Pick-a-Buy. A caixa de correio 4.0
O sistema da Intelligent Retail Solutions permite gerir a abertura e o fecho de qualquer tipo de armário, transformando-o numa caixa de correio inteligente. Sendo agnóstico, o Pick-a-Buy permite receber encomendas de qualquer operador logístico ou comerciante
Rita Gonçalves
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O sistema da Intelligent Retail Solutions permite gerir a abertura e o fecho de qualquer tipo de armário, transformando-o numa caixa de correio inteligente. Sendo agnóstico, o Pick-a-Buy permite receber encomendas de qualquer operador logístico ou comerciante
Não é um cacifo nem uma infraestrutura. É uma solução tecnológica para gerir a abertura e o fecho de qualquer tipo de armário ou compartimento através de uma interface – aplicação em tablet, smartphone, webapp, teclado, QR Code e NFC, entre outros – transformando-o numa caixa de correio inteligente: um ponto de entrega, guarda e devolução de mercadorias.
“A principal diferença para outras soluções prende-se com o facto de ser um software-as-a-service, 100% livre de hardware ou infraestruturas e agnóstico na utilização”, explica, em entrevista ao Hipersuper, Victor Gandarela Vasques que abandonou uma carreira de 30 anos ligada ao marketing e à comunicação em agências multinacionais para explorar a sua veia empreendedora.
“Sendo agnóstico, o sistema permite receber objetos e encomendas de qualquer operador logístico, comerciante ou até de familiares e amigos – sendo necessária apenas a morada do destinatário para a entrega”, sublinha o fundador da Intelligent Retail Solutions, empresa que criou o Pick-a-Buy. A solução permite ainda fazer as devoluções da mesma forma, assim como guardar temporariamente objetos.
Outra vantagem é o custo. “O sistema tem aproximadamente um quarto do custo de soluções semelhantes”, garante Victor Gandarela Vasques.
A primeira instalação desta solução foi realizada em parceria com os CTT e a Teixeira Duarte, no condomínio Fábrica 1921, em Lisboa.
A solução é constituída por “três pedaços de software”. “O que está na cloud e funciona como um sistema de reservas, de pagamento e coordenação, uma interface que é efetuada, no caso da Fábrica 1921, através de um tablet, e o software instalado na fechadura que é controlado e parametrizado na cloud”, detalha.
“O Pick-a-Buy vem dar resposta às atuais necessidades da grande maioria dos cerca de cinco milhões de compradores online em Portugal, cuja principal dificuldade consiste em receber em casa as encomendas ou devoluções”, considera o gestor.
Por isso, o objetivo é ambicioso. A meta da Intelligent Retail Solutions, detida pela empresa de segurança e tecnologia Microsegur e por Victor Gandarela Vasques, é instalar o sistema Pick-a-Buy “em mais de cinco mil domicílios até ao final deste ano”.
“Estamos entusiasmados porque é uma solução única no mercado, que responde a uma necessidade deficientemente atendida, por ser totalmente agnóstica e não estar dependente de infraestruturas complicadas”, sublinha o responsável, colocando ainda a tónica na “conveniência da entrega de encomendas online” e na “facilidade de instalação”.
Para utilizar o serviço, é apenas necessário indicar a morada ao remetente e, quando a encomenda se encontra no espaço designado, o utilizador recebe um SMS com essa informação.
“Para a recolher basta aceder ao código na app do smartphone, abrir a porta e retirar a encomenda. Caso o utilizador deseje fazer uma devolução, o sistema emite um código ou QR Code que pode ser partilhado com o operador ou até com aquele amigo que se esqueceu do casaco”, exemplifica.
“Se os hubs de cacifos para receber encomendas são as caixas de correio 3.0, o Pick-a-Buy é a caixa de correio 4.0”, considera o gestor.
Como tudo começou
Aos 50 anos, Victor Gandarela Vasques deixa uma carreira de três décadas na área do marketing e comunicação e funda a empresa de consultadoria em gestão CO-UP | Business Activation.
A semente que levou à criação do sistema Pick-a-Buy começou a germinar na cabeça de Victor Gandarela Vasques por causa dum cliente na área da restauração que precisava de uma solução para dar resposta ao elevado fluxo de pessoas que congestionavam o restaurante para o serviço de take away. “A ideia era desenhar um sistema que permitisse não acumular os clientes de take away ao balcão. Se estava pago e encomendado, não fazia sentido estarem na fila. Assim, surgiu a ideia de um cacifo onde se colocava a comida uns minutos antes da recolha”, lembra o gestor, acrescentando que o projeto não foi à avante por falta de recursos.
“Fiquei com esta ideia encapsulada e, depois, quando chegou a pandemia, esta necessidade tornou-se premente para muitos operadores de restauração”, sublinha.
Na altura, a CO-UP estava a trabalhar com a Microsegur num processo de reestruturação, a ideia surgiu em conversa e a empresa de segurança mostrou interesse em investir no projeto. A partir daqui, foram praticamente dois anos a desenvolver a solução até termos a prova de conceito a funcionar.
“Procuramos os melhores parceiros para adaptarem soluções já existentes à nossa solução e desenvolvemos o software pivô que coordena as três componentes de software que constituem a solução. Genericamente, estamos a falar de uma parte mais ligada a booking ou reservas, outra à regulação de mecanismos de programação e outra à emissão de tokens e de ordens encriptadas para garantir a segurança do sistema”.
Os CTT e a Teixeira Duarte são parceiros da Intelligent Retail Solutions. A Teixeira Duarte trouxe a sua tecnologia de hardware para o projeto e comprou os direitos de utilização do sistema. E os CTT encontraram no sistema Pick-a-Buy uma solução para complementar a sua oferta.
Os sistemas Pick-a-Buy e os cacifos Locky, dos CTT, não concorrem entre si? “Não. Os CTT têm sistema proprietário assente num modelo de operação que tem a ver com cacifos metálicos, fechaduras instaladas nestes mesmos cacifos, um sistema de hardware e um tipo de parametrização, que não é 100% agnóstica, formatado para utilização em hubs de cacifos, essencialmente, em pontos de recolha coletiva. Está muito vocacionada para isso, até pela própria infraestrutura física”, sublinha Victor Gandarela Vasques. “O nosso sistema é precisamente o oposto no que diz respeito à liberdade. O nosso sistema tem como característica principal a liberdade total. Não precisa de nada para ser utilizado. Na fábrica 1921 está instalado em metal, mas pode ser instalado numa caixa móvel, se quisermos”.
O modelo de negócio da Intelligent Retail Solutions assenta em duas modalidades: um valor por cada abertura, “uma pequena percentagem com muita recorrência” ou um fee mensal por fechadura instalada.
Victor Gandarela Vasques, fundador da Intelligent Retail Solutions
- Quais as vantagens da solução para os condóminos da Fábrica 1921?
Destaco, por um lado, o facto de a solução permitir que as pessoas que vivem neste condomínio não tenham de estar em casa para receber a encomenda. Ela é garantidamente sempre entregue. Depois, naturalmente, reduz drasticamente a circulação de pessoas dentro do condomínio. Com, obviamente, uma preocupação de segurança, mas também de conforto das próprias pessoas que fazem as entregas. Porque em lugar de estarem à procura do apartamento onde têm de fazer a entrega, dirigem-se ao local onde estão os equipamentos da Pick-a-Buy e a entrega está feita.
- Que é o público-alvo da solução?
Os utilizadores desta solução são os condomínios, os produtores imobiliários e as construtoras. Eles compram o sistema, o conjunto do hardware e software. No entanto, na realidade, aplicamos o nosso sistema em qualquer tipo de hardware. O hardware podem ser cacifos, como pode ser um armário construído de raiz. Essa é outra das vantagens do sistema, a liberdade. Um arquiteto, quando está a desenhar o wall de um prédio, pode fazê-lo como bem entender, no formato que quiser. É indiferente, desde que tenha uma porta, nós metemos uma fechadura.
- Que outras utilizações pode ter o sistema?
Estamos a testar duas possíveis modulações. A primeira é a guarda de bagagens em pontos de grande concentração de pessoas. O sistema funciona exatamente da mesma forma, só que serve para guardar bagagem. Neste caso, lê-se um código QR, escolhe-se o modelo onde se quer guardar a bagagem e paga-se. Vamos lançar um projeto piloto desta solução numa loja em Alfama.
Estamos ainda a desenvolver uma espécie de vending machine. O que fizemos foi transformar um armário tradicional do Ikea. Colocamos portas de vidro e uma fechadura, e o armário pode ser instalado por exemplo em apartamentos de alojamento local. Não necessita de energia elétrica, as fechaduras funcionam a bateria, não necessitam de fios, e a abertura é feita por bluetooth. O equipamento não faz barulho, adapta-se bem ao local uma vez que não é intrusivo do ponto de vista estético, não tem luz, não tem consumo. A pessoa só precisa de ter um telemóvel para ler o QR Code e um cartão de pagamento, como o Paypal. Este sistema pode ser mais uma fonte de receita para o negócio de alojamento local.
*Artigo originalmente publicado na edição 416