Indústria alimentar de olhos postos nos “Food eVangelists”. O novo conceito de comida saudável
Uma das principais conclusões do estudo global “Food 2020” enfatiza a importância de um grupo de consumidores – os “Food eVangelists”. Os amantes de “comida saudável” representam atualmente 24% da população global, cifra que cresceu 10% nos dois últimos anos, e “estão a relançar o conceito de comida saudável”
Rita Gonçalves
Diogo Costa: “Estamos sempre atentos às necessidades e preferências dos nossos consumidores”
Staples une-se à EDP e dá passo importante na descarbonização de toda a sua cadeia de valor
CTT prepara peak season com reforço da capacidade da operação
Já são conhecidos os três projetos vencedores do Prémio TransforMAR
Campolide recebe a terceira loja My Auchan Saúde e Bem-Estar
Montiqueijo renova Selo da Igualdade Salarial
Sensodyne com novidades nos seus dentífricos mais populares
Salutem lança Mini Tortitas com dois novos sabores
LIGARTE by Casa Ermelinda Freitas chega às prateleiras da Auchan para promover inclusão social
Portugal não tem falta de água, não está é a saber geri-la como deve ser
O estudo global “Food 2020” realizado em 11 mercados da América, Ásia e Europa pela Ketchum, empresa global de comunicação e relações públicas representada em Portugal pela IPSIS, apresenta as novas tendências globais do setor alimentar e o perfil que resulta das novas formas de consumo.
Uma das principais conclusões enfatiza a importância de um grupo de consumidores – os “Food eVangelists”. Os amantes de “comida saudável” representam atualmente 24% da população global, cifra que cresceu 10% nos dois últimos anos, e “é indiscutível que estão a relançar o conceito de comida saudável’, revela o estudo.
Os “Food eVangelists” estão a deixar de constituir apenas um nicho e a tornarem-se “grandes influenciadores de hábitos de consumo em todo o mundo”. Se antes os consumidores tinham o foco numa “alimentação equilibrada”, atualmente estão mais alerta para outros fatores: “onde e como os alimentos são produzidos, como os animais são alimentados e tratados, os valores da empresa e da marca”.
Influência na indústria alimentar
O estudo mostra um aumento da preferência e confiança dos consumidores por alimentos criados e produzidos localmente (56%), em detrimento dos vendidos em supermercados de massas. Para um “amante de produtos saudáveis”, os melhores alimentos para compra são os biológicos, “com ingredientes simples, poucos ou mesmo nenhuns conservantes e sem hormonas”, e produzidos preferencialmente por agricultores com quem podem interagir. Os “Food eVangelists” não procuram perfeição, mas sim “demonstração de honestidade por parte das empresas”.
“Apesar de não terem uma agenda definida, constituem uma força dominante do mercado, tendo começado a influenciar a forma como a indústria alimentar opera e comunica. O seu envolvimento regular em debates sobre alimentação, online e pessoalmente, é frequentemente gerador de discussões controversas e tem vindo a contribuir largamente para a sua capacidade de influenciar o momento da compra e consumo”, revela este estudo.
Segundo a mesma fonte, existem vários exemplos de indústrias alimentares a responder a esta nova realidade. A composição de produtos, as listas de ingredientes, o tipo de fornecedores ou o modo de produção são algumas das alterações introduzidas por várias indústrias alimentares, de forma a responder a esta nova realidade.
Nos últimos anos tem existido uma “renovação substancial da cadeia de valor” com diversas marcas a proceder a “mudanças na formulação do produto, na lista de ingredientes ou de fornecedores”. Outro indicador de mudança que o estudo revela: os “Food eVangelists”, inquiridos nos Estados Unidos e na Alemanha, têm atualmente uma maior confiança na qualidade dos alimentos do que em 2013.
A pesquisa mostra que este grupo de consumidores, em particular, prefere consultar informação sobre as empresas de alimentos, marcas, produção e processamento junto de uma ampla variedade de fontes, privilegiando os meios tradicionais como notícias nacionais: TV (51%) e jornais (48%) sobre um blog favorito (43%) ou Twitter (34%).
Os filhos dos “Food eVangelists”
As crianças dos “Food eVangelists” serão os influenciadores de amanhã. “Educadas nesta vaga de simplicidade, proximidade e equilíbrio, as novas gerações estão a crescer com convicções e preferências semelhantes às dos pais, e tudo indica que assim serão os consumidores ditos ‘normais’ num futuro próximo. Grande parte dos inquiridos o reconhece que os filhos se tornaram a ‘voz da consciência’ da família, com um nível de influência significativo na definição de alimentação saudável e na hora de ir às compras”.
Globalmente, metade dos pais afirma que as crianças têm um papel ativo na escolha dos alimentos que a família consome e quase 40% afirma que as crianças olham para os rótulos e evitam alimentos com determinados ingredientes. Um terço dos inquiridos diz que os filhos mostram preferência por alimentos de produção biológica ou local e 26% mantêm-se afastados de comidas processadas. A maior e crescente novidade é o facto de as crianças estarem ativamente envolvidas nas compras e escolhas da alimentação familiar. Estes dados começam a indicar que as crianças dos Food eVangelists serão os influenciadores de amanhã, sugere o estudo.
Agricultura biológica em crescimento
Itália e Argentina são os dois países com maior incidência de crescimento deste grupo de consumidores – de 37% para 43% em Itália e de 29% para 33% na Argentina -, já nos Estados Unidos, a incidência é de 14%, representando 45 milhões de pessoas.
Em Portugal, de acordo com os dados mais recentes da Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), entre 2013 e 2014, o número de agricultores registados aumentou 9% e a terra usada para produzir cresceu 8%, atingindo os 212.345 hectares destinados à agricultura biológica.
Um relatório da Federação Internacional da Agricultura Biológica, baseado em dados de 2011 e 2012, mostra que Portugal tem uma quota de 5,97% na produção mundial. Em 2011, gerou vendas de 21 milhões de euros, com uma área de 219.684 hectares, valor superior ao que se verificou em 2014 (212.345 hectares). A agricultura biológica representa 6% do total da área agrícola utilizada no País.
Nos Estados Unidos, entre 2005 e 2014, as vendas de alimentos biológicos aumentaram 170% e continuam a aumentar mais do que o dobro da taxa do total das vendas de alimentos, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). Assim como o número de mercados de agricultores cresceu de 1.755 mercados, em 1994, para mais de 8.140, em 2013. Globalmente, o mercado de produtos orgânicos em 2013 chegou a 72 mil milhões de dólares. Além disso, existem atualmente 170 países com atividades de agricultura biológica, contra 164 países em 2013.