As oportunidades do retalho português
De acordo com a última edição do estudo Global Retail Development Index (GRDI) da consultora estratégica A.T. Kearney sobre o desenvolvimento do sector da distribuição de retalho, os países do […]
Victor Jorge
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De acordo com a última edição do estudo Global Retail Development Index (GRDI) da consultora estratégica A.T. Kearney sobre o desenvolvimento do sector da distribuição de retalho, os países do Norte de África e Médio Oriente estão a assumir-se cada vez mais como alvos privilegiados de investimento para os grupos de retalho portugueses.
Com efeito, três países do Norte de África estão situados nas 15 primeiras posições do ranking: Marrocos, Argélia e Tunísia. Estes três países irão crescer, em média, mais de 6% em 2008 graças ao turismo, aos fluxos comerciais com a Europa e à crescente estabilidade política e económica destes Estados. As relações comerciais e de proximidade existentes com estes países potenciam uma forte relação futura com Portugal.
A proximidade com o mercado português em termos físicos, bem como os padrões de desenvolvimento destes países, podem, segundo a A.T. Kearney, colocar esta zona como um alvo privilegiado para os grupos de retalho portugueses, que possuem flexibilidade cultural e conhecimentos sobre a abertura de mercados com ofertas modernas no sector. Acresce ainda o conhecido interesse do Governo português por intensificar a cooperação económica com o Magrebe.
“As empresas portuguesas estão especialmente bem situadas para se expandirem nestes países graças à sua proximidade geográfica e a um conjunto de factores culturais e de know-how particulares que podem constituir-se como uma vantagem competitiva face a grupos concorrentes europeus ou norte-americanos”, admite João Rodrigues Pena, Managing Director da A.T. Kearney em Portugal. “É evidente que a legislação de alguns mercados ainda não permite uma protecção suficientemente eficaz a modelos de negócio de retalho moderno mas o contexto está a evoluir e observamos já vários retalhistas europeus como a Auchan ou Metro a intensificar actividade no Egipto, em Marrocos, na Argélia ou na Tunísia” refere ainda.
No que toca ao mercado nacional, a distribuição portuguesa, com algumas excepções, continua a apresentar níveis de internacionalização muito modestos.
Segundo a A.T. Kearney, isto decorre por um lado de uma série de factores exógenos ao sector como a actual situação económica internacional e as restrições de acesso a fontes de financiamento. Mas decorre sobretudo de elementos mais intrínsecos ao mercado local como sejam a reduzida dimensão dos operadores, a falta de experiência em processos de internacionalização e o potencial de concentração ainda em aberto no mercado local. Estes factores convidam a optar pelo mercado interno evitando a aventura de experiências noutros mercados. Por outro lado, tratando-se de um contexto de mercado estagnado ou em declive, com limitações à abertura de novas superfícies comerciais e num ambiente altamente competitivo como é o caso do mercado português, tudo apontava para a procura de novas geografias onde apostar.
“Em todo o caso, os dois maiores grupos nacionais estão claramente virados para o exterior” assinala João Rodrigues Pena. “O grupo Jerónimo Martins tem desde há anos uma postura internacional agressiva que o conduziu à liderança do mercado polaco, com o volume de negócio externo a ultrapassar hoje o doméstico. E o grupo Sonae está a apostar em levar os seus bem sucedidos modelos não alimentares para outras paragens, começando por Espanha. São dois exemplos a seguir e não nos surpreenderia ver iniciativas de qualquer um destes grupos em mercados do Norte de África, onde têm claramente competências distintivas a aportar”.