Especial empilhadores. Sector perde metade do valor em 4 anos
2013 foi um ano de viragem para as empresas de movimentação de carga. O sector que nos anos duros da crise perdeu metade do volume de negócios regressou ao crescimento
Rita Gonçalves
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2013 foi um ano de viragem para as empresas de movimentação de carga.
Entre 2008 e 2012, este mercado perdeu metade do seu valor, mas, no ano passado, o mercado português fechou com um aumento de 43,3% face ao período anterior, o que reflecte um crescimento em todas as gamas de empilhadores, explica ao HIPERSUPER Jaime Gener Bover, director-geral ibérico da Linde, apesar de não referir o volume de negócios do sector.
Já este ano, até Julho, segundo dados da ACAP (Associação Automóvel de Portugal), citados por Susana Teixeira da Mota, responsável pelo marketing da Manitou Portugal, as vendas de máquinas de movimentação de carga aumentaram 33,3% face ao período homólogo.
“O crescimento pode ser em parte explicado com uma substancial fatia de negócios que são concretizados para os mercados de Angola e Moçambique, que se encontram ainda em crescimentos superiores. No entanto, também a economia nacional parece ter melhorado as suas perspectivas algo conservadoras e notamos uma movimentação positiva nos investimentos em ‘stand by’”, comenta Nélson Lopes, responsável de vendas da Jungheinrich.
Mas, o ano passado não foi apenas um ano de recuperação de vendas. Representou para algumas empresas o melhor ano em volume de negócios. É o caso da Empigest, explica Carlos Carvalho, director-geral. “Em 2013, houve um crescimento significativo do mercado, depois de quatro anos consecutivos de quebra. Apesar de termos registado evoluções positivas desde que iniciámos actividade, através da venda de máquinas e serviços, 2013 foi o melhor ano em termos absolutos. Registámos um crescimento de 25,7% na facturação para mais de oito milhões de euros. A nossa quota de mercado superou ligeiramente os 20%”.
É também o caso da Jungheinrich, explica o responsável de vendas. O ano passado acabou por ser “um dos melhores para a marca que atingiu uma quota de mercado recorde de 22,3%, segundo dados da Wits/FEM, o primeiro lugar entre os fornecedores de empilhadores”.
Ivo Paiva, director comercial da Rodalgés, sublinha, por sua vez, que algumas empresas sairam da crise mais “reforçadas e renovadas”, com “novos projectos e áreas de negócio”. Por isso, o responsável estima que o mercado “mantenha, até ao final do ano, a mesma tendência de subida em todos os sectores”.
Regresso à normalidade?
Os mercados europeus começam a dar “sinais positivos”, depois de um “período de pouco investimento”, sublinha Carlos Carvalho, acrescentando que, em Portugal, “o mercado está novamente a dinamizar-se, passaram a existir novamente linhas de crédito para as empresas se financiarem e, a manter-se esta evolução, a tendência será o regresso à normalidade, ou seja, um número de unidades vendidas muito similiar ao que ocorria antes de 2007, antes da crise”.
Jaime Gener Bover é mais cauteloso nas previsões. “As perspectivas para os últimos meses do ano são optimistas”, ainda que, por ser “tão variável e dependente das macro-operações, seja muito difícil fazer um prognóstico sobre qual será o crescimento real do mercado português”.
Susana Teixeira da Mota, por sua vez, ressalva que, apesar de encarar “a curto, médio-prazo esta tendência positiva de forma optimista”, é preciso alguma “prudência”. Apesar de os “incentivos governamentais ao investimento das empresas que animaram o mercado, em muitos sectores continuamos a assistir a dificuldades na obtenção de crédito, assim como ao encerramento de empresas”.
Precauções à parte, os operadores deste sector estão de forma geral optimistas. “As exportações estão a crescer não apenas em Portugal mas em toda a Europa. E os mercados emergentes crescem a dois dígitos, como o asiático, o indiano e o brasileiro”, lembra Nélson Lopes.
Ambiente é tendência
Eficiência, produtividade, segurança e ambiente. Estas são as palavras-chave na hora de aquirir ou alugar um empilhador. “Soluções com maior eficiência de consumo e menor impacto ambiental têm-se verificado como as grandes tendências neste sector, em alinhamento com as restrições a nível de emissões impostas pela União Europeia. As principais inovações tecnológicas vêm neste sentido. A garantia de maior segurança e conforto do operador na realização dos ciclos de trabalho diário de movimentação de cargas são igualmente factores-chave”, sublinha a responsável de marketing da Manitou.
As empresas portugueses optam cada vez mais pela troca de equipamentos térmicos por eléctricos, por “questões ambientais e de análise do custo total da operação. Incluindo os custos energéticos e os de manutenção, em países em que existem redes com cobertura nacional de assistência técnica e pós-venda, a decisão por equipamentos eléctricos, na maioria dos casos, acaba por ser a mais vantajosa”, garante o responsável de vendas da Jungheinrich.
As marcas trabalham essecialmente no “desenvolvimento de sistemas que promovam a produtividade através de novas tecnologias, da gestão energética e de um absoluto controlo por parte dos clientes das suas frotas de equipamentos. A questão essencial é que o investimento na aquisição de algumas dessas inovações é elevado, não garantindo retorno a curto prazo. São difíceis de adquirir, mesmo por empresas com maior capacidade financeira”, explica o director-geral da Empigest.
Critérios da decisão
Em última análise, o objectivo deste sector é, sempre, o de facilitar a movimentação, procurando oferecer equipamentos que permitam cada vez mais a movimentação de maiores quantidades com menor esforço, como lembra o director comercial da Rodalgés.
O preço é, no entanto, o atributo mais valorizado na aquisição destas máquinas, diz Carlos Carvalho. “A relação custo-benefício é o factor com mais peso na decisão”.
Susana Teixeira da Mota, por sua vez, dá conta do funcionamento do processo de decisão. “O primeiro factor que as empresas têm em conta na escolha de um equipamento de movimentação de carga é a selecção de uma máquina que vá ao encontro das suas necessidades funcionais, como a capacidade de carga, a altura de elevação, o espaço de movimentação, o trabalho interior ou exterior, entre outros. A conjuntura económica levou a que o preço e as condições de pagamento aumentassem o seu peso na decisão de compra, mas não são os únicos critérios de decisão. Preocupações ambientais e rentabilidade do consumo, a segurança e conforto do operador mas também a imagem de marca, a qualidade do serviço pós-venda e a capacidade das marcas em fornecerem soluções de serviço customizadas que se insiram na cadeia de valor dos clientes, estão entre os factores que entram também no processo de decisão”.
Aluguer versus compra
As empresas portuguesas estão a apostar mais no aluguer ou na aquisição destes equipamentos? Segundo o director comercial da Rodalgés, a escolha entre as duas soluções depende da dimensão da empresa. “Numa grande empresa com uma utilização intensiva destes equipamentos é mais fácil o aluguer, apesar de ser mais caro traz vantagens: os equipamentos são sempre novos, não há manuntenção nem tempos de paragem. Já numa micro empresa ou PME (Pequena e Média Empresa) a aquisição é o mais habitual, permite a compra de equipamentos mais em conta, eventualmente até usados, e não se coloca com a mesma importância a paragem para manunteção versus a produção e rentabilidade perdidas”.
O aluguer representa já 60% das máquinas que a Empigest coloca no mercado português. “Se a empresa tiver uma actividade constante ao longo do tempo, pode optar pela aquisição, porque tende a explorar os equipamentos por um maior período de tempo. Se tiver uma actividade sazonal, pode fazer um misto, mantendo uma frota ajustada às suas necessidades de época baixa e complementando com aluguer de curto prazo na época alta. Se a necessidade de equipamentos depender de processos logísticos limitados no tempo – como acontece em empresas de logística – então, o aluguer de longo prazo é a melhor solução, porque ajusta os contratos às necessidades do cliente, que não corre o risco de ficar com máquinas exedentárias num determinado momento”, explica Carlos Carvalho.
Para o responsável de vendas da Jungheinrich, especialmente o aluguer de curta “pode ser um meio eficaz de tornar o negócio dos clientes mais rentável e lucrativo sem que os mesmos se tenham que preocupar com necessidades pontuais ou de picos de trabalho. Sem esta solução, o cliente teria que investir em equipamentos adicionais que apenas funcionariam nessas alturas representando um investimento adicional que não estaria a ser bem rentabilizado. O aluguer de curto prazo é também uma forma de responder às incertezas económicas, pois, permite uma flexibilidade que não existe quando se compra ou se faz ALD.
Distribuição prefere compra
São, cada vez mais, os clientes que optam por soluções mistas com equipamentos adquiridos para uma utilização ligeira ou média mas garantida por longos períodos de tempo, equipamentos em regime de aluguer operacional com a inclusão de contratos de manutenção ‘full-service’ (renting) para operações de utilização intensa como forma em garantir custos fixos sem ‘surpresas’ e alguns equipamentos em regimes de aluguer de curta duração que lhes permite uma adaptação constante a alterações dos seus próprios negócios, refere Nélson Lopes.
A responsável da Manitou, explica, por outro lado, que o sector da distribuição continua a registar uma preferência pela aquisição de equipamentos. “O sector logístico, por seu turno, já apresenta um maior volume de procura de soluções de aluguer, nomeadamente das soluções ‘full service’. A escolha de uma ou outra solução depende dos objectivos e necessidades de cada empresa. A compra apresenta vantagens para as empresas com menores necessidades de utilização e manutenção dos equipamentos. Já as maiores vantagens do aluguer residem na utilização das rendas como custos fixos e a possibilidade de uma maior renovação de frotas, apresentando assim maiores vantagens para empresas com grandes frotas e utilizações intensivas”.
De fornecedor a parceiro
A crise trouxe uma mudança de paradigma ao sector, conta o responsável da Linde. “Deixámos de ser fornecedores de empilhadores e passámos a ser parceiros de serviços. O negócio baseia-se actualmente na eficiência de todos os serviços, cuja base são os empilhadores, que aportam valor acrescentado ao cliente, ou seja, flexibilidade da frota, diferentes sistemas de aluguer, sistemas de gestão de frotas, entre outros”.
Para animar o negócio e contrariar a actual situação económica do País, a empresa alemã Jungheinrich tem vindo a alargar de ano para ano a sua oferta nas diferentes gamas: empilhadores tradicionais, equipamentos semi ou totalmente automáticos, estanteria, armazéns autoportantes, assim como serviços de inspecção deste tipo de estruturas metálicas, serviço de baterias, sistemas informáticos, como ‘warehouse managment’ ou ‘warehouse navigation’, incluindo os terminais e scanners necessários. Além disso, explica Nélson Lopes, “sugerimos pró-activamente melhorias na frota do cliente, mudanças no método de utilização dos equipamentos ou a tirar melhor partido dos mesmos”.
A Empigest, por sua vez, tem vindo a investir nas suas instalações “para aumentar a produtividade, melhorar os processos internos de gestão, assim como os meios de comunicação internos e externos”.