham como destino, no seu final de vida, os aterros.
Tudo isto torna fundamental encontrar novas soluções e ferramentas para que as embalagens, genericamente, sejam mais sustentáveis e circulares. Implica medidas concertadas e esforços conjuntos de redução, reutilização e reciclabilidade dos materiais de embalagem, devendo ser “contempladas” as embalagens que se encontram ainda em fase de desenho como as que já estão no mercado.
O ecodesign como ponto de partida
É um trabalho que tem de ter por base os princípios do ecodesign por este ser um modelo de produção que visa a prevenção de resíduos e é determinante para projetar embalagens com o menor impacto ambiental, nomeadamente quando chegam ao seu fim de vida.
Neste combate aos resíduos de embalagens que é urgente em Portugal e comum a todos os Estados-membros encontramos os produtores de embalagens, que têm um papel fulcral. Sendo que nesta ambição de se alcançarem melhores resultados, quando em causa está o incentivo à sustentabilidade em todo o ciclo de vida das embalagens, tem de estar implícita a colaboração e a associação a investimentos em I&D e Inovação que impulsione a aplicação das melhores práticas.
Este é um dos principais alvos da Sociedade Ponto Verde (SPV), ou seja, apostar numa estratégia de Inovação forte orientada para entidades suas parceiras, garantindo que fazem uma melhor gestão dos seus resíduos de embalagem, com ganhos de eficiência e operacionais, que vão ajudar, por sua vez, à evolução do setor.
Encontramos, neste contexto, o Ponto Verde Lab, o programa que materializa esta atuação da SPV, que dá conhecimento e ferramentas em matéria de circularidade, e apoia as empresas para a utilização de alegações ambientais credíveis e fundamentadas.
Nasceu assim também o Pack4Sustain, um novo serviço que permite auxiliar a conceção e desenvolvimento de embalagens mais sustentáveis e circulares através do Ecodesign. Através de um processo 100% online, o Pack4Sustain avalia as características e os componentes das embalagens de diversos materiais (plástico, papel/cartão, vidro, metal e madeira), através do nível de circularidade e informa o potencial impacto na saúde pública e no ambiente, em especial no ecossistema marinho.
A importância da informação
Em tudo isto, os cidadãos têm também uma importante palavra a dizer, pois ao serem cada vez mais informados e por reconhecerem a importância da Sustentabilidade, nomeadamente da reciclagem de embalagens, procuram um estilo de vida que siga esse caminho. E mostram capacidade para influenciar as empresas e marcas do Grande Consumo para que disponibilizem os seus produtos em embalagens “amigas do ambiente”.
Sempre que isso acontece, dá-se a necessidade de comunicar todas as alegações ambientais da embalagem, de forma credível, clara e verificável, e de fazer uso da iconografia de reciclagem da SPV na própria embalagem, enquanto facilitadora da perceção das regras da separação e deposição nos ecopontos. Não pode ser de outra forma.
Prestar aos cidadãos uma informação correta e acessível é determinante para orientar para práticas de consumo mais sustentáveis e decisões de compra mais conscientes, assim como para ajudar na tão necessária mobilização para que haja mais e melhor reciclagem de embalagens que leve ao cumprimento das metas nacionais.
No final, o certo, é que está a criar-se valor para todas as partes, já que se promove a produção e o consumo responsáveis, e, em respeito pelo ambiente, responde-se às expectativas do mercado, com as empresas a serem mais competitivas e eficientes.
Artigo publicado na edição 428