Manuela Tavares de Sousa, CEO da Imperial
Entrevista Imperial: “Prevemos faturar €34 milhões em 2017”
A Imperial inaugurou um investimento de seis milhões de euros numa nova fábrica de drageias em Vila do Conde. Um pretexto para entrevistar Manuela Tavares de Sousa, CEO da fabricante nacional de chocolate e nomeada múltiplas vezes como “Mulher de Negócios do Ano”
Rita Gonçalves
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A Imperial inaugurou um investimento de seis milhões de euros numa nova fábrica de drageias em Vila do Conde. Um pretexto para entrevistar Manuela Tavares de Sousa, CEO da fabricante nacional de chocolate e nomeada múltiplas vezes como “Mulher de Negócios do Ano”
A produção da nova fábrica de drageias destina-se aos mercados internacionais, onde a Imperial faz um quinto das vendas que, no ano passado, se cifraram em 28 milhões de euros. Até 2020, a empresa prevê aumentar em 40% o seu volume de negócios.
Inauguraram um investimento de seis milhões de euros numa nova unidade industrial de drageias em Vila do Conde. Quantos postos de trabalho vão criar?
Inauguramos a nova unidade na passagem pelos 85 anos da empresa, num investimento que rondou os seis milhões de euros. Atualmente, a Imperial conta com 200 trabalhadores. Os postos de trabalho diretos criados correspondem a cerca de 15% do número atual de colaboradores.
Qual a capacidade de produção?
A nova unidade fabril tem uma capacidade de produção de três mil toneladas de chocolate por ano, em laboração contínua.
A que mercados se destinam os produtos fabricados na nova unidade fabril?
A produção da nova unidade é maioritariamente direcionada para os países europeus, para a Ásia/Pacífico e Médio Oriente, nomeadamente, no segmento de drageias. Tratam-se de mercados com forte potencial de crescimento, onde a qualidade e a diferenciação são fatores determinantes de competitividade. Estas são também geografias onde o consumo de chocolate é elevado, o que abre excelentes perspetivas de crescimento.
Como descreve a unidade industrial?
A nova unidade industrial é mais um marco no nosso plano de modernização tecnológica, de forma a mantermos o elevado índice de diferenciação e competitividade. Esta aposta permitiu dotar a empresa de meios tecnológicos de última geração, possibilitando o fabrico de produtos inovadores e o aumento da capacidade de produção, respondendo, assim, ao ambicioso plano de crescimento.
Produção de 20 toneladas de chocolate por dia
Quantas unidades de produção têm? Qual a capacidade total de produção da empresa?
A Imperial tem três unidades de produção, incluindo a nova fábrica agora inaugurada. Todas elas se situam no mesmo complexo industrial, em Vila do Conde. Em média, durante o ano, produzem 20 toneladas de chocolate por dia. Este número aumenta para 25 toneladas durante o período da Páscoa e Natal, épocas de excelência para a empresa.
Qual a quota de mercado da Imperial?
Somos o maior produtor nacional de chocolate e líderes de mercado em diversos segmentos. Podemos destacar o facto de a Regina deter a liderança no segmento de Amêndoas com Chocolate e uma posição de destaque no canal de impulso na categoria de barras e de figuras de chocolate, representando cerca de 40% do total das vendas da empresa em Portugal.
Já a Jubileu é uma das marcas com grande notoriedade no mercado, assumindo-se como aquela que é mais expressiva em termos de mercados externos que valorizam produtos europeus de grande qualidade. As Pintarolas, dirigidas sobretudo a um público infantil, têm registado um crescimento assinalável, ocupando a posição líder a nível nacional na categoria de drageias de chocolate, no formato de tubo.
No segmento de culinária, a marca Pantagruel detém uma quota de mercado de 32% e regista posições cimeiras em diversos países lusófonos. A Canderel é uma linha que responde à necessidade crescente dos consumidores que procuram produtos que se enquadrem no conceito de saúde e bem-estar e que reúnam benefícios funcionais, e a marca Allegro continua a ser um marco no segmento de caramelo com cobertura de chocolate.
A empresa tem um volume de negócios de 28 milhões de euros e exporta um quinto das vendas para 50 países. Quais as cifras previstas para este ano?
Prevemos fechar o ano com um volume de faturação que rondará os 34 milhões de euros. Em termos de exportações, em 2017, o nosso foco é desenvolver o negócio nos diversos mercados onde estamos presentes, estimando que este atinja 30% do volume de vendas. Até 2020, a Imperial prevê aumentar o seu volume de negócios em mais de 40%.
Qual a estratégia nos mercados internacionais? A prioridade passa por consolidar onde já estão presentes ou chegar a novas geografias?
A inovação, a qualidade e a diferenciação são os três pontos-chave que guiam todo o plano estratégico da Imperial. Antes de investirmos num mercado, estudamos sempre cuidadosamente cada país, em termos de canais de distribuição, de concorrência, preços, formas de negociação, hábitos, culturas e expectativas dos consumidores. Por outro lado, apostamos no melhoramento contínuo de processos, na inovação de produtos e na procura sistemática de novos negócios. Interessa-nos, sim, consolidar a nossa presença nos mercados onde estamos presentes, mas também procuramos abordar novas geografias que se revelem de grande potencial para as nossas marcas.
Uma história com 85 anos
A Imperial assinala 85 anos de vida. Quais os principais marcos a destacar desde percurso?
A Imperial foi fundada em 1932, em Vila do Conde. Em 1970, foi adquirida pela RAR, um dos maiores grupos económicos portugueses, procedendo a investimentos significativos que permitiram aumentar a capacidade produtiva. Atualmente, a Imperial é a principal referência nacional na produção de chocolate.
Na década de 80, a Imperial avançou com o lançamento das Pintarolas e da marca Fantasias – que marcou a memória coletiva com o anúncio de Natal mais reconhecido de sempre. Por ocasião do 50º aniversário, a marca Jubileu é lançada, assumindo-se como uma marca de referência, em termos de qualidade e sofisticação. No mesmo ano foi lançada, a gama Pantagruel – direcionada para a culinária – que também é hoje uma das marcas incontornáveis dos consumidores portugueses. Na viragem para o novo século, a empresa adquiriu a Regina, recuperando o portefólio da marca e reinventando-o. O relançamento desta marca na Páscoa de 2002 foi um marco muito importante na história da Imperial, permitindo consolidar a sua presença no mercado nacional.
Em 2012, ano em que a empresa celebrou 80 anos de atividade, foi inaugurada uma nova unidade industrial de tabletes e barras que permitiu aumentar a capacidade de produção, bem como o desenvolvimento e fabrico de produtos diferenciadores, impulsionando o crescimento do seu volume de negócios.
Em 2015, o Fundo Vallis Sustainable Investments I adquiriu a Imperial, reforçando a capacidade tecnológica da empresa com o investimento numa nova unidade industrial de drageias, no montante de seis milhões de euros, oficialmente inaugurada a 22 de setembro de 2017.
Onde estão agora as oportunidades de crescimento para a empresa?
A Imperial tem conjugado a revitalização de clássicos e modernização das marcas com a inovação de produtos e processos e a diversificação de mercados. Sabemos que existe uma clara tendência de revivalismo e que os consumidores valorizam os produtos da sua infância e, por isso, apostámos, por exemplo, no relançamento da Caixa de Furos da Regina, no Natal de 2013. O eixo do revivalismo é muito importante para a Imperial, porque mais do que criar consumidores, é necessário nutrir e cuidar das relações que estabelecemos com eles.
Por outro lado, temos feito uma grande aposta na inovação de produtos, desde a criação de novas texturas, até novos sabores e conceitos. Este é, para nós, um vetor determinante para entrarmos em novos mercados, conquistando novos consumidores. Todos os anos lançamos novas propostas de valor de forma a renovar o nosso portefólio e continuar a surpreender os consumidores.
O crescimento está também assente no aumento da distribuição e visibilidade dos seus produtos, quer reforçando a posição da empresa no mercado nacional, quer explorando novas oportunidades de negócio no mercado externo. Atualmente, estamos presentes em cerca de 50 países, nos cinco continentes.
Quais as principais tendências de consumo de chocolate em Portugal e no estrangeiro?
Em Portugal, o setor do chocolate vale cerca de 215 milhões de euros. No mundo, estima-se que esteja perto dos 100 mil milhões de euros, sendo um mercado altamente concorrencial.
O consumo per capita de chocolate, em Portugal, é cerca de 1,5 quilogramas por ano, aumentado para 1,7kg se incluirmos a categoria de chocolate para culinária. Em termos de preferência, os portugueses são apreciadores do tradicional chocolate de leite, do chocolate com frutos secos (avelãs e amêndoas), caramelo e sabores de fruta. No entanto, o chocolate negro é cada vez mais valorizado e procurado devido à crescente divulgação dos seus atributos funcionais. Bem-estar e saúde constitui uma das grandes tendências de mercado que incentiva a criação de chocolates com alto teor em cacau, sem açúcar, sem glúten, de baixo valor calórico ou com alto teor em fibras e proteínas.