Pão de Rio Maior investe dez milhões de euros para aumentar produção
A empresa que produz pão de forma artesanal, à escala industrial, vai aumentar a área de fabrico, de armazenamento, digitalizar processos e aumentar a produção de energia verde
Rita Gonçalves
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A empresa que produz de forma artesanal à escala industrial vai aumentar a área de fabrico, de armazenamento, digitalizar processos e aumentar a produção de energia verde
A Panificadora Costa e Ferreira, que produz o Pão de Rio Maior, vai investir dez milhões de euros para aumentar a capacidade de produção e armazenamento nos dois próximos anos. Na sequência do aumento da atividade, a empresa coloca em marcha a partir do próximo ano um investimento de dez milhões de euros para aumentar a capacidade de produção, através da aquisição novos fornos, ampliar a área de armazenamento e dotar-se de novas tecnologias “na área da indústria 4.0” para concretizar a “desmaterialização dos registos do processo produtivo, o que possibilitará a monitorização em tempo real de todas as etapas”, revela Deborah Barbosa, diretora geral da panificadora, em entrevista ao Hipersuper. Uma parte do investimento vai para a área da sustentabilidade. Atualmente com 1.600 painéis solares, a empresa vai reforçar a aposta na produção de energia verde, através da instalação de novos painéis fotovoltaicos. O plano de investimento deverá estar concluído em 2025.
A empresa especializada na produção e fornecimento de produtos de panificação tradicional portuguesa nasceu em 1990 pela mão de Joaquim Costa que iniciou o fabrico próprio de uma receita exclusiva de pão caseiro cozido a lenha em fornos de alvenaria para fornecer duas das suas churrasqueiras, localizadas em Rio Maior. O pão tornou-se famoso pela sua “côdea estaladiça e pelo interior macio” e ganhou projeção com a venda em supermercados locais. Hoje, é vendido em cadeias de supermercado por todo o país e no estrangeiro.
Utilizando apenas quatro ingredientes – água, farinha, sal e levedura biológica – na confeção dos produtos, a Panificadora de Rio Maior aposta numa produção artesanal à escala industrial. A massa é cortada, moldada e enformada à mão, e cozida em fornos de alvenaria aquecidos a lenha. A empresa tem atualmente 29 fornos, cada um com capacidade para 300 pães.
O corte da massa manual faz com que cada produto seja único. “A principal característica dos nossos produtos é serem feitos de forma artesanal e serem clean label. O facto de não terem aditivos, corantes e conservantes, é o que nos diferencia das atuais indústrias”, realça Deborah Barbosa. Cerca de 150 pessoas, de um total de 240 trabalhadores, trabalham na área de produção.
Com uma utilização diária de 150 toneladas de farinha moída por dia, a panificadora compra a matéria-prima a fornecedores do Norte e Sul do país. Todos portugueses. A empresa utiliza ainda “mós de pedra, movidas a eletricidade, para moer muitas das nossas farinhas”, salienta a diretora geral, em substituição dos moinhos elétricos.
Para conseguir distribuir o produto em todo o país, a Panificadora Costa e Ferreira investiu cerca de 20 milhões de euros nos últimos 12 anos. “Levámos a cabo um estudo para aumentar a validade do produto depois de congelado e fizemos uma adaptação ao processo produtivo para conseguir vender em todo o país e exportar”.
O investimento de 20 milhões de euros foi feito em quatro fases, detalha a responsável. A primeira fase passou por uma ampliação do número de fornos, de sete para vinte. A segunda pela aquisição de equipamento de congelação e câmaras de armazenamento. Na terceira, a empresa voltou a aumentar a capacidade de produção, com a aquisição de mais nove novos fornos, investiu em espaço para armazenamento de matérias-primas e na produção de eletricidade através da instalação painéis fotovoltaicos. “Construímos uma central de produção de eletricidade, o que nos permitiu na altura em que efetuamos o investimento produzir cerca de 30% da eletricidade que consumíamos”. Na quarta fase, a empresa adquiriu mais silos para armazenar matérias-primas, além de novos equipamentos de congelação e câmaras para armazenamento de produto acabado.
A Panificadora Costa de Ferreira vende os produtos em “praticamente” todas as insígnias da distribuição moderna. Os produtos à venda nos supermercados são adquiridos congelados e acabados de confecionar no ponto de venda. “Os nossos produtos têm a vantagem de não precisarem de ser descongelados, vão diretos ao forno o que simplifica a operação no ponto de venda”, salienta a diretora geral, acrescentando que a empresa irá continuar a apostar “nesta vertente do produto direto ao forno, com o mínimo possível de preparação em loja”. O pão congelado já representa 88% das vendas e, tendencialmente, esta percentagem “irá crescer nos próximos anos”.
Atualmente, a estratégia para o mercado interno passa pela diversificação do portefólio. A empresa lança até 20 produtos por ano. “Temos um departamento de Investigação & Desenvolvimento que faz muito trabalho de casa, muita pesquisa e nos permite lançar, em média, cerca de 15 a 20 produtos anualmente”, declara a diretora-geral. Apesar de não parecer um número muito grande, considerando o tipo que produção, “é um número bastante interessante, porque não fazemos nada de pastelaria e inovar em pão não é tarefa fácil”, sublinha a responsável.
Nos palcos internacionais, o Pão de Rio Maior está presente em nove mercados, através de clientes diretos e indiretos. A saber: Espanha, Holanda, Luxemburgo, Bélgica, França e Reino Unido. Fora da Europa, a empresa exporta para os Estados Unidos da América, Cabo Verde e Angola.
A estratégia para crescer fora de portas passa por “consolidar a presença nos países onde já estamos e ampliar para novos mercados”, além do desenvolvimento de produtos em função das necessidades locais. Entre as novas geografias em estudo, Deborah Barbosa destaca a Suécia, a Noruega, a Holanda e a Alemanha. Temos alguns produtos específicos para essas geografias, onde pretendemos investir nos próximos anos”.
Atualmente, o volume de exportação representa cerca de 5% no nosso volume de negócios. “Com o investimento que vamos fazer, queremos chegar aos 20% em 2024”, conclui a gestora.
*Artigo originalmente publicado na edição 406 do Hipersuper