Oportunidades no retalho: das marcas próprias ao turismo de compras
O VI congresso da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição teve lugar entre 3 a 4 de maio, no Museu do Oriente, em Lisboa. Vários especialistas nacionais e internacionais reuniram-se para debater o futuro do retalho, desvendando várias oportunidades
Ana Catarina Monteiro
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O VI congresso da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição teve lugar entre 3 a 4 de maio, no Museu do Oriente, em Lisboa. Vários especialistas nacionais e internacionais reuniram-se para debater o futuro do retalho, desvendando várias oportunidades.
O mercado de retalho tem vindo a consolidar-se e assistimos hoje a uma “alta competição entre retalhistas”. A “diferenciação no futuro passa pela aposta nas marcas próprias”, que ainda têm “muito espaço para crescer”, considera Allan Noddle, Non-executive Chairman Board of Directores da Winery Exchange. O especialista em retalho alimentar discursou sobre o “futuro das marcas da distribuição”, no segundo dia do VI Congresso da APED (Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição).
“As cadeias de abastecimento a nível mundial estão a consolidar-se. Os operadores logísticos continuam a alargar as redes e a apostar na eficiência, o que pode trazer problemas aos retalhistas em termos de custos”, já que os consumidores têm vindo a exigir cada vez “mais conveniência e rapidez de entrega”, alerta o Allan Noddle, que já percorreu dezenas de empresas de retalho alimentar nos cinco continentes do globo.
Ao mesmo tempo, hoje verifica-se a tendência de “rejeição das marcas de fabricante” por parte dos consumidores, a nível global, sendo que no futuro são os retalhistas que “organizam o mercado de consumo”.
Marca própria gera diferenciação
O responsável considera que a aposta nas marcas próprias por parte da distribuição é “estratégica” para o crescimento e sustentabilidade do negócio, uma vez que permite aos retalhistas se diferenciarem da concorrência num mercado cada vez mais concorrido.
Na evolução da marca própria, desde que surgiu, é visível uma “crescente oferta de qualidade”. Dinâmica que “não vai parar por aqui”.
“O fenómeno mundial das marcas da distribuição tem início nos “anos 60”. No início, a marca branca está orientada apenas para a “venda a preço reduzido”, fazendo face à inflação dos produtos mas, a partir da década de 1980, os retalhistas “deixam de apostar apenas em rótulos e passam a desenvolver estratégias para consolidarem a sua marca. A primeira retalhista no mercado norte-americano a ter a sua marca própria foi a Costco”, revela.
Com a viragem do século, os retalhistas passam a apostar na “qualidade dos produtos”, concedendo-lhes “valor acrescentado através de um maior cuidado com o ‘packaging’ e apostando em programas de marketing”. Ao mesmo tempo, foram alargando o sortido da sua marca a novas categorias de produto, desde o canal “não alimentar aos frescos”.
Como investir no futuro?
Com o mercado globalizado, os operadores de retalho têm estado atentos às novidades que surgem no mercado mundial, no sentido de aplicar conceitos inovadores aos seus negócios. Uma das tendências para o futuro das marcas próprias passa pela inovação focada na “oferta de nicho”. Por outro lado, é necessária a “aposta no mercado de pesquisa, gerando dados sobre o consumidor que permitam desenvolver novos produtos adaptados às necessidades de cada segmento de público. “Hoje temos várias gerações enquanto consumidores, com características muito diferentes, como os ‘millenials’ e os ‘baby boomers’”.
Quanto às tendências de produto, o mercado caminha para a procura por “produtos naturais”, sem ingredientes artificiais, assim como por diferentes experiências de consumo como “sabores exóticos”.
Na organização do mercado, Allan Noddle destaca as novas oportunidades de abastecimento que o ‘Global Sourcing’ permite, assim como a tendência para o ‘co-branding’. “A parceria exclusiva com ONG (Organização Não Governamental) ou outras entidades eleva a confiança do consumidor”. Para gerar fidelização, os retalhistas têm de estar nas redes sociais, que se tornam o canal mais eficaz para as estratégias de ‘marketing’. “O investimento no desenvolvimento dos produtos, nas pessoas e nas pesquisas é essencial para o retalho no futuro”, conclui.
Turismo é “grande motor do retalho”
No congresso da APED, um dos debates recaiu sobre a relação entre o turismo e o retalho. A “mesa redonda” intitulada “Cidades e Turismo: Retalho como um ativo turístico” contou com a participação de Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Luiz Môr, vice-presidente da TAP, e Renato Lira Leite, managing director da Global Blue Portugal, operadora de “tax free”.
“O turismo é o grande motor do retalho”, atira o presidente do Turismo de Portugal. Com o crescimento da atração turística em Portugal, “assistimos à introdução de espaços de comércio especializados, a lojas mais cuidadas, cujo principal beneficiado é o turismo. O que faz com que o índice de repetição dos turistas esteja a aumentar”. Segundo o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, o turismo em Lisboa vale mais do que as “exportações de todo o setor de calçado nacional”, gerando cerca de “3500 milhões de euros por ano”.
Uma das motivações atuais que levam o público a viajar é o “turismo de compras” mas a “grande distribuição ainda não olha para o turista como alvo prioritário”. De acordo com Renato Lira Leite, “80% do orçamento do turista destina-se às compras”. Lisboa é “a sétima cidade europeia favorita para o turismo de compras” e tem vindo a crescer enquanto destino dos cidadãos chineses, que gastam uma média de “três mil euros em compras”. O turismo de compras apresenta assim “grandes oportunidades para a distribuição”.
“Ainda cerca de 7% dos chineses têm passaporte para conseguirem sair do país”. Espera-se que “em 2020, o número duplique para os 200 milhões de cidadãos” com acesso ao exterior das fronteiras chinesas, o que gera “grandes expetativas” para o Turismo. Além disso, segundo o vice-presidente da TAP, a atual estratégia da companhia aérea portuguesa passa por “ajustar horários para promover escalas em Portugal”, destino cuja procura “explodiu” este ano. Aproveitando o crescente número de visitas ao País, pretende apostar no potencial do “Aeroporto de Lisboa enquanto Hub”, “incentivando os turistas a permanecerem no País”. “O foco neste momento é atrair o público norte-americano”, explica Luiz Môr.