Comércio com receitas de 138 mil milhões de euros em 2008
Em 2008, o volume de negócios total do sector do comércio ascendeu a 138.883 milhões de euros do qual 50,5% teve origem no comércio por grosso, 34,2% no comércio a retalho e 15,3% no comércio, manutenção e reparação automóvel, segundo dados do INE.
Victor Jorge
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Em 2008, o volume de negócios total do sector do comércio ascendeu a 138.883 milhões de euros, do qual 50,5% teve origem no comércio por grosso, 34,2% no comércio a retalho e 15,3% no comércio, manutenção e reparação automóvel, revelam os mais recentes dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
No comércio por grosso e no comércio a retalho destaca-se o volume de negócios gerado pela venda de produtos alimentares, bebidas e tabaco: 24,6% do volume de negócios das empresas grossistas e 30,1% do volume de negócios das empresas retalhistas.
A venda a retalho de produtos alimentares dá-se predominantemente por empresas com estabelecimentos não especializados, que asseguram a venda de cerca de 75% das vendas a retalho desses produtos, enquanto os artigos de uso doméstico são comercializados sobretudo por empresas com estabelecimentos especializados (75% das vendas desses artigos).
De acordo com os resultados apurados no Sistema de Contas Integradas das Empresas (SCIE) 2008, o sector do comércio abrangia 266.231 empresas, distribuídas por três actividades: comércio e manutenção automóvel (31.471 empresas, 11,8% do total), comércio por grosso (70.073 empresas, 26,3%) e ainda comércio a retalho (164.687 empresas, 61,9%).
O comércio a retalho absorveu 54,8% do pessoal ao serviço de todo o comércio, as empresas grossistas 32,1% e o comércio e manutenção automóvel ocupou os 13,1% remanescentes. O sector do comércio e manutenção automóvel comporta assinaláveis diferenças entre grupos de actividades, salientando-se o comércio de veículos automóveis com o mais elevado volume de negócios por trabalhador em todo o comércio (403,6 mil euros), por oposição ao registado na manutenção e reparação de veículos automóveis com apenas 37,2 mil euros por trabalhador, dado tratar-se de uma actividade com elevada intensidade de mão de obra, valor médio este que, em todo o comércio, só regista valor inferior na venda em feiras e bancas (18,1 mil euros por trabalhador).
No comércio por grosso, 75% do volume de negócios distribui-se entre três grupos, ou seja, a venda de combustíveis e materiais de construção (18,5 mil milhões de euros), a venda de produtos alimentares/bebidas/tabaco (17,5 mil milhões de euros) e a venda de bens de consumo (16,1 mil milhões de euros), os quais abrangem no seu conjunto 45,5% do número de empresas grossistas.
As 21.694 empresas do comércio a retalho não especializado, onde se enquadram os supermercados e outros estabelecimentos de âmbito generalista (alimentar ou não), foram responsáveis por 34,8% de todo o volume de negócios retalhista, empregando 122.968 pessoas (27,1% do retalho).
No comércio grossista, por definição direccionado para a revenda a outros comerciantes, a empresas ou instituições, a intermediários e outros utilizadores para consumo intermédio, o INE identificou 70 mil empresas na actividade, tendo movimentado 70.079 milhões de euros em 2008 (50% da globalidade do comércio) e a sua actividade concentrou-se essencialmente em três grupos de produtos: venda por grosso especializada (25,5%), venda por grosso de produtos alimentares, bebidas e tabaco (24,6%) e venda por grosso de bens de consumo doméstico (22,5%).
Considerando as 10.322 empresas com actividade principal no comércio por grosso de produtos alimentares, bebidas e tabaco, cujo volume de negócios ascendeu a 17 547 milhões de euros, o INE salienta na repartição das suas vendas a importância relativa das bebidas (15%), dos frutos e hortícolas (12,4%), do leite e derivados, ovos e gorduras alimentares (11,4%); o grupo de produtos que agrega o peixe, crustáceos, moluscos, padaria e farináceos em geral atingiu o expressivo peso de 27,8% (4 877 milhões de euros). O volume de negócios médio por empresa nesta actividade foi de 1,7 milhões de euros.
A actividade de comércio por grosso de bens de consumo, que abrangia 12.419 empresas e movimentou 16 129 milhões de euros, concentrou-se especialmente nos produtos farmacêuticos (44,3%). O conjunto de outros produtos, incluindo mobiliário, têxteis, artigos para o lar, de limpeza, livros e papelaria, totalizaram 3.654 milhões de euros em vendas entre as empresas desta actividade.
O comércio retalhista foi dinamizado, em 2008, por 164.687 empresas, empregando cerca de 455 mil pessoas. As contas do INE indicam que 69,7% das empresas eram de natureza individual (empresários em nome individual e trabalhadores independentes), tendo contribuído para 13,9% do volume de negócios global no retalho.
O volume de negócios das empresas retalhistas, que ascendeu a 47.587 milhões de euros, incluía uma substancial parcela relativa a alimentação, bebidas e tabaco (30,1%), reflectindo-se num valor de vendas de cerca de 14.309 milhões de euros.
O segundo conjunto de produtos mais relevantes no retalho abrangia essencialmente bens de uso pessoal, como sejam o vestuário, produtos médicos e farmacêuticos, higiene, entre outros, ascendendo a um total de vendas de cerca de 10.102 milhões de euros.
O equipamento de informação e comunicação (computadores, telecomunicações, áudio e vídeo) conjuntamente com os produtos de cultura e lazer (de leitura, música, jogos, desporto, coleccionismo, entre outros) contribuíram para 9,7% das vendas retalhistas.
Segmentando o retalho pela actividade económica principal, verificou-se que mais de um terço do volume de negócios teve origem no comércio a retalho em estabelecimentos não especializados (cerca de 16.560 milhões de euros). Nesta tipologia de estabelecimentos enquadram-se, por um lado, os de predominância alimentar (hipermercados, supermercados, mercearias), como também os não alimentares (com múltiplas categorias de produtos).
Os produtos alimentares representaram 65,2% das vendas, em consequência da elevada proporção de supermercados. Os produtos farmacêuticos, higiene e cosmética atingiram 7,4% das vendas a retalho em estabelecimentos não especializados, seguidos dos artigos de uso doméstico (4,9%).
O comércio a retalho de produtos alimentares, bebidas e tabaco em estabelecimentos especializados movimentou 3.030 milhões de euros, dando trabalho a 45.265 pessoas e representando 17% (27 993) das empresas retalhistas. A incidência de produtos alimentares ascendeu a 94,4%, sendo ainda de referir a notável proporção do volume de negócios na venda de carne e produtos derivados (44,6%). Foram identificadas 6.895 empresas com actividade principal no comércio a retalho de carne e produtos à base de carne em estabelecimentos especializados.
No que toca aos produtos de marca própria ou marca do distribuidor (MDD), o INE verificou, em 2008, uma incidência no comércio a retalho em estabelecimentos não especializados na ordem dos 19,4%, subindo para os 20,8% no caso particular das vendas de produtos alimentares. No comércio a retalho em estabelecimentos especializados a venda de produtos de marca própria de natureza não alimentar representou 13,8% das vendas.
Finalmente, quanto aos meios de pagamento utilizados, os pagamentos em numerário foram ainda bem expressivos no retalho (39%), mas na mesma ordem de importância dos cartões de débito/crédito. O cheque mantém-se como um relevante meio de pagamento tanto no comércio e manutenção automóvel (37%) como no comércio grossista (47%), a par dos outros meios (41% e 39%, respectivamente), onde se inclui a transferência bancária.