A embalagem importa e pode ser digital. Conheça os planos da Tetra Pak
A Tetra Pak lançou a campanha “Boa embalagem, boa vida” para iniciar a discussão sobre a importância do acondicionamento dos produtos, num momento em que consciência ambiental e a saúde determinam o consumo. A empresa leva a cabo um projeto de digitalização, que visa conectar marcas e consumidores através da embalagem
Ana Catarina Monteiro
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A Tetra Pak lançou a campanha “Boa embalagem, boa vida” para iniciar a discussão sobre a importância do acondicionamento dos produtos, num momento em que consciência ambiental e a saúde determinam o consumo. A empresa leva a cabo um projeto de digitalização, que visa conectar marcas e consumidores através da embalagem*
A Tetra Pak dispõe de uma nova tecnologia de rótulo digital, com a qual quer elevar a inovação da embalagem a um novo patamar. Através de “um código único associado a cada embalagem”, as marcas podem com esta nova solução prestar informação aos consumidores sobre o que acharem relevante: seja a origem do produto, as suas características ou o impacto ambiental do processo de produção, entre outros.
Com “cerca de 40 mil milhões de embalagens vendidas na Europa” por ano, o grupo sueco está, “numa fase inicial” do projeto, a “digitalizar as fábricas” dos clientes, no sentido de alcançar a monitorização dos processos e a sincronização dos dados gerados ao longo das várias fases. A multinacional espera ter “em breve” o primeiro cliente português a utilizar a tecnologia de rótulo digital, revelou durante o evento “Boa embalagem, boa vida”, que decorreu em novembro passado em Lisboa, Alejandro Cabal, diretor-geral da Tetra Pak Ibéria, divisão que representa uma faturação anual de de 556 milhões de euros e cerca de 800 colaboradores.
“Depois da crise, o consumidor começou a mudar a mentalidade em relação à sustentabilidade no consumo e a fazer compras de forma mais consciente. E com a crescente digitalização, o consumidor consegue ter cada vez mais acesso a informação sobre os produtos, exigindo transparência”, sublinha.
82% dos consumidores mais atentos a embalagens
“Boa embalagem, boa vida” é a mais recente campanha promovida pela especialista em embalagem, com a qual pretende lançar a discussão sobre o impacto dos vários formatos de acondicionamento na conservação dos produtos e no meio ambiente. A iniciativa, dirigida a produtores, embaladores e consumidores, surge depois de um estudo desenvolvido junto de mais de 9000 consumidores em toda a Europa – incluindo uma amostra de 1000 portugueses -, para perceber as novas tendências de consumo e a importância que a embalagem tem nas escolhas de compra.
82% dos consumidores dizem prestar hoje mais atenção às embalagens de produtos alimentares do que há cinco anos. Em Portugal, “a proteção da salubridade do produto” (60%), o facto de “ser fácil de utilizar” (20%) e “ser amiga do ambiente” (15%) são os aspetos da embalagem mais valorizados pelos consumidores, em linha com o resto da Europa, dá conta Vanessa Baldeante da Costa, diretora comercial e gestora de vendas da Tetra Pak Portugal, durante o evento de apresentação do estudo e lançamento da nova campanha.
Saúde e ambiente ganham peso na escolha da embalagem
“Uma clara preocupação do público com a saúde de forma integral” – 91% dos portugueses afirma ter esta preocupação no ato de compra – está a transferir o consumo para a procura de produtos mais naturais, sem conservantes, o que exige embalagens mais competentes na função de conservação. “Oito em cada dez” portugueses refere deixar de comprar um produto alimentar se a embalagem não garantir a proteção dos nutrientes presentes nos alimentos.
Ao mesmo tempo, uma população cada vez mais envelhecida, ativa e com agregados familiares mais pequenos determinou a multiplicação dos tamanhos e formatos de embalagens presentes nas prateleiras das lojas, para dar resposta à procura por conveniência. O que pode levar a um aumento do desperdício alimentar, que neste momento se fixa em “cerca de 88 milhões de toneladas” por ano na União Europeia e cujo impacto económico ronda “os 143 milhões de euros”, de acordo com a fornecedora.
Cientes do impacto ambiental que os excedentes do consumo podem provocar, os consumidores tendem cada vez mais a “preferir embalagens produzidas com matérias-primas renováveis, com uma menor pegada ecológica”, explica a responsável. 76% dos portugueses diz dar importância a este aspeto na hora de efetuar uma compra e “cerca de sete em cada dez” não adquirem um produto se a embalagem for prejudicial para o meio ambiente.
Tetra Pak promove água engarrafada em cartão
No sentido de dar resposta às exigências dos consumidores, a Tetra Pak quer incentivar os produtores, no âmbito da nova campanha, a adotar embalagens de cartão para acondicionamento dos vários produtos, em substituição do plástico. O “cartão proveniente de florestas geridas de forma responsável permite emitir menos 35% de CO2 para a atmosfera face a outros materiais. Além disso, permite uma maior proteção das bebidas, eliminando o efeito de degradação das vitaminas e dos minerais provocado pela luz, e dos alimentos, reduzindo o efeito da oxidação”, constata a diretora.
No evento, a multinacional distribuiu água aos convidados em embalagens de cartão, as quais foram concebidas especialmente para a ocasião, sinalizando a intenção da empresa de entrar no segmento de água engarrafada. Segundo Ingrid Falcão, responsável da área de Ambiente da empresa no País, “o consumo deste produto cresce 1,9% por ano a nível mundial”. E Portugal representa uma oportunidade para o grupo sueco, já que surge em sétimo lugar, entre os países da União Europeia, onde há maior produção e consumo de água engarrafada.
Embalagens feitas de algas e pele de tomate
Mas a empresa não está apenas a apostar no cartão, enquanto material mais sustentável para produzir embalagens. “Algas e pele de tomate” são alternativas em estudo, exemplifica Ingrid Falcão.
Além disso, o grupo sueco oferece tampas de rosca feitas com plástico de origem vegetal, produzidas a partir de bio-etanol da cana do açúcar, em vez de petróleo. Segundo a fornecedora, a cana do açúcar “cresce rapidamente” e é, por isso, renovável – se for gerida de forma responsável. Desta forma, o plástico laminado utilizado nas embalagens de cartão pode também ser de origem vegetal.
A empresa lançou em 2015 a sua “primeira embalagem totalmente renovável”- a Tetra Rex -, desenvolvida a partir de uma combinação de cartão e plásticos derivados de fontes renováveis, nomeadamente, da cana-de-açúcar.
Os mitos dos consumidores face à embalagem
Para a indústria adotar novos materiais de embalagem há que, no entanto, educar o consumidor, o qual preserva alguns mitos sobre a conservação dos produtos, como notou a Tetra Pak no seu estudo. São eles:
– seis em cada dez inquiridos acreditam que o sumo ou o leite em embalagens de cartão que não precisam de ser guardados em locais refrigerados contêm conservantes, caso contrário estragariam-se rapidamente. A Tetra Pak assegura que “uma embalagem assética pode manter os alimentos frescos e preservar o sabor até um ano sem necessidade de conservantes”;
– a embalagem de cartão para alimentos líquidos oculta o conteúdo e, por isso, não é confiável. Para a empresa, o cartão ajuda até a proteger os alimentos da luz e do ar, conservando melhor e durante mais tempo;
– cinco em cada dez acreditam que seria melhor para o ambiente se os alimentos não fossem pré-embalados e vendidos, pelo contrário, a granel. Mas a realidade é que “as embalagens de cartão ajudam a reduzir o desperdício alimentar, cujo impacto ambiental é superior ao das próprias embalagens”;
É a desmistificação destas ideias “erradas” que a empresa pretende promover com a nova campanha, para a qual construiu um blog e um site no sentido de informar sobretudo a geração “millennial”. Além disso, a empresa montou uma exposição para exibir em centros comerciais.
*Texto publicado originalmente na edição impressa de janeiro do jornal HIPERSUPER