Patrícia Carvalho, coordenadora do Pacto Português para os Plásticos
Patrícia Carvalho: “As metas estabelecidas no âmbito do Pacto Português para os Plásticos são bastante ambiciosas”
Patrícia Carvalho, coordenadora do Pacto Português para os Plásticos afirma ao nosso jornal que as ambições do PPP são o motor “para que a cadeia de valor se una em torno de um objetivo comum – o de potenciar a economia circular para os plásticos em Portugal”.
Ana Grácio Pinto
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O Pacto Português para os Plásticos tem como visão garantir uma economia circular para os plásticos em Portugal, na qual estes não se convertem em resíduos ou poluição. Patrícia Carvalho, coordenadora do Pacto Português para os Plásticos afirma que as ambições do PPP são o motor “para que a cadeia de valor se una em torno de um objetivo comum – o de potenciar a economia circular para os plásticos em Portugal”.
Qual é o trabalho desenvolvido pelo Pacto Português Para os Plásticos?
O Pacto Português para os Plásticos é uma plataforma colaborativa, coordenada pela Associação Smart Waste Portugal e pertencente à Rede Global de Pactos para os Plásticos, organizada pela Fundação Ellen MacArthur e pela WRAP. Tem como visão “garantir uma economia circular para os plásticos em Portugal, na qual estes não se convertem em resíduos ou poluição”. A iniciativa reúne mais de 110 membros da cadeia de valor dos plásticos, incluindo empresas, associações setoriais, universidades e centros de investigação, ONG, entre outros, que, colaborativamente, trabalham de acordo com a visão e com as Metas estabelecidas até ao final de 2025.
Mais do que uma plataforma colaborativa, o Pacto Português para os Plásticos é um fórum de discussão de temáticas relacionadas com os seus objetivos, tendo neste momento ativos cinco grupos de trabalho que reúnem a cadeia de valor, nomeadamente o ‘Reciclagem & 100% Reciclável’, o ‘Incorporação de Plástico Reciclado’, o ‘Plásticos de Uso Único e Materiais Alternativos, o ‘Novos Modelos de Negócio’ e o ‘Plásticos Flexíveis’. Estes grupos de trabalho têm objetivos bem definidos, tais como apresentações de temas atuais, redação de documentos, realização de benchmarking, análise de relatórios, entre outros.
Paralelamente, todos os anos é lançado um relatório de progresso face às Metas 2025, que tem como objetivo avaliar o progresso conjunto dos membros efetivos da iniciativa que colocam embalagens no mercado. Tendo em conta os resultados que vão sendo obtidos são desenhadas as ações, por forma a melhorar continuamente os dados quantitativos e qualitativos atingidos e reportados. Para além disso, a iniciativa tem um grande foco na sensibilização e educação dos consumidores, tendo já lançado duas Campanhas de Comunicação de âmbito nacional, um Guia Explicativo sobre o plástico e ainda um programa de educação dirigido ao 2.o ciclo.
No 3º Relatório de Progresso, referem que em 2022, 6% das embalagens colocadas no mercado pelos membros do PPP, em média, eram reutilizáveis, valor que baixou relativamente a 2021, em que o valorfoi de 7%. A reutilização é mais difícil de se conseguir do que o esperado?
Importa começar por referir que há uma dificuldade acrescida no que concerne à contabilização da componente relativa à reutilização. Isto prende-se, sobretudo, com as embalagens reutilizáveis em sistemas de pooling que não são diretamente geridas pelos membros da iniciativa. Estas embalagens normalmente são utilizadas para o transporte de frutas e legumes e até servem para a exposição destes produtos em loja, constituindo-se como um verdadeiro exemplo de reutilização. Para além deste exemplo, existem muitos outros, tais como sistemas que permitem o refill de água, sumos, detergentes, frutos secos, entre outros. Assim, a medição da reutilização acaba por constituir um desafio em si mesma.
Para além desta dificuldade, os modelos de reutilização precisam de uma estratégia concertada para funcionarem e dependem da adesão do consumidor. Estes fatores e outros contribuem para que a reutilização traga desafios à sua implementação, sendo que o Pacto Português para os Plásticos se encontra bastante consciente dos mesmos e tem já atividades definidas para endereçar os mesmos. Desta forma, o grupo de Trabalho ‘Novos Modelos de Negócio’ irá focar-se na temática da reutilização, tendt como principal objetivofomentar a discussão em torno deste tema, bem como reunir exemplos práticos que possam inspirar e fomentar a aposta em novos modelos de negócio, particularmente em modelos de reutilização. Adicionalmente, desde o início, que tem sido objetivo do Pacto Português para os Plásticos trabalhar esta área, pelo que já foram realizadas várias discussões com a cadeia de valor sobre a mesma, analisado salguns documentos e organizados webinars e sessões dedicadas ao tema, com a participação de oradores nacionais e internacionais. Este é um tema que iremos continuar a trabalhar, com a colaboração de todos.
Quais são os maiores entraves para que as empresas consigam cumprir as metas?
As metas estabelecidas no âmbito do Pacto Português para os Plásticos são bastante ambiciosas. No entanto, esta ambição acaba por ser o motor para que a cadeia de valor se una em torno de um objetivo comum– o de potenciar a economia circular para os plásticos em Portugal. Esta união e este trabalho conjunto fazem de facto a diferença, importando destacar que os membros se encontram comprometidos com a visão e com as metas da iniciativa desde o seu lançamento até ao momento. Esta é uma cadeia de valor resiliente, que trabalha colaborativamente e que tem procurado soluções para a circularidade do setor.
Importa referir que existem dificuldades de várias tipologias, tais como falta de apoio financeiro para a procura e implementação das melhores tecnologias disponíveis, falta de disponibilidade de material para incorporar em novas embalagens, legislação e regulamentação complexas e que se encontram em contínua atualização, entre outras. É também relevante capacitar os recursos humanos, bem como o consumidor para a importância destas temáticas, havendo a necessidade de apostar em programas de formação técnica especializada, campanhas de comunicação e programas de educação para todas as faixas etárias.
Que projetos estão a ser dinamizados ou em que estão a colaborar?
Atualmente, o Pacto Português para os Plásticos encontra-se a trabalhar no seu 4º Relatório de Progresso que se versará sobre os resultados qualitativos e quantitativos de 2023. A par do relatório tem acompanhado de perto os seus membros, por forma a identificar que atividades podem ser desenvolvidas para potenciar a economia circular. Encontram-se igualmente a ser realizadas visitas técnicas aos membros da iniciativa, coma participação dos demais membros, tendo estas como objetivo dar a conhecer as empresas e os seus processos, bem como discutir aspetos técnicos que possam impactar a cadeia de valor, quer a montante, quer a jusante.
Para além da dinamização da campanha de comunicação, do programa educativo e das masterclasses, têm sido dinamizadas duas série de webinars, nomeadamente a série ‘Acelerar 2025’ – que se versa sobre temas mais técnicos relacionados com o plástico, tais como a triagem automática de embalagens, a reciclagem de polímeros específicos, embalagens para contacto alimentar -, bem como a série ‘Boas Práticas Rumo à Circularidade’, que tem como objetivo apresentar em maior detalhe os exemplos de circularidade dos Membros da iniciativa que foram divulgados no 3º Relatório de Progresso. As gravações dos webinars são posteriormente divulgadas para todos no canal de Youtube da Associação Smart Waste Portugal.
O Pacto Português para os Plásticos tem também apostado na divulgação de informação através das suas redes socais, bem como através da participação em diversos eventos sobre o tema. Adicionalmente, os grupos de trabalho da iniciativa encontram-se a decorrer, trabalhando ao longo do ano os seus objetivos específicos. Paralelamente, o Pacto Português para os Plásticos tem estado a dinamizar alguns projetos colaborativos junto dos seus membros, os quais se focam nas metas 2025.
Entrevista publicada na edição 428