PRT- SET102016- Prémio E-Empreendedor Chronopost, no auditório Luis Vasconcelos na sede da Impresa, em paço de Arcos.
Photo by Rui Coutinho
Os mais inovadores negócios online em Portugal
A Chronopost lançou o prémio E-empreendedor em Portugal com o objetivo de fomentar a inovação na área do ecommerce. Com o apoio institucional do Ministério da Economia, a primeira edição do concurso distinguiu novos negócios digitais ligados à educação, reutilização e à área alimentar
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A Chronopost lançou o prémio E-empreendedor em Portugal com o objetivo de fomentar a inovação na área do ecommerce. Com o apoio institucional do Ministério da Economia, a primeira edição do concurso distinguiu novos negócios digitais ligados à educação, reutilização e à área alimentar.
Atenta às transformações que o mundo digital tem proporcionado no comércio global, a empresa de entregas Chronopost tem vindo a desenvolver soluções online para alavancar a experiência de compra dos clientes. Há três anos a empresa lançou o serviço interativo Predict, que permite ao consumidor controlar a entrega da sua encomenda. A plataforma móvel alerta os consumidores do dia e hora em que será entregue a encomenda, sendo que o utilizador pode alterar a data, escolher um local mais conveniente para receber os produtos ou, se preferir, pode ainda levantar a compra num dos pontos de recolha da rede Pickup, composta por 500 lojas de proximidade em Portugal e 22 mil postos a nível global. Nos últimos anos, o Predict estabeleceu-se como serviço “standard” da empresa de transporte expresso, agregando ainda o serviço de Livetracking, que permite aos clientes rastrear o percurso da sua encomenda, em tempo real, a partir do smartphone.
Vocacionada para o incremento da conveniência dos eshoppers, a empresa decidiu apoiar as jovens empresas que se mostram inovadores no comércio eletrónico através do lançamento do prémio E-empreendedor. A entrega da primeira edição do prémio que pretende distinguir os melhores negócios online em Portugal realizou-se no passado dia 14 de setembro, na sede do grupo Impresa, em Lisboa.
A plataforma de salas de estudo digitais Studit, que permite a interação entre estudantes do 5º ao 12º ano e explicadores para sessões de dúvidas sobre matemática, físico-química, inglês e português, foi a vencedora do prémio. A distinção assegura à plataforma criada por Joana Santos e Mariana Guerreiro entregas gratuitas de encomendas, “membership” gratuita de um ano na ACEPI – Associação da Economia Digital, formação executiva na Católica Lisbon School of Business & Economics, otimização dos sistemas de pagamento online por parte da Easypay e condições especiais de incubação na Startup Lisboa. Todas estas instituições são parceiras do concurso, que conta ainda com apoio institucional do Ministério da Economia.
Studit
O projeto da Studit arrancou no final de 2015, quando Joana Santos e Mariana Guerreiro, licenciadas em Economia e com mestrados em Finanças e Gestão, respetivamente, decidiram sair da consultora onde trabalhavam há quatro anos para se dedicarem à plataforma digital de salas de estudo.
A inspiração surgiu por parte da irmã de Joana. “A minha irmã é professora, dá explicações de matemática e começou a ter cada vez mais alunos a pedirem explicações por telefone e a utilizar o Skype. Pensamos então em construir uma plataforma que fizesse a ponte entre explicadores e alunos e que permitisse dar explicações online”, conta em entrevista ao HIPERSUPER a empreendedora distinguida pela Chronopost Joana Santos. “No final de maio de 2016 lançámos no mercado uma versão de teste para analisarmos a adesão por parte dos alunos. Tivemos cerca de 60 registos, o que é muito bom. Aproveitamos este verão para melhorar a plataforma, acrescentamos mais funcionalidades e em outubro vamos fazer o lançamento oficial”.
Para utilizarem a plataforma, os alunos devem criar uma conta e carregá-la. Os planos de pagamento estão definidos em função dos minutos que se pretende gastar na plataforma. Trinta minutos custam dez euros para estudantes do ensino básico e 13 euros para os do ensino secundário. Pagam por referência multibanco. “Depois, na plataforma, seleciona um explicador disponível no momento, explica a dúvida, o contexto em que surgiu, o ano escolar que frequenta e, quando o explicador aceita o convite, entra numa espécie de sala de explicações virtual, onde tem à disposição um quadro interativo, em que o professor pode escrever e o aluno consegue visualizar o que está no quadro. Há ainda vídeo, voz e também um chat através do qual os utilizadores podem conversar. Quando a dúvida estiver esclarecida, termina sessão e os minutos gastos são descontados da conta”, descreve a criadora da Studit.
A maior parte do valor cobrado pela plataforma dirige-se para o explicador, sendo que a fonte de receita das empreendedoras que construíram a plataforma passa por uma comissão. Para dar a conhecer o serviço online, neste momento, os primeiros 15 minutos na plataforma são gratuitos para novos utilizadores.
“50% destas empresas que se candidataram ao prémio vendem produtos e outras 50% vendem serviços. Nos produtos, verificamos que a moda está a crescer muito e a cosmética e a ótica são setores que agora se estão a desenvolver mais no canal online. No que diz respeito aos serviços, fomos seduzidos pela área da educação [com a Studit] porque realmente é um mundo um pouco virgem, onde se podem fazer imensas coisas. O saber pode circular no meio digital, o que é muito útil. Cria valor entre quem tem o conhecimento e quem quer partilhá-lo. Achamos que nesta área os negócios digitais têm muito pela frente e estamos a falar da língua portuguesa, que é a quinta mais falada do mundo. Por isso, há muito caminho a explorar”, explica em entrevista ao HIPERSUPER Olivier Establet, presidente da Chronopost Portugal.
A Chronopost entregou ainda duas menções honrosas aos projetos Book in Loop e Doctor Gummy, que completam assim o pódio dos melhores negócios online em Portugal. A estas duas plataformas digitais será dada a possibilidade de inscrição gratuita no Programa Avançado em Empreendedorismo e Gestão da Inovação da Católica Lisbon School of Business & Economics.
Book in Loop
A plataforma online Book in Loop fez com que as famílias portuguesas reduzissem os gastos numa das alturas mais dispendiosas do ano – o regresso às aulas, promovendo a reutilização dos manuais escolares. Em parceria com as lojas Lidl, que serviram de ponto de entrega e recolha dos livros, o portal permitiu a 2 000 famílias portuguesas pouparem 330 mil euros no regresso às aulas deste ano, segundo dados da retalhista.
“A Book in Loop nasceu há dois anos. Éramos duas pessoas a trabalhar no projeto quando surgiu, depois passamos a três e começamos a dedicar-nos a tempo inteiro à plataforma no início de 2016. Agora somos cinco porque o crescimento assim exigiu. Temos mais de 17 500 pessoas registadas”, explica ao HIPERSUPER João Bernardo Parreira, estudante de Direito e um dos criadores na plataforma. “Lançamos uma plataforma embrionária em janeiro deste ano e a plataforma totalmente funcional foi lançada em meados de junho passado”. Neste momento, os responsáveis por este negócio digital são dois empreendedores da área de Direito, um ligado à Informática, um de Biomédica e outro de Bioquímica.
Na Book in Loop, os que compram livros escolares usados poupam até 80% em cada livro adquirido, face ao valor de mercado do mesmo. A utilização é simples: “os pais que têm em casa livros escolares que os filhos já não precisam, indicam na plataforma a escola e o ano em que os manuais foram utilizados. A página identifica quais os livros que essa escola adotou nesse ano e, a partir daí, os utilizadores selecionam os livros que querem entregar e imprimem uma guia. Dirigem-se então a um supermercado Lidl e entregam os manuais juntamente com a guia, que serve para identificar quem entregou os livros quando chegam ao armazém. Depois passam por um processo de triagem, de controlo de qualidade, que foi certificado pela Universidade de Aveiro. Se cumprirem os critérios, são vendidos por 40% do preço inicial. Metade do rendimento gerado pela venda dos livros é entregue aos interiores donos”, explica João Bernardo Parreira.
Com esta iniciativa, aproximadamente 13 000 livros escolares foram recolhidos nas lojas, sede e direções regionais da retalhista Lidl em Portugal no regresso às aulas deste ano. A associação deste projeto à cadeia de distribuição “foi natural em vários fatores. Primeiro, queríamos que as pessoas tivessem um ponto próximo onde pudessem entregar e recolher livros e depois porque a cadeia tem uma cultura muito próxima à nossa, com valores de proximidade e responsabilidade social, que, neste caso, se traduz na reutilização de materiais e na poupança. O Lidl encontrou-nos e, depois de apresentarmos melhor a ideia, fomos trabalhando até conseguirmos concretizar a campanha”, conta.
DoctorGummy
Numa área diferente, a da alimentação, e com um negócio assente num produto e não na oferta de serviço, como as startups previamente apresentadas, a DoctorGummy comercializa guloseimas saudáveis. “A génese deste negócio digital remonta a 2008 na Associação das Escolas Jesus, Maria e José, conhecida como a Associação do Monte Pedral, uma IPSS [Instituição Particular de Solidariedade Social] portuense com 140 anos de história”, explica ao HIPERSUPER Nuno Santos, fundador da plataforma. “Na altura em que surge a ideia, é iniciado o processo de investigação para obter guloseimas sem açúcar, sem glúten, sem lactose, sem corantes e conservantes artificiais mas que mantivessem as características fundamentais das gomas, dando ao consumidor a mesma experiência em termos de sabor, textura e aspeto. Este processo foi mantido em sigilo, até que, em 2014, com a formulação das gomas quase fechada, o projeto foi apresentado ao público pela primeira vez, ao ganhar um prémio de empreendedorismo entre mais de catorze mil candidatos”.
As gomas saudáveis desenvolvidas em Portugal chegaram ao mercado no final de agosto de 2016, através da loja online e em breve serão comercializadas em farmácias. O público-alvo da DoctorGummy são “todos os ‘Gummy Lovers’, em especial as crianças dos quatro aos 14 anos”, indica o fundador.
A Nuno Santos, formado em Engenharia Química, juntou-se recentemente Sérgio Silvestre que desempenha a função de CEO (chief executive officer). Além disso, no inicio de setembro, a startup recebeu investimento do fundo Vallis Capital Partners, que passou a integrar o capital da DoctorGummy Europe SA, como principal acionista. “Esta ligação surge do interesse da Vallis em diversificar o seu portefólio de participações no setor alimentar e, em simultâneo, do reconhecimento do carácter inovador e do potencial económico destas guloseimas”, realça.
Neste momento, o projeto inovador está focado na divulgação das gomas já criadas nos mercados nacional e internacional, tendo na manga “planos para continuar a surpreender o mercado com produtos inovadores”. Um dos objetivos é o “alargamento à área da farmacêutica” com a introdução de medicamentos nas guloseimas. “Atualmente, estamos focados no setor alimentar mas a entrada no setor farmacêutico está nos nossos planos. O conceito passará por, em parceria com empresas do setor, adicionar às guloseimas o princípio ativo dos medicamentos, usando-as como excipiente – corpo do medicamento onde está inserido o princípio ativo, facilitando assim a administração sem causar os problemas que os medicamentos tradicionais causam e, ao mesmo tempo, tornando o sabor do medicamento mais tolerável, sem necessidade de adição de açúcar ou adoçantes e aromatizantes sintéticos”, explica o fundador.
17 mil novas empresas em cinco meses
Estes foram os projetos selecionados entre “dezenas” de candidaturas. Distinguiram-se por terem criado “algo que não existia e pela capacidade de poderem ser replicados internacionalmente. Mas foi muito difícil escolher entre muito boas ideias”, explica o presidente da Chronopost Portugal.
“Criámos o prémio para promover as boas práticas e fomentar a inovação associada ao comércio eletrónico. A ideia surgiu há três anos na filial de Espanha mas como uma iniciativa privada, não tinha o patrocínio do Ministério da Economia como conseguimos em Portugal. Encontramos ideias brilhantes, não só em Lisboa e no Porto, mas também no interior do País”. Segundo Olivier Establet, nos primeiros “cinco meses de 2016 foram criadas 17 mil novas empresas em Portugal”, destacando o setor têxtil que, graças ao motor do ecommerce, assistiu a uma “inversão da tendência de encerramento de empresas observada há pelo menos uma década”.