Close up of assorted wine bottles — Image by © Tom Grill/Tetra Images/Corbis
IVV rói a corda no “Vinho Leve”
As duas regiões – Lisboa e Tejo – que produziam, em exclusividade, Vinho Leve, estão em riscos de perder esse “privilégio”. O IVV quer abrir a produção e rotulagem a todas as regiões, indo contra o que fora acordado entre as partes.
Victor Jorge
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O Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) deu o dito por não dito. Ou seja, a entidade que regula o vinho em Portugal tinha, em reunião realizada a 5 de Dezembro de 2011, decidido que a produção de “Vinho Leve” – um vinho que só se consegue produzir em terrenos muito pobres e ácidos e em clima de grande proximidade do mar, caracterizado por ter baixo grau de álcool entre 9 e 10% Vol. e por ter uma acidez alta – ficava sob a alçada exclusiva das regiões de Lisboa e Tejo como tem acontecido, de resto, nas duas últimas décadas.
Ora, no início do ano, mais concretamente, em reunião realizada a 10 de Janeiro de 2012, o IVV, sem aviso e à revelia da agenda da reunião anterior, voltou a por o assunto na praça para recolher opiniões eventualmente favoráveis ao que agora pretendem.
Assim, foi efectuado um novo Projecto de Portaria onde se permite que todas as regiões produzam “Vinho Leve”, realidade a que as duas CVR’s visadas – CVR Lisboa e CVR Tejo – se opõem veementemente.
Em comunicado, a CVR Lisboa coloca várias questões relacionadas com esta viragem do IVV. “Por que motivo se quer alterar uma coisa que é boa e funciona bem? Que motivos há? Quem vai beneficiar com esta desgraça que impõem à Região Lisboa e Tejo? Porquê é que não explicaram desde o início o que queriam e estão a tentar violentar os desejos e o sentir de toda uma classe produtora e exportadora?”. Estas são algumas perguntas que a CVR Lisboa, liderada por Vasco d’Avillez, coloca, salientando a importância que esta produção possui para a região.
Ao Jornal Hipersuper, Vasco d’Avillez adiantou já ter pedido, há 11 dias, uma reunião ao secretário de Estado da Agricultura, não tendo obtido qualquer resposta, pelo que admite avançar para um pedido de reunião à Ministra que tutela pasta da Agricultura, de modo a poder explicar que “dar autorização para que todas as regiões possam produzir Vinho Leve, terá um grande impacto nas duas regiões vitivinícolas”.
De facto, são cerca de 5 milhões de garrafas, desde 2005, que saem todos os anos da região de Lisboa, existindo a clara intenção de fazer crescer este negócio, considerado “importantíssimo” para grande parte das adegas da região sobretudo para algumas das Adegas Cooperativas. O presidente da CVR Lisboa aponta os mercados nacionais, como também de Angola e Brasil, como os principais consumidores deste vinho, avançando que “queremos apostas, também, em mercados como os EUA e Reino Unido, onde a procura por vinhos mais leves e com menos teor alcoólico possuem uma grande procura”.
De acordo com as declarações de Vasco d’Avillez, existem regiões muito interessadas em conseguir produzir este “Vinho Leve” até porque, “são as mesmas que dentro em breve deverão ver proibido a utilização do termo ‘Light’ nos rótulos dos vinhos que produzem”, encontrando-se a Comissão Europeia a finalizar este dossier.
As duas CVR’s têm estado a reunir apoios, nomeadamente em sede de ANDOVI (Associação Nacional das Denominações de Origem Vitivinícolas) para que não se concretize esta “abertura a todos de algo que é só destas duas regiões”.
Ao Jornal de Negócios, fonte do Ministério da Agricultura admite que “as tendências de mercado, que levam os consumidores a preferir vinhos mais leves e com menos calorias, fazem com que os produtores das outras regiões pretendam utilizar esta menção na rotulagem”, procedimento que, actualmente, estão impedidos de fazer.
De referir, que o “Vinho Leve”, por ser um vinho com baixo grau alcoólico está especialmente bem adaptado ao modo de vida actual, quer no que concerne à operação de máquinas quer ainda no que se refere ao cuidado com a saúde, o peso, etc.
O “Vinho Leve” foi criado em por Portaria em 1985 e aberto a todas as regiões que dele quisessem tirar partido. Como só as regiões que hoje se chamam Lisboa (antiga Estremadura) e Tejo, (Antigamente Ribatejo) é que o produziram, desde 1993 está consignado a estas duas regiões apenas.