CESP alerta para falta de medidas de proteção dos trabalhadores e para um maior risco por estarem “exaustos”
CESP diz que há “centenas de queixas diárias” de trabalhadores de supers e hipermercados, mas acredita que a tendência é de as mesmas “estabilizarem”

Ana Catarina Monteiro
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O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) diz que há “centenas de queixas diárias” de trabalhadores de supers e hipermercados, mas acredita que a tendência é de as mesmas “estabilizarem”.
Segundo Célia Lopes, dirigente do sindicato, além de “não se verificar a adoção de medidas” de prevenção face ao surto do Covid-19, em vários espaços, noutros “o conjunto de medidas tomadas ainda não é suficiente”.
As queixas chegam na maioria de cadeias como Pingo Doce, Dia Portugal, Clarel ou Lidl, enumera a responsável, em declarações ao Hipersuper.
“Há falta de gel desinfetante nas lojas e da salvaguarda da distância mínima entre trabalhadores e clientes”, explica.
A dirigente aponta nomeadamente para Ovar, onde foi já decretado estado de calamidade e onde alguns trabalhadores das lojas da grande distribuição mostram-se preocupados com a falta de medidas para prevenir o contágio.
Além disso, neste momento, “os descuidos podem intensificar-se”, já que os trabalhadores estão “exaustos”, dado o maior esforço que têm feito, enfatiza Célia Lopes.
A dirigente mostra-se ainda preocupada com a “falsa sensação de segurança” dada pelo uso de luvas, que pode levar as empresas a descartar outras medidas.
A Direção Geral de Saúde já alertou que o uso de luvas pode agravar o risco de contágio. No caso do setor da distribuição, há colaboradores a “usarem as mesmas luvas durante todo o turno” e a não assumirem outras medidas de higienização, aponta Célia Lopes.
O sindicato indicou que as queixas foram comunicadas à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT). Acredita, no entanto, que as queixas dos trabalhadores venham a estabilizar. “As próprias empresas também não têm interesse em que os trabalhadores adoeçam e os espaços acabem por encerrar devido ao contágio”, explica Célia Lopes.
Entre as soluções para evitar o contacto nas caixas de saída, Célia Lopes aponta para medidas como “as barreiras de acrílico”, que não está a ser adotada pelas cadeias. “Mesmo as que o estão a fazer, não estão em todas as lojas”. Esta foi uma medida já avançada pela Mercadona e a Sonae MC.
A responsável dá ainda o exemplo dos espaços My Auchan, cujas lojas são mais pequenas e por isso o “espaço entre caixas mais reduzido”. Nota que estes espaços cominuam a funcionar da mesma forma “sem respeitar a distância mínima entre o cliente e o trabalhador”.
Esta terça-feira, o CESP fez chegar aos trabalhadores do grupo Jerónimo Martins uma folha sindical em que lembrando que “é uma violação muito grave da lei o facto de a entidade patronal não cumprir a sua obrigação de assegurar aos trabalhadores as condições de segurança e de saúde”.
O órgão explica a estes trabalhadores, em específico, que tem recebido “inúmeras questões”. As mais colocadas prendem-se com a falta de distribuição de produtos e equipamentos de proteção aos trabalhadores, a permanência de trabalhadores em locais de pouca dimensão, entre outras relacionadas com o número de horas trabalhadas.
Greve dos trabalhadores da Auchan
Na quarta-feira da última semana, o CESP desencadeou uma greve junto dos trabalhadores da Auchan, por outros motivos alheios à do atual surto, nomeadamente o aumento dos salários dos trabalhadores em topo de carreira, que neste momento se fixa em 650 euros mensais.
Célia Lopes fala numa adesão “acima dos 70% nos principais locais de trabalho”. A Auchan, contactada pelo Hipersuper, diz que o impacto foi “reduzido”.
Segundo Célia Lopes, a empresa propõe um aumento de “entre cinco a dez euros” no ordenado mensal destes trabalhares, o que deverá acontecer “nunca antes de julho”. Os trabalhadores sentem-se “altamente injustiçados”, explica.
O Sindicato dos Trabalhadores e Técnicos de Serviços, Comércio, Restauração e Turismo (SITESE) tinha convocado para o mesmo dia uma greve para os trabalhadores das empresas associadas à APED, relacionada com as negociações o contrato de trabalho coletivo, entre outros motivos. No entanto, o SITESE acabou por levantar o pré-aviso de greve, devido à atual situação de pandemia.