Segurança em loja: Soluções com capacidades analíticas são tendência
Mais do que simples ferramentas de protecção de loja, as novas soluções de segurança disponíveis no mercado global apresentam capacidades de análise que potenciam as estratégias de diferenciação dos retalhistas
Ana Catarina Monteiro
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Mais do que simples ferramentas de protecção de loja, as novas soluções de segurança disponíveis no mercado global apresentam capacidades de análise que potenciam as estratégias de diferenciação dos retalhistas.
O furto em loja constitui a componente mais importante do volume de perdas do sector retalhista, cerca de 50%, segundo dados avançados por João Romeiras, Director Comercial da 2045. “O furto por parte de trabalhadores desonestos constitui também uma origem importante das perdas do sector retalhista (17%) e a fraude originada por fornecedores é igualmente uma parcela importante das perdas no retalho”.
Para combater o problema, os “sistemas mais utilizados no retalho são as Etiquetas de Segurança que obviam os furtos em cerca de 60%”. Desta forma, as perdas tornam-se uma menor dor de cabeça para as empresas, que demonstram actualmente “interesse por mecanismos mais avançados”, vistos como mais do que meras ferramentas de protecção para lojas. Os mais recentes sistemas de segurança evoluíram para soluções que integram as próprias estratégias dos retalhistas para incrementarem o desempenho do ponto de venda. A empresa de sistemas de segurança dá conta que a oferta no sector tem cada vez mais capacidades analíticas.
Segurança como instrumento de análise
“A evolução tecnológica dos sistemas de segurança permite uma ampla possibilidade de análise de comportamento, extravasando a simples prevenção e detecção do furto”. A tendência aponta para que os sistemas de segurança, como os de videovigilância, que são das soluções “mais requisitadas”, permitam uma detecção de comportamentos perante os produtos expostos e, “através da análise das atitudes dos consumidores, podem surgir medidas de adaptação dos pontos de venda às necessidades e anseios dos clientes”, considera o responsável.
Uma das ferramentas mais procuradas actualmente é a CCTV ou CFTV (terminologia internacional para Videovigilância Analítica), que incorpora, cada vez mais, a análise de padrões de comportamento e acção”, na qual “são definidos padrões de comportamento e qualquer alteração destes gera informações de alerta que desencadeia acções de despiste”. Assim, estes sistemas têm funções “mais abrangentes no desenvolvimento da estratégia comercial do ponto de venda e consequentemente nas respectivas organizações”, considera o Director Comercial da 2045.
A segurança nas lojas é algo “incutido e perfeitamente consciencializado” por parte dos consumidores. “O facto de sentirem que os produtos e o espaço onde se encontram estão devidamente protegidos, e que podem manusear livremente os produtos que seleccionam, desperta um interesse concreto na compra, promovendo o seu regresso”, diz, por sua vez, Cristina Loureiro, da Direcção da Maginalarm, empresa nacional de sistemas de segurança.
Segurança optimiza funcionamento da loja
“No geral, os retalhistas procuram soluções integradas, complementando vários sistemas”. Além da tecnologia, que os torna instrumentos de diferenciação perante o público, os sistemas de segurança potenciam, em primeiro lugar, a gestão do próprio espaço. “Na realidade, os retalhistas ao investirem na segurança das instalações, pessoas e dos produtos, paralelamente apostam em sistemas de gestão, de forma a controlar e a gerir a sua loja, cujo resultado se traduz na diminuição das perdas desconhecidas e dos custos inerentes”, sublinha a directora, que destaca “a prática comum da aplicação de Sistemas de Vídeo Vigilância, Controlo de Acessos, tecnologias anti-furto; EAS”, no mercado nacional. “A vigilância humana é um complemento importante como é no caso das grandes superfícies, por exemplo”.
O responsável da 2045 verifica também uma frequente contratação de vigilantes, “nomeadamente em certos tipos de negócios como a joalharia e no comércio de perfumaria, sendo um meio bastante eficaz”.
A supremacia das multinacionais
Como se posicionam as empresas portuguesas neste sector, a nível internacional? A Directora da Marginalarm considera que “nem todas as empresas estão vocacionadas para explorar este tipo de mercado”, uma vez que implica “um grande investimento financeiro, recursos humanos e de equipamentos direccionados a este nicho”. As empresas multinacionais são, assim, “as que detém a supremacia” no âmbito de tecnologias de segurança.
O Director Comercial da 2025, por outro lado, considera que “as empresas portuguesas estão a dar os primeiros passos” nesta área. “Empresários e dirigentes do sector do retalho estão atentos às novas tendências nesta vertente”, o que é determinante para o sector de sistemas de segurança. “É muito importante que os decisores estejam atentos e façam “benchmarking” do que se passa no sector a nível global”, para que as empresas nacionais consigam estar à frente, quanto às soluções exigidas pelo mercado.
No entanto, as operadoras portuguesas que acompanham os seus clientes na internacionalização “estão a ganhar posição neste mercado, em África essencialmente”.
Ainda assim, João Romeiras diz que as soluções tecnologicamente “mais desenvolvidas e ‘State of the Art'” têm uma maior presença, neste momento, em “grandes cadeias de retalho multinacionais” .
Potenciar lado sensorial do consumidor
Da mesma forma que a electrónica de consumo evolui, a tecnologia aplicada aos sistemas de segurança pode potenciar também a experiência de compra dos consumidores em loja. Os sistemas anti-furto, de controlo de qualidade, de etiquetagem e outros quantos passam também a adaptar funções que potenciam o lado sensorial de um consumidor que tem mais acesso à informação em toda a cadeia de abastecimento. “A total exposição dos produtos, devidamente protegidos, permitindo ao cliente sentir, experimentar e avaliar o produto de forma autónoma e não abusiva, potencia a compra de forma consciente e responsável”, considera Cristina Loureiro.
Nos próximos anos, os dois especialistas prevêem o “aumento da utilização de sistemas de segurança, tornando-os plataformas, não só de controlo e prevenção do furto mas também de estudo do comportamento do cliente”. A conjectura para o futuro do sector é favorável ao crescimento do negócio em Portugal, como defende a responsável. “Tendo em conta a legislação em vigor, os comerciantes vêem-se na obrigatoriedade de se adaptarem, aumentando as vendas no sector da segurança”, o que é para João Romeiras, “obviamente, uma actuação importante e que poderá ter uma forte implicação na definição da estratégia comercial e de marketing das empresas retalhistas”.
Além da legislação, que obriga a que os pontos de venda cumpram certos requisitos neste aspecto, os sistemas de segurança devem-se adaptar às sucessivas mudanças de contexto social. A frequência com que os retalhistas devem adaptar sistemas à realidade social é “relativa”, estando “directamente relacionada com as necessidades reais aferidas em determinado espaço, com a introdução de novos produtos no mercado, a exposição nas lojas e, por fim, com a evolução da astúcia das pessoas, quando ao ‘modus operandi’ do furto”.
De acordo com as novas necessidades do mercado, as soluções de segurança “permitem não só a adaptação dos sistemas existentes como integrar novos equipamentos”. No entanto, “cabe aos operadores do sector a permanente divulgação das novas ferramentas que vão surgindo no mercado, com o objectivo de minimizar os prejuízos que possam ocorrer por via do furto ou da fraude”, sublinha, por sua vez, o especialista da 2045, que promove a “actuação pró-activa junto dos clientes, alertando-os e informando-os das novidades que surgem nesta área”.
As exigências são, assim, impostas de acordo com a evolução das novas tecnologias, introdução de novos produtos no mercado e novos métodos de roubo, pelo que, na Maginalarm, se “acredita que não é o retalhista que se deve adaptar à solução mas sim a solução ao retalhista”.