Burger KIng
StoresAce estima triplicar volume de negócios em 2023
Tecnológica portuguesa que desenvolveu plataforma de gestão multi-loja estima triplicar, este ano, o volume de negócios para três milhões de euros
Rita Gonçalves
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Tecnológica portuguesa que desenvolveu plataforma de gestão multi-loja estima triplicar, este ano, o volume de negócios para três milhões de euros
A Stores Ace é uma plataforma de gestão multi-loja, desenvolvida na Maia, 100% web, que gere atualmente cerca de 100 milhões de detalhes de vendas por mês. Utilizada por grandes cadeias de retalho e restauração, como os supermercados Spar, as cafetarias Jeronymo e a rede de restaurantes Burger King, por exemplo, a plataforma geriu no ano passado cerca de dois mil milhões de euros em vendas feitas em cerca de duas mil lojas. “Com os projetos que temos em pipeline para este ano, deveremos duplicar ou triplicar o volume de vendas que passa pela plataforma”, calcula Sérgio Rodrigues, CEO da Stores Ace, em entrevista ao Hipersuper.
Com um modelo de negócio SaS (Software as a Service), a empresa fechou o ano passado com um volume de negócios de meio milhão de euros, um crescimento de 40% em relação a 2021. Este ano, a cifra deverá triplicar para 1,5 milhões de euros, avança Sérgio Rodrigues.
A plataforma de gestão multi-loja permite aos retalhistas com cadeias de lojas ter, a partir da mesma plataforma, uma visão global sobre as múltiplas variáveis do negócio, assim como tomar decisões apoiadas em dados em tempo real. “Totalmente assente na cloud, esta solução web higt tec, fornece uma visão em tempo real do que se passa nas redes de lojas e permite a realização de operações como carregar produtos, gerir stocks e consultar vendas, entre muitas outras, de forma transversal, unificada e integrada com softwares pré-existentes, como SAP, Primavera, Navision, entre outros”, descreve o gestor, que considera que a plataforma nascida em 2016 continua atualmente a diferenciar-se das suas concorrenres por ser 100% web e permitir reunir todas as operações das lojas no mesmo sítio.
“Geralmente, o que acontece é que se quiser saber quanto é que vendi consulto um software, para ver o stock vou a outro, para lançar uma compra tenho de ir a outro. O que fizemos foi reunir no mesmo sítio todas as operações de uma cadeia com várias lojas”, explica Sérgio Rodrigues.
A gestão em tempo real de todos os indicadores do negócio permite gerar eficiências e vantagens operacionais. O CEO da StoresAce dá exemplos. “Concretamente, o que oferecemos aos nossos clientes é a capacidade de gerir todas as operações do negócio, em tempo real, no sítio certo. Porque é que isto é uma vantagem operacional? Porque, imagine, quem está à porta do armazém pode lançar imediatamente a compra (introduzir a mercadoria que chega ao armazém), de uma forma muito simples e sem papéis”, salientando que muitas vezes o software não está na mão do empregado, mas sim no escritório, obrigando-o a andar com papéis de um lado para o outro.
Por outro lado, muitas vezes, os lançamentos são feitos de uma só vez no final da semana, o que dá origem a erros, explica Sérgio Rodrigues. “O que fazemos é dizer ao cliente, tem aqui app para, quando receber a mercadoria, picar e lançar imediatamente a compra”. O que traz duas vantagens, sublinha: os stocks estão online e erros são praticamente inexistentes. “O facto de conseguir ter as compras lançadas na hora, e de poderem ser conferidas na hora, proporciona poupanças, já que a ausência da conferência de compra levava a pagamentos de faturas em duplicado”, garante o responsável.
A plataforma consegue inclusivamente detetar diferenças entre o que é encomendado e o que chega, sem intervenção humana, e solicitar ao fornecedor uma nota de crédito em caso de discrepância.
Além disso, os stocks estarem disponíveis em tempo real é mais uma vantagem competitiva. “Há dois anos isto não era crítico. Hoje é. Quase todos os negócios têm um site de e-commerce, uma plataforma de entregas”. Se o retalhista quer fazer uma venda e ter o artigo disponível para entregar, tem de conhecer o stock em tempo real.
Outra das vantagens operacionais que a plataforma oferece é a funcionalidade de comunicar budgets às lojas, “conseguida por ser uma plataforma online. Ou seja, permite a quem tem múltiplos pontos de venda indicar às lojas o orçamento para o mês, por exemplo, em lugar de ter uma folha de Excel partilhada a que nem todas as pessoas têm acesso. Na nossa plataforma essa informação está nas mãos de cada um dos utilizadores”.
Mais uma “grande vantagem” operacional para quem tem muitas lojas é a gestão centralizada de preços. “Imagine uma empresa que vende 1.000 artigos em 500 lojas. A tabela de preços é uma coisa gigante. Não cabe em 50 monitores. Nós temos mecanismos inteligentes para que seja fácil gerir tabelas de preços em muitas lojas”.
O público-alvo da plataforma de gestão são cadeias de retalho e restauração, com mais de 20 lojas. A solução é multilingue e pode ser utilizada por retalhistas com lojas em diferentes geografias. “Mesmo tendo nomes diferentes para os produtos ou uma taxa de IVA diferente, a Burger King utiliza a nossa solução para gerir os seus restaurantes em Portugal e em Espanha”.
A StoreAce tem escritório em Espanha e na Bélgica. Sérgio Rodrigues resume o percurso internacional da tecnológica portuguesa. “Os nossos clientes começaram por ser em Portugal e alguns PALOP [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa]. Entretanto, fomos para Espanha, um mercado natural por estar aqui encostado, mas, principalmente, por causa da dimensão. O nosso primeiro cliente em Espanha foi a Burger King, que opera 1.100 lojas. De seguida, achámos que o caminho lógico seria o centro da Europa, principalmente França, Alemanha, Bélgica e Holanda. Percebemos, entretanto, que a Bélgica é a geografia mais central e permite-nos entrar na Holanda que, apesar de pequeno, é um país muito interessante. Porque tem uma língua que os grandes fabricantes de software não estão muito interessados em investir e virámo-nos para essa parte da Europa, onde estamos agora a começar a operação”.
Atualmente, a empresa já tem três pessoas na Bélgica com a intenção de criar mercado no centro da Europa a partir daquele país.
A StoresAce está a estudar ainda o mercado do Reino Unido, onde participou no final do ano passado numa feira internacional dedicada ao setor da restauração. “Com esta participação, o principal interesse era dar a conhecer-nos a alguns clientes e possíveis parceiros. Trazemos alguns contactos muito interessantes que representam cerca de cinco mil lojas. Foi bom perceber que o mercado precisa de uma solução como a nossa. Na oferta de toda a feira não havia nada semelhante ao que fazemos. Vamos dar agora o segundo passo, visitá-los, fazer follow up e perceber até que ponto temos negócio no curto prazo e, se sim, abrir escritório em Londres”.
Em que setor – restauração ou retalho – a plataforma encontra mais potencial de crescimento? “Eu diria que é ela por ela. Na verdade, há muito mais retalho, em unidades, a grande diferença é que o retalho, nos muito grandes, estão mais bem preparados do que a restauração, temos por isso mais facilidade em entrar na restauração, do que no retalho, sobretudo o retalho alimentar de grande dimensão, que representa milhares e milhares de lojas. Ainda não temos o peso de uma marca como a SAP ou a Microsoft e, por isso, é mais difícil entrar em cadeias dessa dimensão”.
*Artigo originalmente publicado na edição 409 do Hipersuper