Inês Caldeira, CEO L’Oréal Portugal: “Ainda há dificuldades em fazer com que colaboradores denunciem situações incorretas”
Inês Caldeira, CEO (Chief Executive Officer) da L’Oréal Portugal, revela em entrevista ao HIPERSUPER como se aplicam os princípios éticos na gestão da filial portuguesa, que se prepara para apresentar um programa de empregabilidade de jovens em risco

Ana Catarina Monteiro
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A L’Oréal promoveu o debate sobre ética na gestão dos negócios, levando a cabo a conferência Ethics Conference, no passado mês de junho na capital do País, em parceria com a Nova Information Management School da Universidade Nova de Lisboa.
A produtora de cosméticos apresentou na ocasião o ‘case study’ do seu modelo de gestão, que faz com que conste, pelo sétimo ano consecutivo, na lista das empresas mais éticas do mundo (World’s Most Ethical Company 2016) elaborada pelo Instituto Ethisphère. A nível global, a empresa já investiu “mais de um bilião de euros em métodos alternativos aos testes em animais” e em França foi uma das primeiras a estabelecer um Código de Ética, em 2000, e a nomear um diretor de Ética, em 2007.
Inês Caldeira, CEO L’Oréal Portugal
Inês Caldeira, CEO (Chief Executive Officer) da L’Oréal Portugal, revela em entrevista ao HIPERSUPER como se aplicam os princípios éticos na gestão da filial portuguesa, que se prepara para apresentar um programa de empregabilidade de jovens em risco.
Na sua opinião, o que fez a L’Oréal tornar-se numa das empresas mais éticas do mundo?
A L’Oréal foi erguida em torno de princípios éticos fundamentais – Integridade, Respeito, Coragem e Transparência, que moldaram a sua cultura e sustentam a sua reputação. Esses valores são a nossa linguagem mundial porque temos consciência que nem sempre o cumprimento das leis é suficiente.
O código de ética da empresa está traduzido em 22 línguas e em braille, temos o dia Internacional de ética, no qual os CEOs de cada filial contribuem para um ambiente de transparência através de encontros e webchats esclarecedores. Temos ainda uma plataforma de e-learning e, em Portugal, 100% dos nossos colaboradores são formados. Por outro lado, a assinatura do código ético é uma condição indispensável à entrada de novos colaboradores.
A ética é uma questão de todos e é por isso que garantimos que os nossos colaboradores estão envolvidos para que sejamos uma empresa exemplar.
Quais os principais desafios para a L’Oréal Portugal em termos ética? Quais são as principais dificuldades?
Os nossos colaboradores têm todos os instrumentos necessários para trabalharem num ambiente ético e responsável. Culturalmente ainda sentimos algumas dificuldades em fazer com que as pessoas denunciem situações que não lhes parecem corretas. É uma jornada que demorará algum tempo mas estou segura que terá retorno.
Por outro lado, temos de nos manter vigilantes em relação ao ‘big data’, às redes sociais e à informação veiculada na rede, que pode potencialmente acarretar riscos.
Já passou por alguma situação de conflito ético na liderança da filial portuguesa? Pode dar um exemplo?
Sim, já passei. Por questões de confidencialidade não posso dar um exemplo concreto. Mas posso dizer-lhe que os casos são investigados com extremo rigor após uma denúncia concreta. Temos um comité de ética que assegura a imparcialidade e defesa de cada uma das partes.
Disse na Ethics Conference que um dos objetivos da filial portuguesa passa por ter até final do ano todos os colaboradores integrados consoante os padrões de ética negocial. O que a empresa entende por ética negocial? Como se concretiza este objetivo?
A ética negocial aplica-se a clientes e fornecedores. Pretende balizar a nossa atividade e garantir que os princípios éticos de que falei (Integridade, Respeito, Coragem e Transparência) são respeitados. Concretizamos a boa execução dos mesmos garantindo que todos os colaboradores estão ao corrente do nosso código de ética.
No ano passado, tínhamos 100% dos colaboradores formados e, com a entrada constante de novos colaboradores, temos que garantir que este índice se mantém.
No que diz respeito à responsabilidade social e ambiental, quais as iniciativas em que a L’Oréal Portugal aposta?
A L´Oréal Portugal brevemente apresentará um programa muito ambicioso para ajudar a empregabilidade de jovens em risco. Este programa vai complementar outras ações que temos desenvolvido em Portugal como o dia solidário, doações de produtos à Entreajuda para distribuição de pessoas carenciadas pelas associações de todo o país, entre outras.