Afinal de que lado está a concentração?
A “guerra” é antiga e surge fundamentada em números. Afinal, a concentração dos três principais players do lado da produção é maior que do lado dos seus “rivais” do retalho.

Victor Jorge
Tetra Pak e Schoeller Allibert desenvolvem embalagens logísticas feitas a partir de embalagens de cartão para bebidas recicladas
Desperdício de plástico no retalho de moda online vai agravar-se até 2030
Conferência da APLOG vai debater os desafios de uma logística urbana mais eficiente
Chocolate do Dubai chega esta quarta-feira às lojas Galp
Grupo Bacalhôa reforça equipa de Enologia e cria nova Direção de Relações Institucionais
Vitacress e Flama unem-se num passatempo que premeia criatividade dos portugueses
Portugália de Alvalade reabre com nova imagem e conceito
Adega de Borba celebra 70 anos com visitas e provas gratuitas
Receitas da Decathlon atingem 16,2 mil M€ em 2024
Action chega a Ovar, Évora e Sintra em abril
Um recente estudo da Nielsen conclui que a concentração do lado da produção é maior do que no retalho. Ou melhor e feita a correcção, que os três principais players do lado da produção registam maior concentração que os três principais “rivais” do lado retalhista.
Os números da consultora mostram que a concentração no total das categorias chega aos 52% no que diz respeito aos três principais players, com a Marca da Distribuição (MdD) a não ultrapassar os 31%. Esta diferença é ligeiramente é menor quando analisadas as categorias alimentares, onde os três principais fabricantes detêm metade da quota de mercado (50%), com as MdD a atingirem uma quota de 33%.
No total das categorias DPH, a situação é, contudo, bem diferente, com o TOP 3 da produção a atingir 66% de quota, enquanto as MdD não ultrapassam os 22%.
Considerando a quota de mercado dos três maiores fabricantes, excluindo as MdD, verifica-se que o seu peso é de 77% do total de mercado, descendo ligeiramente para os 75% no alimentar, voltando a subir para os 87% no DPH. Confrontados os fabricantes com a quotas dos retalhistas, verifica-se que a concentração dos três principais players do retalho não vai além dos 50% no primeiro caso, enquanto nas categorias alimentar e DPH os valores ficam-se pelos 40 e 51%, respectivamente.
Destaque, no alimentar, para categorias como as cervejas, óleos alimentares, refrigerantes com gás, cafés torrados e farinhas infantis, onde a quota dos três principais fabricantes ultrapassa os 80%, sendo que nas cervejas o valor atinge mesmo os 92%.
Do lado do retalho, as três principais organizações de retalho, o máximo de peso que atingem, na categoria alimentar, são 59% em gelados, seguido dos 57% do pescado congelado embalado e dos 55% das farinhas infantis.
Estes valores atingem, no entanto, outras proporções quando retirado o factor MdD da equação, ou seja, se analisarmos somente os fabricantes, verifica-se que os três principais players têm 99% no mercado das cervejas e farinhas infantis, 97% nos óleos alimentares, 96% no fiambre, 95% no café torrado e leite.
Já do lado exclusivamente retalhista, a quota máxima dos três principais players é atingida pelos 60% do pão embalado, seguido dos 58% do fiambre, 56% do pescado congelado embalado e 52% dos cereais de pequeno-almoço.
Analisando o DPH, a concentração dos três principais fabricantes exceptuando papel higiénico, inicia-se nos 52% até aos 89%, com principal destaque para as lâminas barbear (89%), dentífricos (87%) e pensos higiénicos (79%), não excedendo as três primeiras organizações de retalho nas categorias de DPH os 59% dos detergentes máquina loiça.
Para Ana Isabel Trigo Morais, directora-geral da APED, “este estudo desfaz o mito da concentração na distribuição e prova a existência de uma maior concorrência entre os retalhistas, que tem trazido benefícios directos para os consumidores”.