Administrativamente insonso
A?melhor forma de “tratar da saúde” dos cidadãos não passa por proibir, mas antes informar, deixando a cada um a liberdade de, se pretender … comer pão com mais sal. […]
Victor Jorge
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A?melhor forma de “tratar da saúde” dos cidadãos não passa por proibir, mas antes informar, deixando a cada um a liberdade de, se pretender … comer pão com mais sal.
Portugal vai deixar de poder comer pão com sal, não porque o consumidor o quer e escolhe, mas por via legal e porque o Governo assim o quer. A decisão do PS em levar a votação um projecto de lei que impõe a redução de sal no pão é para alguns uma forma de proibicionismo, salientando o autor do projecto, o deputado do PS Jorge Almeida, tratar-se antes de “regulação”. Na opinião do deputado do PS, “o pão com sal a mais não é saudável, é um alimento tóxico”, relembrando que “quem quiser fazer um pão com 30 gramas de sal em casa pode fazê-lo”.
Nada me move contra os que desejam e contribuem para uma vida saudável da população portuguesa, mas impor ao consumidor o que deve comer cai um pouco no exagero, uma vez que neste caso, parece, que o Estado julga o cidadão/consumidor incapaz de gerir os bens alimentares que consome. Ou seja, qualquer cidadão/consumidor se quiser comer pão com sal pode fazê-lo, desde que o produza em casa, mas não comprá-lo.
E se extrapolássemos esta realidade para outros produtos consumidos em Portugal? Imaginemos o Estado, a saber o que é melhor para a saúde de cada um, regular que o cidadão/consumidor não pode beber mais que dois cafés por dia, ou que os bolos nas pastelarias passarão a ser feitos sem açúcar, ou que a ingestão de bebidas alcoólicas está limitada a um copo por semana, ou que a dose semanal de batatas fritas está limitada a 30 gr., ou que as gorduras alimentares passarão a ter um teor mínimo, ou que o leite a consumidor pelo cidadão/consumidor terá de ser magro e biológico, ou que as sardinhas que vão ser consumidas no Verão deixarão de poder ser salgadas, ou que, em último caso, sabendo do prejudicial que é fumar, proibir a venda de tabaco.
Mas também podemos enveredar pelo inverso, ou seja, sabendo que o exercício físico é benéfico para a saúde, “regular” que os(as) portugueses(as) devem fazer jogging diariamente durante uma hora, ou inscrever-se num ginásio, ou andar a pé em vez de utilizar o automóvel ou transportes públicos.
Penso que a melhor forma de “tratar da saúde” dos cidadãos não passa por proibir, mas antes informar, deixando a cada um a liberdade de, se pretender, … comer pão com mais sal.