Félix A. Tena, director executivo da Imaginarium
Imaginarium reformula estratégia para sair do vermelho
A quebra dos resultados operacionais nos últimos anos levou a insígnia espanhola de brinquedos a desenhar um novo modelo de negócio, que se espelha na reformulação da proposta de valor das coleções, assim como no novo conceito de “loja-atelier”
Ana Catarina Monteiro
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A quebra dos resultados operacionais nos últimos anos levou a insígnia espanhola de brinquedos a desenhar um novo modelo de negócio, que se espelha na reformulação da proposta de valor das coleções, assim como no novo conceito de “loja-atelier” .
Depois de uma primeira etapa como empresa pioneira na produção de jogos educativos, a espanhola Imaginarium, fundada em 1992 em Saragoça, falhou a tentativa de liderar a nova tendência tecnológica. No último ano, a cadeia pôs fim à venda de tablets para crianças no parque de 372 unidades comerciais detidas em 27 países. Agora, a insígnia que produz 90% da oferta que comercializa pretende “apoiar os pais que se preocupam com a utilização excessiva de tecnologia por parte das crianças, combatendo o sedentarismo infantil e cultivando a sociabilidade entre os mais pequenos”, explica em entrevista ao HIPERSUPER Félix A. Tena, director executivo da Imaginarium. Filho do fundador da marca de brinquedos educativos para bebés e crianças até aos 12 anos (Félix Tena), o responsável esteve em Lisboa para falar do novo modelo de negócio, com o qual a empresa pretende regressar aos resultados positivos a partir deste ano.
Com 27 lojas em Portugal e 136 em Espanha (o país natal que pesa 44% nas vendas globais), a insígnia acumula perdas superiores a 33 milhões de euros desde 2012. No primeiro semestre do ano passado, terminado em julho, o volume de negócio global fixou-se em cerca de 35 milhões de euros, representando um recuo de 15,9% face ao período homólogo anterior, de acordo com os dados comunicados ao mercado de valores para pequenas e média empresas no país vizinho MAB (Mercado Alternativo Bursátil), no qual a empresa está cotada desde 2009.
Cadeia chega aos Açores em 2017
Os resultados levaram a empresa a repensar a estratégia. O parque de lojas, maioritariamente confinado a centros comerciais, está a ser “otimizado” através da “deslocação das lojas que apresentam menor rentabilidade para localizações mais sustentáveis”.
Em Portugal, onde a média de faturação anual ronda os “11 milhões de euros, não há encerramentos previstos”. Pelo contrário, o diretor executivo indica, sem revelar datas, que para 2017 estão já definidas duas aberturas – em Braga, a qual não vai contribuir para aumentar o número de espaços no País uma vez que passa por uma “reabertura em nova localização”, e nos Açores, que marcará a estreia da insígnia no arquipélago.
Os novos pontos de venda lusos abrem portas este ano integrando o novo formato de loja da marca, que está a ser testado “em seis espaços espanhóis” e que já se reflete nas unidades inauguradas no último ano, incluindo seis na Rússia no segundo semestre e nas geografias que a empresa conquistou em 2016 (Lituânia, Hungria, Arábia Saudita, República Checa e Eslováquia).
Novo formato estreia em Portugal este ano
Nos pontos de venda que evidenciam o novo conceito, as duas portas, grande e pequena, que caracterizam os espaços da insígnia desde a abertura da primeira loja há 25 anos no centro histórico de Saragoça, continuam a ser a imagem de marca do exterior dos estabelecimentos, mas o interior transformou-se num “atelier de brincadeira” com zonas onde as crianças podem experimentar os brinquedos.
A organização do espaço foi pensada para refletir “os momentos vitais da brincadeira”, dividindo-se nas áreas “Bem-Vindo Ao Mundo”, com artigos para o primeiro ano de vida dos bebés; “Supera-te”, onde se encontram os artigos com desafios para todas as idades; “Imagina”, com brinquedos como bonecas, carrinhos, disfarces, entre outros, pensados para “dar asas à imaginação”; “Expressa-te”, com os produtos vocacionados para a criação artística, desde a pintura à dança, passando pela costura; “Descobre”, para aprendizagem que englobam a robótica e os drones; “Move-te”, na qual se encontram os brinquedos ligados ao desporto integrando ainda veículos criados para os mais novos; e, por fim, o segmento “Grandes Momentos”, com opções para momentos como o banho ou o deitar. No teto estão tubos com diferentes cores que representam cada uma das áreas e encaminham os visitantes para as secções. O peluche “ícone” da marca, o Kikonico, também se destaca nas novas lojas, em grande dimensão para participar nas brincadeiras e pousar nas fotografias com os mais pequenos.
Novo formato cresce a dois dígitos
“A ideia é tornar a Imaginarium numa loja mais experimental, que convida as crianças a brincar no espaço. Os pontos de venda que assumem o novo conceito mostraram crescimentos de dois dígitos em vendas”, revela o responsável. O objetivo passa agora pela conversão dos espaços já existentes ao longo deste ano para este novo conceito para que a empresa possa “evoluir em termos de faturação nos anos seguintes”.
A Portugal, mercado “prioritário para a cadeia devido à similar cultura com Espanha que facilita a adesão aos brinquedos”, o novo formato chega em 2017. Para já, uma vez que a insígnia renova 20% da sua coleção a cada seis meses, nas lojas nacionais podem-se encontrar os novos produtos que a marca tem vindo a desenvolver a partir da sua equipa de 35 profissionais dedicados ao desenvolvimento de brinquedos, em Saragoça, e cuja produção divide-se entre aquele município espanhol e Hong Kong, na China.
Recuperação dos jogos tradicionais e sensoriais
Além do design das lojas, também o portefólio está a ser renovado introduzindo elementos tecnológicos e ao mesmo tempo recuperando a tradição. “A empresa formou-se com um ideal de jogos educativos para apoiar os pais nas tarefas de educação. Naquela altura não se dava muita importância ao impacto dos brinquedos no desenvolvimento das crianças e por isso trouxemos uma oferta inovadora para o mercado. O novo modelo comercial recupera esta forma de estar da marca. Apostamos novamente em jogos tradicionais e sensoriais que promovem o convívio entre os mais novos, aguçando a sociabilidade, e intercalamos também com a tecnologia”, descreve o responsável.
A estratégia de definição da oferta comercial foi criada em parceria com a consultora espanhola Loop New Business, a qual já tinha ajudado a Imaginarium a desenvolver o original conceito de loja com duas portas.
Ecommerce pesa 5% nas vendas
A reformulação do negócio passa ainda pela modernizada imagem corporativa, que mantém no entanto as mesmas cores, e pelo reforço da aposta no ecommerce, canal através do qual se efetuam “5% nas vendas globais” da insígnia. A empresa pretende “otimizar o sistema de entregas, passando a distribuir as encomendas a partir das lojas mais próximas do destino final, em vez dos armazéns centrais, de forma a acelerar entrega”, revela Félix A. Tena.
Além disso, a empresa está à procura de um novo sócio. O responsável, filho do fundador que detém atualmente uma participação de 61,43% no negócio, diz que ainda “não há perspetivas de quem será”. Revela apenas que, este ano, a empresa pretende investir na expansão através do regime de franquia, através do qual é gerido mais de 60% do parque de lojas a nível mundial.