Fernando Araújo, secretário de Estado Adjunto e da Saúde (esquerda)
Governo quer acordar com indústria reformulação de produtos como cereais e iogurtes
O Governo prepara-se para acordar com a indústria a reformulação de produtos como cereais, leite com chocolate ou batatas fritas, disse em entrevista à Agência Lusa o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, […]
Ana Catarina Monteiro
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O Governo prepara-se para acordar com a indústria a reformulação de produtos como cereais, leite com chocolate ou batatas fritas, disse em entrevista à Agência Lusa o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo.
A medida surge depois de chumbada em Assembleia da República a “taxa do sal”, que resultaria num receita adicional de 30 milhões de euros anuais para a área da prevenção da saúde.
“Vamos discutir objetivos concretos para determinado conjunto de gamas de produtos, ao longo de vários anos. A nossa proposta é de três anos com metas anuais de redução de sal e de açúcar nos produtos que consideramos mais importantes”, explica o responsável. As prioridades do Governo para tornar a alimentação dos portugueses mais saudável são o combate ao açúcar, sal e gorduras “trans” (artificiais).
Produtores de alimentos como refrigerantes, batatas fritas, sopas prontas, bolachas, cereais, tostas, iogurtes e leite com chocolate terão que reformular os produtos no âmbito do acordo. Os níveis de redução serão calculados consoante o peso que cada um dos produtos tem na alimentação dos portugueses.
Portugueses consumiram menos “5500 toneladas de açúcar”
A taxa sobre bebidas açucaradas, em vigor desde fevereiro do ultimo ano, fez com que os portugueses ingerissem menos “5500 toneladas de açúcar”, revelou o secretário de Estado Adjunto e da Saúde. O imposto gerou uma receita de 80 milhões de euros, destinada ao pagamento de dívidas do Serviço Nacional da Saúde (SNS).
No caso das bebidas inseridas no escalão superior do imposto (o qual determina que as bebidas com teor de açúcar igual ou superior a 80 gramas por litro sejam taxadas em 16,46 euros por hectolitro), o consumo recuou “para metade”, sublinhou o responsável que tinha já revelado, por ocasião da Alimentaria Lisboa, que o consumo das bebidas inseridas naquele mesmo escalão caiu 72% nos primeiros três meses após a entrada em vigor do imposto.
Fernando Araújo sublinha ainda que o imposto “levou a indústria a produzir bebidas com menos açúcar”.
Em junho passado, o Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, tinha mostrado a intenção do Governo de redefinir as taxas sobre as bebidas açucaradas no Orçamento de Estado deste ano, para penalizar as mais prejudiciais à saúde, e de passar a taxar também produtos alimentares com elevados teores de sal ou gordura saturados.
No caso da taxa das bebidas açucaradas, a indústria pretende que sejam criados escalões mais baixos da taxa, além dos dois existentes.