Grupo Celeste investe dois milhões para iniciar produção de ultracongelados em Guimarães
A panificadora do Norte está a automatizar o processo industrial para aumentar capacidade de produção de pão e bolos ultracongelados para crescer no retalho e na exportação. Grupo Celeste faturou 25 milhões de euros em 2022 e prevê crescer entre 12 a 16% este ano
Rita Gonçalves
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Fábricas do Grupo Celeste produzem mais de 500 toneladas de doces para a época natalícia
A panificadora do Norte está a automatizar o processo industrial para aumentar capacidade de produção de pão e bolos ultracongelados para crescer no retalho e na exportação. Grupo Celeste faturou 25 milhões de euros em 2022 e prevê crescer entre 12 a 16% este ano
O grupo Celeste, fabricante de produtos de padaria e confeitaria, tem em curso um investimento de cerca de dois milhões de euros na fábrica de Guimarães para criar uma unidade de produção de produtos ultracongelados. Atualmente, a produção de pão e bolos ultracongelados está concentrada na fábrica de Vizela mas a panificadora do norte do país está a investir em túneis de congelação, fornos especializados em cozedura e em câmaras de refrigeração para iniciar a produção de pão e produtos de pastelaria ultracongelados na unidade de Guimarães, conta Rui Oliveira, diretor de operações do grupo, em entrevista ao Hipersuper. Este investimento deverá estar concluído no final de 2024.
“Alterar uma fábrica de produtos frescos para ultracongelados requer um investimento massivo, nomeadamente em equipamentos. Este é um dos pontos altos do nosso plano de investimentos”, sinaliza o gestor, sublinhando que o objetivo é aumentar em 30% a capacidade de produção da empresa até 2025.
A ideia passa por encontrar no ciclo produtivo processos intermédios passíveis de serem mecanizados e industrializados para acelerar o processo produtivo sem perder a identidade dos produtos. Esta expansão requer investimentos elevados em equipamentos de produção muitas vezes feitos à medida para garantir as características tradicionais dos produtos. “O portefólio que vendemos na grande distribuição é maioritariamente produzido de forma artesanal e não queremos que o nosso produto, ao ser industrializado, perca as especificidades (nomeadamente a qualidade, a textura e o sabor) de um produto feito manualmente. É um investimento cirúrgico, que tem de ser feito com muita cabeça e parceiros especializados”, sublinha.
Para alcançar a meta de aumentar gradualmente a produção em 30% nos próximos dois anos e aumentar a rentabilidade no chão da fábrica, a empresa irá continuar a investir. Para o próximo ano, tem cerca de 1,5 milhões de euros para aplicar na cadeia de produção, automatizar processos e incrementar capacidade de produção e armazenamento.
Quatro fábricas produzem 8700 toneladas
O grupo que conta com mais de meio século de história opera três fábricas em Portugal – Guimarães, Vizela e Ermesinde – e uma no Luxemburgo – e conta com uma capacidade anual de produção de 8700 toneladas. Também tem uma operação de retalho com dez lojas próprias no norte do país e um conjunto comercial que integra um supermercado, uma padaria e restaurante no Luxemburgo.
Cada fábrica tem a sua área de especialização. A unidade industrial de Ermesinde especializou-se na produção de pão de forma, incluído produto de valor acrescentando, como os pães de forma enriquecidos, comercializados na moderna distribuição. “Nesta fábrica produzimos ainda pão de ló para uma empresa da grande distribuição, com alguma expressão nesta altura do ano”, sublinha o responsável.
A fábrica de Vizela concentra a produção de pão e pastelaria ultracongelados e tem em curso um projeto de industrialização do embalamento que surge também no contexto de encontrar oportunidades para agilizar processos e aumentar a eficiência do processo de produção.
A fábrica de Guimarães é especializada na produção de pão e bolos frescos e está a preparar-se para iniciar a produção de ultracongelados. Nesta unidade industrial, abriu recentemente as portas o Laboratório de Investigação e Desenvolvimento onde se faz a análise das tendências de mercado, “conciliando-as com o saber e a experiência dos padeiros e pasteleiros com mais de 50 anos de experiência”, e se testam novos produtos. Já saíram dois novos produtos do laboratório “ainda com pouca expressão em vendas mas com muito potencial”. “Um produto folhado com uma redução de 50% de margarina e um produto com uma redução muito significativa de açúcar”. Estão ambos em linha com as novas tendências de alimentação saudável e são “vocacionados para o mercado internacional”.
A panificadora dá emprego a 430 pessoas e, no ano passado, alcançou um volume de negócios de 25 milhões de euros, sete milhões dos quais proveniente da operação no Luxemburgo. Este ano, a empresa prevê um crescimento entre 12% a 16% do volume de negócios.
Uma boa parte do volume anual de vendas dá-se no período de Natal. É uma operação de grande envergadura que começa a ser preparada em agosto. Nesta época festiva, o grupo produz cerca de 500 toneladas de doces, entre os quais diversas especialidades de bolo rei e pão de ló. Entre 60 a 65% destes produtos abastecem as prateleiras da grande distribuição. As negociações com as cadeias de supermercado têm início em finais de julho. “O nosso natal começa em agosto. Começamos a produzir ainda no verão, armazenamos e, a partir de setembro, começamos a fornecer à moderna distribuição os produtos ultracongelados que são finalizados nos fornos de cada loja”, afirma Rui Oliveira, sublinhado que, apesar de ser o canal mais complexo do ponto de vista negocial, o retalho organizado é o que confere à empresa “alguma tranquilidade”, “porque representa grandes volumes de vendas” e “porque as encomendas feitas em antecipação permitem organizar previamente todos os processos internos, desde a parte de compras à própria tesouraria”.
Próximos destinos: Reino Unido, China e Angola
O grupo Celeste também vende as suas iguarias fora das fronteiras. Exporta diretamente para o Luxemburgo, a Bélgica, a França e o Mónaco. No próximo ano, vai começar a exportar produtos de pastelaria para o Reino Unido e está em “negociações avançadas” para, através de um “parceiro português”, começar a vender uma “espécie de pão doce” na China. “Temos outro grande projeto, através de um grande cliente da distribuição moderna em Portugal, para começar a exportar para o mercado angolano”, desvenda Rui Oliveira, sem adiantar mais pormenores.
A aposta na exportação possibilita a diversificação das receitas mas também combater a sazonalidade associada à venda de produtos de pastelaria. “Trabalhamos o mercado externo fora da época alta, antes do Natal e da Páscoa, os períodos festivos que absorvem não a totalidade mas quase da nossa capacidade de produção. A exportação é uma forma de alavancarmos o nosso negócio nos restantes meses do ano”, explica o gestor, apontando mais uma vantagem de trabalhar nos mercados internacionais. “A empresa tem de fazer um investimento muito grande para dar resposta à sazonalidade, como comprar matéria-prima em média quatro meses antes do pagamento por parte dos nossos clientes. É preciso ter um músculo financeiro para fazer face a estas aquisições. No caso da exportação, o produto só sai de dentro de portas se a encomenda estiver paga”.
As exportações representam 5% da faturação da empresa. No acumulado de janeiro a novembro, as vendas no exterior cresceram entre 5% a 6%, avança o gestor. “Não estamos a aumentar o número de clientes mas estamos a aumentar as vendas nos clientes que temos”.
A entrada do grupo no Luxemburgo deu-se há cerca de dez anos. “Em 2015, fomos desafiados a explorar uma fábrica de produtos portugueses que se encontrava mesmo atrás do nosso café. E aceitámos. Passámos de uma faturação de um milhão de euros em 2015 para 2,5 milhões de euros em 2022”, avança o gestor. No Luxemburgo, o grupo produz produtos de padaria e pastelaria para abastecer as suas duas cafetarias e espaços do canal horeca e da grande distribuição.
A empresa inicia no próximo ano um investimento entre 500 e 800 mil euros para modernizar o restaurante e a padaria no Luxemburgo. “O espaço precisa de modernidade, de uma linha mais contemporânea e é isso que vamos fazer”, explica Sofia Miguel, diretora de marketing e comunicação do grupo Celeste. “Em conjunto com o gabinete de arquitetura em Portugal, vamos dar a estes espaços uma nova roupagem, mais apelativa, em linha com o mood das nossas lojas”, termina.
*Artigo originalmente publicado na edição 418 do Hipersuper