Comissão Vitivinícola da Bairrada preocupada com a Linha de Alta Velocidade entre Porto e Lisboa
A Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB) deu o seu parecer na sequência da consulta pública promovida pela Agência Portuguesa do Ambiente, no âmbito do procedimento de Avaliação de Impacto Ambiental […]
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A Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB) deu o seu parecer na sequência da consulta pública promovida pela Agência Portuguesa do Ambiente, no âmbito do procedimento de Avaliação de Impacto Ambiental para o estudo prévio da Linha Ferroviária de Alta Velocidade (LAV) entre o Porto e Lisboa, mostrando-se apreensiva e manifestando a sua enorme preocupação com as propostas apresentadas para os troços de Porto/Soure e Soure/Aveiro.
A CBV refere que a decisão política de se avançar com a construção da LAV vai ter um impacto bastante negativo nesta região vitivinícola do Centro de Portugal, na medida em que há troços que atravessam aquele que é o território vitivinícola da ‘Indicação Geográfica Beira Atlântico’, onde se insere a ‘Região Demarcada da Bairrada’. A construção da LAV, tal como é apresentada, destrói uma mancha que, ao longo dos últimos anos, tem sido um dos maiores cartões-postais da região vitivinícola da Bairrada e um dos seus mais eficientes embaixadores. A sua singularidade e identidade vão, desta forma, ser irremediavelmente afetadas.
“A noção de importância coletiva nacional do projeto que nos é apresentado, nomeadamente através dos documentos disponíveis no sítio participa.pt, os seus eventuais benefícios em relação a questões como a diminuição do tempo de viagem de comboio entre Lisboa e Porto, o aumento da competitividade, a descarbonização do setor dos transportes ou a redução da sinistralidade rodoviária não nos impede de ter uma posição crítica em relação ao projeto apresentado, pelo facto de, também nós, os que produzimos os vinhos da Bairrada, sermos uma parte desse mesmo Portugal. É importante relembrar que a região é já dividida por outras vias de comunicação existentes, que, em benefício coletivo, causam danos irreparáveis à nossa região.” refere o presidente da CVB Pedro Soares.
A CVB refere em comunicado que os traçados que são do conhecimento público “são extremamente penalizadores” para a região da Bairrada. “O cultivo da vinha é uma atividade económica com enorme importância social e cultural, mas também económica. Através das Denominações de Origem é possível valorizar uma atividade não deslocalizável (produção de uvas), fixar população, contribuir de forma decisiva para a economia local e tornar mais sustentável todo um território. Uma vinha é, em si, um ativo tão único e importante que, em muitos casos, dá origem a vinhos que levam aos quatro cantos do mundo o nome dessa mesma vinha, da região e de Portugal” pode ler-se.
“Os solos, a sua biodiversidade, as linhas de água existentes e as pessoas (sim, porque o(a)s viticultores(as) são pessoas!) – que cuidam, no dia-a-dia, as suas vinhas, contribuindo assim para melhorar também a sustentabilidade ambiental – vão, todos eles, sofrer prejuízos incalculáveis e irreparáveis. As obras necessárias, os taludes a efetuar, os transportes durante a fase de construção e um conjunto de condicionantes associados a este tipo de projetos vão, em muitos casos, alterar de forma irrecuperável boa parte da região bairradina” acrescenta.
Ao longo dos últimos anos, vários foram os investimentos efetuados na recuperação e plantio de vinha, na adaptação, manutenção e construção de adegas que viabilizem não só a produção de vinhos e espumantes, mas se tornem ativos coletivos da Região, na criação de caminhos e percursos que permitam intensificar o enoturismo (atividade que o Turismo de Portugal assume, nos dias de hoje, como uma ferramenta fundamental do setor do turismo), na criação de rotas, na valorização da paisagem natural. A Bairrada possui uma associação específica para o enoturismo, por reconhecer esta atividade como de importância decisiva para o setor.
Pedro Soares questiona sobre “quem se responsabilizará por tantos danos, materiais e imateriais, que o avanço desta obra trará para a nossa região?”, afirmando que a Comissão Vitivinícola da Bairrada “não é contra a Linha Ferroviária de Alta Velocidade em Portugal, mas não podemos concordar e aceitar os traçados propostos, pois são demasiado penalizadores para uma região de passado, presente e futuro, como é a Bairrada.”.
A Comissão Vitivinícola da Bairrada acredita que, sendo o objetivo central do projeto de Alta Velocidade diminuir o tempo de percurso em comboio entre Lisboa e Porto, é possível encontrar outras opções de traçado que não castiguem, uma vez mais, a Região da Bairrada, apela, acrescentando que apesar de, nos documentos a que a CVB teve acesso, uma das condicionantes mencionada ser exatamente a Região Demarcada da Bairrada, a Comissão Vitivinícola da Bairrada não foi formalmente contactada até ao momento.