João Lavos, líder de sustentabilidade na Leroy Merlin
Como a Leroy Merlin quer aumentar as vendas à distância
As vendas à distância representam menos de 5% do volume de negócio da Leroy Merlin que, no ano passado, ultrapassou o marco dos mil milhões de euros no mercado português. Com o novo marketplace, a app de compras que irá lançar até ao final do ano e a concentração das atividades logísticas numa plataforma única de distribuição em 2024, a insígnia ambiciona ampliar o peso do comércio eletrónico
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As vendas à distância representam menos de 5% do volume de negócio da Leroy Merlin que, no ano passado, ultrapassou o marco dos mil milhões de euros no mercado português. Com o novo marketplace, a app de compras que irá lançar até ao final do ano e a concentração das atividades logísticas numa plataforma única de distribuição em 2024, a insígnia ambiciona ampliar o peso do comércio eletrónico.
As vendas online representam atualmente menos de 5% do volume de negócios da Leroy Merlin em Portugal, que, no ano passado, ultrapassou a barreira dos mil milhões de euros. “Já começamos a pertencer ao clube dos grandes”, afirma João Lavos, líder de sustentabilidade , adiantando que a empresa emprega atualmente seis mil pessoas no nosso país.
A cadeia especializada em artigos para melhorar o lar tem em marcha um plano estratégico aumentar o peso do canal online nas vendas. Um dos passos já foi dado com o lançamento do marketplace. “Com o lançamento do marketplace queremos ser os líderes da oferta de produtos para a melhoria da casa. Todos os anos, já vendemos mais de 100 mil produtos e queremos aumentar este número”, explica o gestor, em declarações ao Hipersuper, por ocasião da apresentação à imprensa do festival que a marca organizou para assinalar os 30 anos de atividade em Portugal.
Até ao final do ano, a retalhista vai lançar uma aplicação mobile para compras que irá dar um empurrão no objetivo de incrementar o peso das vendas online. “Estamos no processo de desenvolvimento tecnológico de uma nova app, um novo canal de compras, que iremos lançar até ao final do ano”, contou Ana André, diretora de marketing data driven ao Hipersuper. A nova app de compras surge num contexto em que a insígnia pretende “melhorar os canais que disponibiliza aos clientes, neste espírito de omnicanalidade que tem sido o foco da marca, desenvolvendo cada vez mais a facilidade e a agilidade para que cada um dos clientes se possa adaptar também em função do seu estilo de vida: se prefere visitar uma loja, o site ou, num futuro próximo, a app”, explica Ana André.
“Este é um projeto que criámos para melhorar a experiência. Na expansão, para chegarmos mais perto das populações que não são servidas por uma loja na proximidade, achamos que nem sempre é necessário abrir uma loja. Se tivermos uma boa experiência digital, pessoas ao telefone para ajudar, se tivermos toda esta omnicanalidade, conseguimos chegar a todas as pessoas do país. A app surge neste contexto. Queremos facilitar a vida das pessoas que não se querem deslocar às lojas”, detalha João Lavos.
A retalhista tem atualmente uma aplicação dedicada exclusivamente ao cartão de fidelização, mas que ainda não oferece a possibilidade de efetuar uma compra. “Serão duas aplicações diferentes para gestão, sendo que a nova app irá permitir a compra e terá também inerentes algumas estratégias de personalização, oferecendo uma melhor navegação e uma experiência mais personalizada”, acrescenta Ana André.
Já a plataforma logística que a empresa está a construir em Castanheira do Ribatejo vai agilizar as entregas ao domicílio, potenciado a experiência de compra à distância. O entreposto, com uma área de 105 mil metros quadrados, vai concentrar todas as operações logísticas em Portugal. “Temos cinco plataformas e 12 espaços logísticos distribuídos pelo país e vamos convergir todas as operações para este grande centro de distribuição que abrirá portas no final do próximo ano”, salienta João Lavos. Com este equipamento, a empresa ganha “capacidade para melhor servir os clientes”, “capacidade para ser mais eficiente nos processos”, assim como “melhora a sua pegada de carbono no transporte”.
Com a conclusão deste investimento, a empresa estima criar 400 novos postos de trabalho nesta região do país. “O espaço é alugado, não é nosso, porque desta forma podemos concentrar o investimento onde mais precisamos, que é nos meios humanos e na maquinaria. Vamos provavelmente trabalhar um bocadinho na automatização, na robotização”, detalha.
O canal online “tem ainda muito para crescer”, destaca João Lavos, acrescentando que a marca vai focar “esforços e investimentos” na app, na distribuição dos produtos, e “em tudo que promove a robustez da experiência” de compra. Não conta só a experiência física, diz. “As novas gerações e mesmo clientes de uma faixa etária mais elevada mostram interesse em novas formas de fazer compras. Nem todos os clientes querem deslocar-se às lojas”, sustenta.
O mercado profissional também é um peso pesado no plano de crescimento da insígnia. “O profissional passou a ser um dos grandes drivers da nossa expansão. O nosso crescimento não se faz só do modo tradicional, abrindo mais lojas”, lembra. O negócio profissional representa já “quase 10% do nosso rendimento”.
A Leroy Merlin está a assinalar 20 anos de presença em Portugal. “Neste trajeto de 20 anos, abrimos 50 lojas e atendemos 150 milhões de clientes”, sinaliza João Lavos. Ainda há espaço para abrir mais lojas? “O que fazemos é seguir a vontade dos consumidores, que nos vão dizendo o que necessitam. Assim sendo, o que temos previsto é complementar. Ainda nos faltam algumas lojas de grande dimensão e, depois, iremos estabilizar um pouco e começar a perceber se as lojas de centro de cidade ou de cidades mais pequenas têm necessidades”, adianta o gestor, lembrando que a empresa abriu um novo conceito de lojas: a Naterial.
Esta nova insígnia, que é também uma marca do grupo, é especializada em equipamentos e soluções para espaços exteriores e conta com dois espaços, um em Sintra e outro em Alcantarilha, no Algarve. “Esta é uma marca que queremos expandir. São lojas mais especializadas, que só têm produtos Naterial, uma marca de produtos e soluções para jardim. Queremos oferecer nestes espaços toda a oferta desta marca e que temos muita dificuldade em ter em todas as lojas Leroy Merlin durante o ano”.
Para suportar o crescimento nos próximos dez anos, a marca estabeleceu 24 compromissos de sustentabilidade. “O modelo de crescimento que temos hoje não é sustentável, os recursos disponíveis para 2023 já terminaram em maio e queremos fazer a nossa parte”, garante.
Em primeiro lugar, nesta estratégia de sustentabilidade, estão as pessoas. “Vamos manter o foco nas pessoas: trabalhadores e clientes. Um total de 90% dos trabalhadores em Portugal são acionistas da empresa” que se assume como um “grupo familiar” que não está cotado em bolsa.
João Lavos dá como exemplo o seu próprio percurso para demonstrar a importância do capital humano para a empresa. “Estou há 17 anos na Leroy Merlin. Comecei por trabalhar no departamento de expansão, responsável pela negociação e construção de novas lojas. Era coordenador de expansão na região norte e centro. Depois, fui diretor de expansão. Como a minha área de formação é marketing e vendas, a empresa deu-me a oportunidade de dirigir durante quatro anos a loja de Almada. Depois fui diretor regional e de tecnologias de informação, além de diretor de serviços da web e de marca. Entretanto, fiquei com a responsabilidade da sustentabilidade, o que chamamos de impacto positivo. Hoje, sou líder da área de sustentabilidade”.
Sendo o seu propósito fazer diferença na casa, um dos objetivos da cadeia de distribuição é que 80% das vendas diga respeito a produtos sustentáveis, em 2026.
“Vamos lançar uma inovação no próximo ano. Estabelecemos 31 critérios que irão avaliar todo o ciclo de vida e a sustentabilidade de um produto, desde a extração da matéria-prima até ao fim de vida. Se foi extraído em florestas certificadas, se os trabalhadores das fábricas são bem tratados, se dá para reciclar”, exemplifica. “Estamos a fazer isto em todos os produtos que vendemos e no próximo ano esperamos lançar o score de cada um deles”.
A mecânica é a seguinte. A marca irá atribuir uma pontuação a cada critério e atribuir a pontuação A ou B. “É semelhante ao score dos eletrodomésticos mas mais completo porque não diz respeito apenas ao consumo energia. Este projeto será um game changer no retalho em Portugal”, acredita.
A empresa estabeleceu ainda a meta de reduzir 50% da pegada de carbono em Portugal até 2035.
*Artigo originalmente publicado na edição 416 do Hipersuper