Retrato dos mercados municipais em Portugal
Muitas palavras, pouca acção. Dados preliminares de um estudo que pretende fazer um retrato dos mercados municipais em Portugal revela desinteresse por parte de autarquias, e outras entidades, na dinamização deste formato comercial no País

Rita Gonçalves
Casaleiro com nova imagem e novas referências
Mars vai investir 27 milhões de dólares para reduzir emissões em explorações agrícolas
Sophos e Pax8 anunciam parceria para simplificar a gestão da segurança
Wells abre nova loja em Aveiro
Panattoni Iberia constrói parque logístico em Santarém
Corticeira Amorim promove novo programa de recolha seletiva e de reciclagem de rolhas de cortiça em Nova Iorque
MO reabre lojas em Esposende e Abrantes
Abertas as candidaturas ao PEL – Prémio de Excelência Logística 2025
Novo Mercadona em Santa Iria de Azóia abre no dia 20 de março
Missão Continente salva mais de 8 milhões de refeições em 2024
Por João Barreta, Mestre em Gestão do Território
Há 510 mercados municipais em Portugal, responsáveis por 150 mil postos de trabalho. Com mais de 160 mil visitas diárias, os mercados contribuem para dinamizar as economias locais e ajudam a regenerar o comércio no centro das cidades. Apesar de estes motivos, por si só, justificarem uma atenção redobrada por parte das administrações, central e local, a este formato comercial, não é isso que acontece actualmente. Isto é, se localmente, entenda-se ao nível do munícipio, o conhecimento dos mercados é algo deficitário, a nível nacional o panorama é desolador. Se a admnistração local não conhece o que é seu, a administração local ignora o que julga não lhe pertencer.
A principal inovação deste estudo, que visa enriquecer o conhecimento que temos sobre os mercados municipais, assenta na realização de um inquérito, remetido às 308 autarquias do País.
Os sete distritos, cujos municípios se revelaram mais “cooperantes” nas respostas ao inquérito, representam 68 dos mercados participantes no estudo, ou seja, cerca de 60% do total dos municípios que responderam e que possuem pelo menos um mercado no seu concelho. Os 68 municípios em causa representam 287 mercados (estimativa) do total dos mercados existentes, isto é, cerca de dois terços do universo total estimado. Esta é uma sintese do relatório preliminar do estudo, ainda em fase elaboração. Fique a par das principais conclusões.
1. Localização
Mais de metade dos mercados localizam-se em plena zona comercial das respectivas cidades e vilas, vulgo baixa comercial. Mais de 50% dos mercados dispõem de estacionamento próprio.
2. Antiguidade
Mais de um quarto do total dos espaços é anterior a 1950 (no que se refere à sua data de construção). 84% do total foi objetco de algum tipo de remodelação/requalificação entre 1998 e 2013.
3. Oferta
O número total estimado de mercados existentes é de 510. Tal estimativa é sustentada não só nas respostas obtidas, assim como na consulta dos respectivos sites das autarquias que optaram por não responder ao questionário.
4. Bancas
Face ao número de bancas existentes nos mercados (tendo em atenção os intervalos definidos) constata-se que predominam os mercados que possuem entre 11 e 40 bancas (1/3 do total dos mercados).
5. Lojas
Se atendermos ao número de lojas, predominam os mercados que apresentam entre 21 a 50 lojas. Se alargarmos o “intervalo”, constata-se que mais de metade dos mercados contempla entre 11 a 50 lojas.
6. Total dos pontos de venda
Os 510 mercados contemplam cerca de 58.000 pontos de venda, repartidos entre bancas (3/4) e lojas (1/4).
7. Ocupação
O nível de ocupação dos pontos de venda é distinto, tendo-se apurado que 17% das bancas se encontra sem utilização, ao passo que em relação às lojas a taxa de espaços devolutos é de 11%.
8. Visitantes
Em 50% dos mercados o dia considerado “mais forte” (entenda-se, em fluxo de visitantes/clientes) é o Sábado, seguindo da Sexta-Feira em 23% dos mercados. Por oposição, os dias considerados “mais fracos” são a Segunda-Feira (2%) e o Domingo (4%).
De assinalar que, de acordo com as respostas obtidas, 10% dos municípios revela não conhecer qual o “dia forte” do respectivo mercado.
9. Horário
Dois terços dos mercados funcionam seis dias por semana, sendo de assinalar que 13% do total estão abertos ao público três ou menos dias por semana. Durante os dias de semana, 40% dos mercados estão abertos ao público apenas no período da manhã. Aos Sábados tal situação ocorre em 72% dos mercados.
10. Emprego
Estima-se que o universo total dos mercados contempla cerca de 150.000 postos directos de trabalho, repartidos entre bancas (2/3) e lojas (1/3). Tal projecção fundamenta-se nos valores médios apurados, em sede de questionário, de 2,25 empregados por banca e de 3,75 empregados por loja.
11. Gestão
Em 93% dos mercados a gestão do equipamento é assegurada directamente pelas autarquias. Em 3% das situações a gestão dos mercados é “partilhada” pelas autarquias e respectivas associações de comerciantes/operadores.
Em “apenas” em 6% dos mercados existe associação de comerciantes formalmente constituída.
12. Planeamento
Em termos de planeamento, constata-se que um quinto dos mercados dispõem de plano de actividades próprio, sendo ligeiramente inferior (18%) os mercados que têm orçamento próprio.
Já no que diz respeito à existência de um plano de acção comercial concreto para o mercado, tal é contemplado em 10% dos casos.
Ao nível da possível existência de “instrumentos/mecanismos” com vista à fidelização da procura, as respostas obtidas apontam para tal evidência em 6% dos mercados.
35% dos municípios não responderam à questão relativa à estimativa da relação entre receitas e despesas geradas pelos respectivos mercados por, alegadamente, desconhecerem os “valores” em causa.
Cerca de um terço dos mercados apresenta receitas que representam menos de 25% do total das despesas. A percentagem de mercados cujas receitas cobrem as despesas é de 5 pontos.
13. Conhecimento da oferta
Relativamente ao conhecimento da oferta, no sentido de se poder aferir características dos operadores instalados, é de referir, por exemplo, que em 89% dos mercados não são realizados quaisquer tipos de inquéritos com tal propósito. Apenas em 12% dos mercados são efectuados levantamentos de necessidades de formação.
Trabalhar uma realidade desconhecida não será decerto o melhor caminho, pelo que o estudo em causa pretenderá ser um contributo para dar a conhecer o que muitos não conhecerão e que outros tantos não pretenderão sequer conhecer!