Os tempos continuam difíceis…
por Rui Ferreira, … e são cada vez menos os que acreditam numa retoma rápida. A crise financeira continua a fazer “vítimas”, pois se alguns bancos aparentam, nas suas contas […]

Hipersuper
Casaleiro com nova imagem e novas referências
Mars vai investir 27 milhões de dólares para reduzir emissões em explorações agrícolas
Sophos e Pax8 anunciam parceria para simplificar a gestão da segurança
Wells abre nova loja em Aveiro
Panattoni Iberia constrói parque logístico em Santarém
Corticeira Amorim promove novo programa de recolha seletiva e de reciclagem de rolhas de cortiça em Nova Iorque
MO reabre lojas em Esposende e Abrantes
Abertas as candidaturas ao PEL – Prémio de Excelência Logística 2025
Novo Mercadona em Santa Iria de Azóia abre no dia 20 de março
Missão Continente salva mais de 8 milhões de refeições em 2024
por Rui Ferreira,
… e são cada vez menos os que acreditam numa retoma rápida.
A crise financeira continua a fazer “vítimas”, pois se alguns bancos aparentam, nas suas contas do segundo trimestre, terem já reflectido todas as perdas, estancando a acentuada deterioração dos seus capitais próprios, relativamente a outros as dúvidas são ainda muitas: até onde poderão ir ainda as surpresas escondidas?
A este nível, após a declaração de insolvência de uma das maiores imobiliárias espanholas, a mais recente má notícia vem de duas das maiores instituições de crédito hipotecário norte-americanas, incapazes de satisfazer os seus compromissos sem o auxílio estatal. Permanece no mercado a dúvida: ficaremos por aqui, ou serão necessários ainda mais aumentos de capital para manter os rácios de solvabilidade em níveis aceitáveis?
Na Europa, contra a vontade dos políticos e a recomendação de muitos analistas económicos, o Banco Central Europeu acabou mesmo por se decidir por um aumento da taxa directora. Com os preços a dispararem, optou por se manter fiel ao seu mandato para o controlo daqueles, temendo que a actual inflação importada resultante do preço do petróleo e das matérias-primas agrícolas contagiasse os outros sectores da economia e se transformasse num fenómeno duradouro, conhecido como estagflação (inflação associada a crescimento económico reduzido ou nulo).
O risco é agora de chegarmos a uma crise económica generalizada. O ritmo de crescimento é cada vez menor nos países ocidentais, com a recessão à espreita, e nos países emergentes os sinais de sobreaquecimento crescem. O primeiro sinal é que o preço do petróleo começa a estabilizar, apesar da instabilidade no Médio Oriente crescer com a ameaça nuclear iraniana.
O impacto na estrutura de custos
Para as empresas portuguesas em particular, não há margem para grandes optimismos. A pressão sobre os preços é grande dada a conjuntura económica e a concorrência oriental, enquanto o impacto da(s) crise(s) na estrutura de custos pode ser avassalador.
O custo do capital alheio disparou, pois os prémios de risco implícitos aumentaram exponencialmente: não só as taxas de juro de mercado incorporam um diferencial relativamente às taxas directoras do BCE historicamente alto, como os spreads praticados pelos bancos, mesmo para empresas com bom rating, estão muito longe dos níveis reduzidos correntes há cerca de um ano.
Por outro lado, a pressão sobre os salários começa a sentir-se, dado que a inflação começa a consumir cada vez mais os orçamentos das famílias. Actualizações salariais efectuadas no início do ano com base nas expectativas de então para a inflação revelam-se insuficientes para a manutenção dos salários reais, pelo que o descontentamento dá sinais de crescimento nalguns sectores.
Last but not least, o custo do petróleo em escalada brutal torna o transporte e abastecimento de mercadorias uma actividade significativamente mais cara. Para as empresas de transporte e logística, o peso dos custos com combustíveis no total da estrutura de custos passou de cerca de 20 a 30% para perto de 50%, o que numa primeira fase consome a rentabilidade destas mas, numa segunda fase, terá inevitavelmente de se repercutir nos preços praticados, afectando toda a economia.
Numa economia globalizada em que fornecimentos just in time e produções deslocalizadas são o prato do dia, estes factos recentes podem mudar o paradigma de crescimento, abrindo oportunidades que as empresas portuguesas devem procurar aproveitar. Por exemplo, a reversão da deslocalização da produção: o custo acrescido do transporte para a Europa de mercadoria produzida no Extremo Oriente, associado à esperada recuperação do dólar a médio prazo, vai fazer com que aquela deixe de ser tão barata, pelo que a competitividade das empresas europeias vai crescer.
Entretanto, deve-se procurar aumentar a eficiência ao nível dos custos, através de novas formas de financiamento, decisões partilhadas com os trabalhadores no sentido de aumentar a flexibilidade (de que os acordos na Auto Europa são exemplo), ou estratégias de poupança de combustível. Quanto a estas últimas, é altura de procurar viaturas com consumos mais reduzidos (a prazo, os híbridos podem ser uma opção real) ou, por exemplo, premiar motoristas cuja condução permita baixá-los.
Director Financeiro da Rangel Expresso – FedEx